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Angústia. Palavra que traz uma sensação de agonia vinda da incerteza. É inevitável e todos sentimos um dia. Diferente do medo, onde se há direção certa, a angústia nos mostra o vazio, o nada, que é preenchido apenas pelas possibilidades de algo futuro. Changkyun e Kihyun compartilhavam destes sentimentos enquanto estavam arrumando as malas e ouvindo batidas na porta. Sentiam medo da senhora Im, por ela ter descoberto sobre tudo, ao mesmo tempo que sentiam-se angustiados pelo que essa descoberta poderia vir a desencadear. Por esse motivo a porta foi aberta com demasiada lentidão.

Enquanto o Im apenas imaginava o que o aguardava, o Yoo sentia seu coração acelerado em um ritmo assustador demais até para si. Nunca havia cogitado realmente a possibilidade da mãe de Changkyun descobrir sobre tudo o que estava acontecendo debaixo daquele teto. Agora que aconteceu, parece que não há mais nada que possa fazer ou sentir, além da vulnerabilidade.

-- Changkyun, vamos conversar.

A única voz feminina ali era capaz de deixar tudo ainda pior. Estava carregada com uma mistura de raiva, impaciência e arrependimento. Kihyun não sabia se gostaria de destruir a angústia dentro de si, porque isso significava ouvir a conversa e substituir as possibilidades pelos acontecimentos reais. Mas quando parou para pensar, não havia outra opção que não fosse ficar atrás da porta por causa da conexão. Estava entre gostar de saciar sua curiosidade ou odiar ter que escutar a conversa nada harmoniosa entre mãe e filho.

-- Não acredito que se envolveu com essa coisa de novo... francamente, Changkyun.

-- "Essa coisa" salvou a sua vida. Mesmo que eu pudesse voltar atrás, teria feito tudo igual.

-- E eu não pedi! Como se não bastasse a morte de seu pai, ainda teve a capacidade de quebrar a promessa que nos fez e se misturar com essa coisa ruim.

-- Mãe, ele sabia o que fazia e as possíveis consequências, assim como eu. Sim, sei que quebrei a promessa, mas o Kihyun me fez enxergar que ele não me julgaria mau filho por isso, muito menos por te salvar. Ele sabia disso e agora eu também sei: a magia pode ser usada com bons propósitos.

-- O seu amigo idiota é a causa de tudo isso. Olha no que te tornou, um alienado. Ele não presta pra você. Quero que desfaça a conexão e se livre dessas coisas ridículas que anda fazendo, isso inclui o lance idiota de vocês.

-- O Kihyun não é um lance e muito menos idiota. Mãe, você precisa de ajuda. É sério, eu também precisava.

-- Não to afim de palestra. Vai se livrar dele ou me desobedecer de novo? Não quero ele aqui.

Changkyun sentia que era impossível fazê-la escutar seus argumentos válidos, não importa o quanto tentasse. Por isso respirou fundo, absorvendo coragem, e mandou a real.

-- Nós vamos embora ainda hoje.

-- Eu amo você, Changkyun, mas se for com ele, não precisa voltar.

-- Eu também amo você, mãe, mas se não quer ajuda, não tem muito o que eu possa fazer além de ir embora. Não vou deixar o Kihyun aqui e muito menos me separar dele.

-- Não me peça pra entender. Apesar de tudo, espero que saiba o que está fazendo.

[...]

-- Quer falar sobre isso? Está em silêncio desde que saímos. - Kihyun se pronunciou, não aguentava mais aquele silêncio tão desconfortável -

Faz quase uma hora que deixaram a residência da família Im e estão em meio ao trânsito congestionado, mas Changkyun parece muito distante, bastante além da estrada e de todos aqueles carros buzinando sem parar.
Kihyun aconchegou-se ao peito dele assim que entraram no táxi, mas a situação toda deixava até aquele gesto meio desconfortável para o próprio Yoo.

Magic [Changki]Onde histórias criam vida. Descubra agora