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Kihyun acordou primeiro, separou seu uniforme e organizou sua mochila com os livros das aulas do dia.
Quando o despertador de Changkyun tocou, o mesmo levantou contra a sua vontade e chamou Kihyun para ir até o banheiro.

-- Você vai primeiro ou eu vou? - Changkyun bocejou -

-- Vamos na sorte.

Kihyun estendeu as mãos, sugerindo pedra, papel ou tesoura, mas foi surpreendido quando Changkyun abriu a porta do banheiro e o puxou para dentro.

-- Faz silêncio. - sussurrou após trancar a porta -

O Yoo quase prendeu sua respiração ao ouvir os saltos fazendo barulho a cada passo que alguém dava do lado de fora.

-- Changkyun, filho, você está no banheiro?

-- Estou, mãe!

-- Precisamos conversar.

-- Agora não! Eu... Eu estou com muita dor de barriga. Vou demorar.

-- Ok. Vou te esperar na cozinha.

-- Ok!

Os passos indicaram que a mulher estava se afastando, então Kihyun suspirou, aliviado.

-- Ela ainda não sabe que estou aqui, né?

-- Vamos contar hoje. Eu só não saberia explicar o que estou fazendo na porta do banheiro, quando poderia te esperar sair no quarto.

-- Então vamos ter que ir no banheiro juntos?!

-- Não me culpe. Eu não usei magia nos outros.

-- Pode parar de jogar na minha cara que é culpa minha?

-- Não. Se vira, eu preciso usar o vaso e acho que não vai querer olhar.

-- É, não quero.

Kihyun virou para a porta e esperou Changkyun avisar que era a sua vez para que eles pudessem trocar as posições.

-- Minha mãe deve sair daqui a pouco, então poderemos tomar banho depois, quando o outro puder ficar esperando do lado de fora.

-- Ótimo. O que fazemos agora?

-- Ela quer conversar comigo... Não sei sobre o que é, então se esconde perto da cozinha pelo menos até acabarmos.

-- Tudo bem. Vamos lá.

Os dois garotos fizeram como combinado, e logo Changkyun e sua mãe estavam em uma conversa.

-- Eu achei isso aqui no banheiro ontem. - mostrou o colar de Kihyun -

-- Ah, isso...? Eu, hm, achei na escola e trouxe pra devol-

-- Por que está se envolvendo nessa merda?

-- Não estou me envolvendo, mãe. Apenas gostaria que alguém devolvesse algo que perdi, caso acontecesse.

-- Devolva isso logo ou jogue fora.

-- Vou devolver. - a senhora Im deu o colar para ele e voltou a comer - Se era só isso, então eu preciso-

-- Espera! Filho, a Sori pintou o cabelo? Não, isso não importa. - Changkyun fez uma careta confusa - Eu já te avisei que quando ela for dormir aqui, é pra tomar cuidado. Ontem vocês-

-- O quê? Faz tempo que ela não vem dormir.

-- Não tinha alguém aqui ontem além de você?

-- É sobre isso que preciso falar. - suspirou - Kihyun? Pode vir.

O Yoo apareceu, mais nervoso do que pensou que ficaria, torcendo para ninguém notar seu medo.

-- Minha nossa! Oh, olá...? - a mãe de Changkyun o cumprimentou de forma meio desastrada, lembrando dos fios roxos que viu na pessoa sob o filho na noite anterior -

-- Oi, senhora Im... Eu sou o Kihyun. Yoo Kihyun.

-- O Kihyun vai passar uns meses aqui, mãe. Tudo bem?

-- Meses? Tá, mas me expliquem essa história direito. Você é bi né, Changkyun? Eu sabia desde que aquele menino ficou falando que-

-- Meu deus, mãe! O que isso tem a ver?

-- Quando pensava em me contar?

-- Depois conversamos sobre isso, tá bom? Não vem ao caso.

Ela suspirou antes de assentir.

-- Vocês estão saindo?

-- Quem?

-- Vocês dois.

-- Nós?! - Kihyun arregalou os olhos - Não! Por que estaríamos saindo?

-- Eu vi vocês ontem no banheiro, então ou estão saindo, ou estão se pegando escondido.

-- Não é nada disso! O Kihyun vai passar uns meses aqui, porque os pais estão viajando, e ele não tem outros amigos ou parentes. O coitado é sozinho no mundo.

-- Ah, é?

Kihyun concordou, agindo meio robotizado.

-- Será apenas por cinco meses, mãe. Você nem vai notar.

-- E onde ele vai dormir?

-- No meu quarto.

Ela arqueou as sobrancelhas.

-- Espera, você estava em cima dele no banheiro, fazendo algo que eu nem quero pensar sobre, e ele vai dormir no seu quarto, onde só tem uma cama, mas, mesmo assim, não tem nada acontecendo?

-- É sério, senhora Im. Eu nunca teria alguma coisa com o chato do seu filho. Ele é um porre; sem graça; intolerante; insuportável; idio-

-- E vocês são amigos? - ela fez uma expressão confusa -

-- Ah... Mãe, esse é o jeito que os amigos se tratam atualmente, não sabia? - riu quase que forçadamente, encarando o Yoo - O Kihyun é um idiota, filho da puta, mas você acostuma.

Kihyun trincou os dentes, lutando internamente para não xingar aquele garoto pelo resto do dia.

-- Ok, está na minha hora. Preciso sair, ou vou chegar atrasada pra o trabalho. Hm, seja bem vindo, Kihyun. Tchau!

A mulher pegou sua bolsa e saiu rapidamente pela porta, mas não sem direcionar um olhar suspeito para os dois antes.

-- Quer dizer que eu sou um porre, chato, e sem graça?

-- Escapuliu, desculpe. - fez a expressão mais sonsa que conseguiu -

-- Idiota. Você toma banho primeiro ou eu tomo? - entregou o colar para ele - Seja mais cuidadoso com isso.

-- Não importa. Os dois vão ter que esperar de todo jeito.

-- Ah, é mesmo.

Após os dois terem tomado banho, se arrumaram com o uniforme escolar, e comeram algumas frutas que estavam na mesa para enfim saírem em direção à escola.

Foi uma caminhada silenciosa e um pouco estranha para ambos. E, assim que chegaram, tiveram que andar juntos, fingindo que estavam separados.

Minhyuk foi o primeiro a achar suspeito quando Kihyun pediu para trocar de lugar com uma menina que ficava ao lado de Changkyun na sala de aula, usando a desculpa de que seus óculos estavam quebrados e ele não conseguia enxergar o quadro.
Sua desconfiança só aumentou quando notou os dois trocando sussurros, tapando as bocas para ninguém fazer leitura labial.

Esse dia estava apenas começando.

Magic [Changki]Onde histórias criam vida. Descubra agora