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Depois que acabaram de comer, Kihyun e Changkyun foram para o quarto. Eles passaram o dia todo juntos, mas distantes; enquanto o Im jogava online, o Yoo estudava seus livros de trás para frente, e de frente para trás, apenas para tentar obter informações que pudessem ajudar nesse problema, mas a única coisa que conseguiu foi dor nas costas.

Estava escuro quando resolveu parar de ler um pouco e ir tomar banho. Claro que Changkyun precisou parar de jogar para ficar esperando ele do lado de fora do banheiro.
Kihyun tomou seu banho às pressas, porque o outro garoto passou o tempo todo reclamando de ter morrido no jogo, mas sabia que era apenas para implicar. Estava começando a odiá-lo também.

Eles jantaram o que tinha na geladeira, e o mais velho foi obrigado a ouvir a longa conversa que Changkyun teve com a namorada antes de dormir; quando ele desligou a ligação e foi deitar, Kihyun pensou que finalmente dormiria em paz, mas alguns sons vindo de fora do quarto estavam provando o contrário.

-- Changkyun? - tentou acordar o que roncava - Que barulho é esse?

Changkyun apenas se remexeu na cama, com a cara amassada e um bico nos lábios. Por um momento, Kihyun o achou fofo.

-- Ei, Changkyun! Acorda, eu tô com medo. - chacoalhou ele -

-- Vai dormir, Kihyun. - a voz estava arrastada e chateada -

-- Eu não consigo.

Um barulho mais alto foi ouvido e Kihyun gritou.

-- Não esquece que você tá gritando no meu ouvido!

-- Desculpa, mas você ouviu?

-- Deve ser só a minha mãe voltando do trabalho.

-- Ah.

Depois de um tempo, Kihyun lembrou de algo, então cutucou o braço de Changkyun mais uma vez.

-- Changkyun?

-- O que foi agora?

-- Eu acabei esquecendo meu colar no banheiro.

-- Você... O quê?!

Changkyun pulou da cama e saiu correndo do quarto. Kihyun correu atrás dele, pedindo desculpas o tempo todo. Os dois entraram no banheiro, antes do vento fechar a porta com força.

-- Que susto! - Kihyun pulou, com a mão no peito - Sua casa me assusta.

-- Onde você colocou o colar?

-- Coloquei em cima da caixa da descarga.

-- Você, por acaso, tá vendo alguma coisa em cima da caixa da descarga, Kihyun? - seu maxilar estava travado -

-- Mas eu juro que coloquei aí!

-- Pois ele não está aqui! Onde você colocou?!

-- Eu já te disse onde, seu filho da puta.

-- Olha aqui, garoto. - empurrou ele contra a parede, e apertou suas bochechas com a mão até formar um bico em sua boca, fazendo ele manter o olhar em si - Acho bom você inventar uma ótima história caso a minha mãe encontre aquela coisa.

-- Não foi de propósito. Me solta.

Changkyun arqueou uma das sobrancelhas e sorriu em deboche.

-- Eu odeio isso que você me faz sentir.

Kihyun estava cansado de ficar com medo. Isso bastou para que ele agarrasse o pescoço de Changkyun com força, e o prendesse contra a pia.

-- Você não vai mais me tratar assim. Eu quero que me dê a sua palavra.

Changkyun não respondeu, mas sentiu pontos específicos de seu pescoço ardendo. As unhas de Kihyun estavam cortando-o.

Escutou ele recitando algo, e não esperou nem mais um segundo para dar uma rasteira literal no Yoo e o derrubar no chão. Também não pensou duas vezes antes de prendê-lo com o peso de seu corpo e imobilizar seus braços ao lado da cabeça.

-- Você tá esquecendo quem manda aqui? O que pretendia fazer comigo agora?

-- Vai me bater, é? O que está esperando?

-- Só pode ser brincadeira.

-- Vai, caralho! Desconta logo essa merda que você sente em mim.

Changkyun ia dizer que, apesar de se sentir irritado e contrariado perto dele, não era idiota, e não iria fazer algo que trouxesse arrependimento depois. Mas a porta do banheiro foi aberta e fechada em seguida; tão rapidamente que eles nem tiveram tempo para que ficassem assustados.

-- Você fez isso?

-- Não. Mas acho que posso fazer com que você bata a cabeça na parede até ficar inconsciente.

-- Tá me ameaçando? Isso dá cadeia.

-- Só estou pensando em uma coisa que li hoje. Posso querer testar, então sai de cima de mim ou iremos dormir em uma cela.

Changkyun levantou depois de encarar bem o outro garoto. Eles não disseram mais uma palavra, e foram para o quarto, o mais distante que conseguiram ficar um do outro.

-- Acho que foi a minha mãe quando a porta do banheiro foi aberta.

-- Pode ter sido...

-- Tá, Kihyun, precisamos conversar sobre o que aconteceu.

-- Não vem com desculpas. Você me odeia e eu já percebi, só não entendi o motivo ainda. O que eu te fiz?

-- Tem razão, eu não gosto de você. Mas não é o que você me fez, é como você me deixa.

-- Como eu te deixo? Do que está falando?

-- Não estamos prontos pra essa conversa agora.

-- Se você acha que eu vou dormir mesmo sabendo que a pessoa deitada ao meu lado pode me matar asfixiado, está louco.

-- Eu não vou te matar, apenas não gosto de você. Você me lembra coisas que eu queria poder esquecer.

-- Que coisas?

-- Talvez um dia você saiba. - Changkyun desviou o olhar - Enquanto está aqui, vou deixar tudo isso de lado. Me desculpe por ter te machucado no banheiro, eu só...

-- Não quero te desculpar, mas preciso manter a paz com todo mundo. E já que te machuquei também, então acho que devemos esquecer o que aconteceu hoje.

-- Ok. Não vai se repetir.

-- Da minha parte também não, mas eu juro que se tentar alguma coisa, eu uso magia em você.

-- Não é algo que você já não tenha feito.

-- Mas eu não usei isso pra te machucar. Foi totalmente sem querer.

-- Não importa. - suspirou - Amanhã tem aula e nós deveríamos dormir.

-- Tem razão.

Os dois garotos deitaram um de costas para o outro, mas demoraram um bom tempo para dormir, pois estavam pensando no que poderia dar errado no dia seguinte.

Magic [Changki]Onde histórias criam vida. Descubra agora