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-- Hm, Changkyun, né? - Kihyun se aproximou dele na hora de largar - Como vamos resolver isso?

-- Fazendo o trabalho? Me parece uma boa ideia, novato. - o tom de ironia era notável -

-- E como vamos nos comunicar? Não dá pra fazer um trabalho em dupla sem a dupla.

-- Eu faço e coloco seu nome, então apenas vá pra casa.

-- Não. O que pensa que eu sou? Se não quiser que eu te dedure pra o professor agora mesmo, é melhor pensar em outro jeito.

-- Quer tanto ir na minha casa assim, novato?

-- Kihyun. Meu nome é Kihyun.

-- Então vamos para a minha casa, Kihyun. Bem, hm, esse colar aí... Você precisa tirar.

-- Tirar? Eu não o tiro. Por quê?

-- Representa essa coisa irreal da magia. Minha mãe não gosta, e nem eu também.

-- A magia não é irreal. E qual é o problema? Por acaso ele está no pescoço de vocês?

Changkyun riu sem humor.

-- Ela não pode ver nada relacionado. Se quiser fazer o trabalho na minha casa, pelo menos esconda dentro da blusa.

Kihyun o olhou, procurando alguma expressão que indicasse que ele estava brincando, mas não achou.

Contra a sua vontade, colocou o colar por dentro da blusa, e seguiu Changkyun. Não poderia criar confusão com ele nem se quisesse.

-- Chegamos. - o dono da casa avisou depois de um tempo de caminhada - O carro da minha mãe não está em casa ainda, então ela não deve ter chegado.

-- Ok. - Kihyun apenas seguia o outro sem tentar tocar em nada daquela casa sofisticada - Sobre o que é o trabalho?

-- Realismo e naturalismo. Chato pra caralho.

-- O chato é você. - Sussurrou para si, mas, pela encarada assustadora que recebeu de Changkyun, deduziu que ele havia escutado também - Hm, vamos começar?

-- Sim, vou buscar o notebook. Diria pra você ficar à vontade, mas como sou chato, não acho que devo me importar assim.

Kihyun estreitou os olhos, se sentindo quase com raiva ao ver o garoto sumir entre os cômodos. Ele estava tentando se controlar como sempre faz com todos.

Com o tempo, começou a pensar que Changkyun havia dormido sem querer ou simplesmente estava curtindo com a sua cara, o fazendo esperar como o lavrador que espera a lavoura crescer.

Decidiu seguir o mesmo caminho que ele para tirar satisfação. Porém, talvez tivesse sido melhor não ter feito isso, já que Changkyun estava em uma ligação.

-- Estou dizendo, mãe. O colar é igual. Não estou vendo coisas.

Houve silêncio por bastante tempo.

-- Claro que vou ficar longe dele. Aquilo foi o suficiente. Não se preocupe, mãe. Até mais.

Kihyun estava se sentindo estranho. Seus sentimentos de raiva e tristeza estavam intensos de um jeito que ele nunca sentiu antes. Por isso, correu dali ao pegar sua mochila, deixando aquela casa o mais rápido possível.

Quando já estava distante, usou o poder de sua mente e concentrou-o em algumas palavras, esperando que um bilhete aparecesse na mesa da casa de Changkyun, alegando que ele precisou sair inesperadamente porque recebeu uma mensagem de seu pai. Mas a verdade é que Kihyun nunca ouviu ninguém falar sobre ele de forma tão repulsiva.

Seu mestre, Hyunwoo, sempre disse para ser gentil e não demonstrar medo, independente de quem seja a pessoa. E, acima de tudo, contendas e mentiras não deveriam existir entre seres iluminados como eles.

Mas ele, claramente, nunca passou por isso antes. Está com medo da rejeição de Changkyun, e, consequentemente, das outras pessoas. Sente-se aflito e meio deslocado pela primeira vez desde que começou a praticar.


Magic [Changki]Onde histórias criam vida. Descubra agora