-- Isso só pode ser um pesadelo! - Changkyun andava de um lado para o outro, impaciente - Você está me pregando uma peça?
-- Eu já disse que preciso de silêncio pra pensar, Changkyun.
-- Não, caralho! Você não sabe desfazer essa merda e tá me enrolando.
-- Por que não gosta de mim?
-- Eu tô puto com você.
-- Não é de agora.
-- Vamos embora.
-- O quê?
-- Tá surdo, Yoo? Quero ir pra casa.
-- Não podemos ir pra a sua casa. Eu preciso arrumar um jeito de acabar com isso, então vamos até a minha casa.
-- Eu não vou entrar na sua casa.
-- E eu não vou entrar na sua.
Changkyun bufou, irritado.
Saiu do quarto e fechou a porta com força, mas apenas para voltar minutos depois com a cara emburrada.-- Isso precisa ser resolvido. Eu não consigo descer as escadas.
Kihyun quis rir, mas se segurou para não piorar as coisas.
[...]
Ao chegarem na casa de Kihyun, sem terem trocado uma única palavra durante todo o percurso, os dois não sabiam o que fazer. Literalmente foi da noite para o dia.
De repente não poderiam mais seguir suas vidas sem interferência. Odiada interferência, diga-se de passagem.-- Por que fez isso se não sabe desfazer?
Changkyun foi o primeiro a quebrar o silêncio. Ele estava com a cabeça baixa para Kihyun não ver sua total frustração.
-- Não é uma história que eu possa te contar.
-- Você me meteu nessa droga. Acho que tenho o direito de saber porquê vou ficar preso com você por causa de uma coisa que nem deveria ser real!
Kihyun suspirou.
-- Tudo bem. Já que você sabe sobre mim, precisa guardar segredo acima de tudo. Não estou brincando. Ninguém pode saber disso, porque é contra as regras.
-- Eu sei.
-- Ok. Na biblioteca do mestre são guardados muitos livros
sobre magia.-- Mestre...? Como se chama seu mestre?
-- Por que quer saber disso?
-- Só me diga o nome dele.
-- Hyunwoo. Posso continuar?
-- Ah... Pode.
-- Como eu ia dizendo, Hyunwoo foi fazer alguma coisa fora da biblioteca e eu, antes novato, comecei a procurar por livros mais interessantes do que os que já tinha em casa. Foi aí que vi uma capa que me chamou atenção.
-- Você pode ir direto ao ponto? Sinto que vou dormir a qualquer momento.
-- Você é insuportável. Mas, bem, na capa do livro estava dizendo que aquele livro estava proibido pra qualquer pessoa que não fosse o mestre.
-- Deixa eu adivinhar. Você leu o livro e descobriu esse feitiço idiota, então o tal mestre chegou e você não leu o final que era justamente como desfazer?
-- Não exatamente. Eu trouxe o livro pra casa, mas a parte que ensina como desfazer o feitiço está apagada, e tem um pedaço rasgado. O livro parece ser realmente muito antigo.
-- Não estou gostando da sua versão da história.
-- Mas é a única que temos. E eu não fiz o feitiço de propósito.
-- Por que fez?
-- Sinceramente? Você me assusta. Eu pensei que me jogaria da escada, então fiquei nervoso.
-- Por que eu jogaria você da escada?
-- Não sei, me diz você. Por que não gosta de mim?
-- Não faça as perguntas aqui. Você causou essa confusão toda. Como vou ficar em casa agora? Como vou explicar pra a minha mãe o que está acontecendo?!
-- Eu não sei!
-- Fale com o seu mestre.
-- Eu não posso! Ele não pode saber. Por favor, não me peça isso.
-- Por quê?
-- Ele pode me desvincular da magia, e ela é a única coisa que eu tenho agora. Me pede qualquer coisa, menos isso.
-- O que te faz pensar que eu serei legal com você?
-- Eu não disse que precisa ser.
-- Eu não quero que a minha mãe saiba sobre isso. Ela não pode saber que você é praticante e nem que isso está acontecendo comigo.
-- Tudo bem.
-- E eu também não quero ficar na sua casa.
-- Ok.
-- Apesar disso estar acontecendo, não vamos conversar, e também não viraremos amigos.
-- Acabou?
-- Não. Também me dê alguma garantia de que vai encontrar um jeito de acabar com isso.
-- Que tipo de garantia?
-- Não sei. Se vira ou eu conto tudo pra o seu mestre quando souber quem ele é.
-- Você faria isso?
-- Eu não pedi nada disso. Não gosto da ideia de estar ligado a você de qualquer forma que seja, então o que estou pedindo é o mínimo. Preciso de uma garantia.
-- Hm... Tem um feitiço de sangue.
Os olhos de Changkyun se arregalaram.
-- Sangue? Você... Tem certeza que vai me dar essa garantia?
-- Você conhece?
Kihyun viu Changkyun tremer um pouco e olhar para cima, piscando várias vezes, mas não entendeu muito bem o que estava acontecendo. Apenas sabia que aquele garoto estava escondendo muito mais do que aparentava.
-- Não. Eu não conheço.
-- Selamos um acordo com sangue, e, quando a magia for feita, o nosso acordo precisa ser cumprido no prazo estipulado. A pessoa que não cumprir sua parte, aposta a vida.
-- É uma garantia arriscada. Você tem mesmo certeza?
-- É a única garantia que tenho pra dar a você.
Changkyun ficou meio distante de repente.
-- Tudo bem. Vamos fazer isso.
-- Pra o acordo ser validado, nós precisamos dar as datas. Tudo tem que ter um prazo.
-- Mas ficaremos na minha casa.
Kihyun concordou, antes de pegar uma faca na cozinha e cortar um pouco seu dedo até ver o sangue aparecer.
-- Sua vez. - ofereceu a faca para Changkyun, que a aceitou, e também cortou sua pele - Vamos juntar nossos sangues.
Os dois dedos ensanguentados foram juntados.
-- Agora eu ofereço um acordo. Cinco meses é o prazo que dou pra nos libertar da magia de conexão em troca do seu sigilo.
Nesse momento, tudo parece simples ao extremo. Descobrir como acabar com o feitiço não parece ser uma tarefa assim tão difícil tendo tantos livros e amigos praticantes.
Manter sigilo e aturar Kihyun sem se envolver em seu mundo também não parece. Mas, claro, o destino é incerto às vezes, e eles não sabem se em algum dia no futuro desejarão nunca ter feito um acordo.-- Eu aceito o acordo.
-- Então peço que as forças naturais e sobrenaturais existentes se responsabilizem pelo nosso destino e nos ajudem no que for possível.
Kihyun se concentrou o máximo que conseguiu e recitou o feitiço calmamente, enquanto Changkyun sentia uma sensação estranha que nunca tinha sentido antes.
Agora o que está feito já está feito.
Os dois não podem mais voltar atrás.
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Magic [Changki]
FanfictionOnde Kihyun envolve Changkyun em um feitiço de conexão e eles percebem que não conseguem mais ficar afastados um do outro. ©2020