Magic [Changki]

32

O despertador tocou demasiadamente. Ninguém aguentava mais o alto barulho de bips naquele quarto, mas a coragem para levantar e desliga-lo encontrava-se extinta.

-- Changkyun, o despertador. - disse com a voz arrastada - Desliga.

-- Tá do seu lado. Desliga você.

Eles sequer perceberam, mas passaram tanto tempo discutindo sobre quem deveria desligar o despertador que o objeto parou de tocar sozinho. O que não durou muito, já que depois de cinco minutos começou novamente e somente cessou quando a senhora Im apareceu para desligá-lo, não antes de quase derrubar os dois da cama.

-- Eu já disse que se for sair de noite no meio da semana precisa lidar com as consequências, Changkyun. Vamos, se arrumem. A vida é uma consequência.

-- Mãe, por favor! Sabe que te amo.

-- Muito esperto, mas não. Vou ligar pra secretaria e dizer que vão atrasar apenas uma aula. Se apressem. - disse e saiu calmamente -

-- Minha cabeça ainda tá rodando. - Kihyun praguejou baixinho antes de ir em direção ao banheiro - Acho que bebi mais do que deveria.

Changkyun o acompanhou, logicamente.

-- Não consigo me arrepender de nada.

Kihyun o encarou com um pequeno sorriso no rosto, como se não conseguisse evitar. Sabia o que aquilo significava. Também não estava arrependido. Gostou bastante da noite anterior, e estava feliz em saber que não era o único.

-- Hm, Kihyun?

-- Sim?

-- Posso tomar banho com você? - mordeu o lábio inferior como se quisesse espantar o nervosismo - Nós podemos poupar tempo.

O analisou. Com certeza era apenas uma desculpa para que tomassem banho juntos, mas ele não estava mesmo ligando para isso.

-- O que estamos esperando?

O Im sorriu em meio a um suspiro, respondendo aquela pergunta retórica mentalmente. Após uma sequência de três "pedra, papel e tesoura" para ver quem usaria a privada primeiro, e uma briga pelo pequeno espaço da pia na hora de escovar os dentes, houve ainda uma leve discussão quanto à temperatura da água. Changkyun queria água fria para despertar, mas Kihyun estava acostumado apenas a banhos quentes. No fim, optaram por um meio termo.

-- Água morna também é gostosa as vezes. - penteou o cabelo para trás com os dedos - Mas não serve pra despertar.

Estavam dividindo o espaço do chuveiro, e se surpreenderam por uma pessoa não ficar de fora.

-- Água quente me relaxa mais. Pra quê quer despertar? - mesmo assim fechou os olhos e pôs o rosto para cima afim de sentir a água invadir sua face -

-- Eu posso ajudar com isso. - beijou o pescoço completamente exposto, fazendo-o se afastar um pouco pelo contato repentino - O que foi?

-- Não quer mesmo poupar tempo, quer?

Sorriu, negando.

-- Quero curtir você um pouquinho, não me julgue.

-- Não julgo. - desligou o chuveiro e se aproximou novamente -

As bocas eram doces como mel, e pareciam querer grudá-los. Mas a pasta de menta não deixava dúvidas do real gosto do beijo. Seguiam lentos; não tinham pressa mesmo que estivessem atrasados. Talvez por estarem com sono.
Passaram um tempo assim, até que as costas de Changkyun foram de encontro à cerâmica e ele suspirou em meio ao ósculo. Suas mãos ansiosas na nuca e na cintura de Kihyun buscavam trazê-lo mais para si, como se isso fosse possível. Não se sentia mais com sono.