The Flower Boy - Yeonbin

Por favor, não me deixe.

Tudo que se conseguia ouvir eram os ecos dos socos deferidos um no outro. Após longas tentativas falhas, Beomgyu e Taehyun finalmente conseguiram separar os dois no chão. A multidão olhava atentamente os garotos totalmente ensanguentados ainda tentando se atracar porém sem sucesso.
- Você vai pagar por isso - Hyunjin exclamou saindo depressa do local - A festa acabou! Quero todos fora!
Yeonjun não disse uma palavra sequer, ele estava tentando colocar a mente no lugar mas não parava de observar suas mãos sujas, ele não sabia se brigar compensava em algo na vida, mas entendia que naquele momento tudo que era necessário era proteger Soobin. O mais novo chegou mais perto de Yeonjun que estava sentado de cabeça abaixada, tentou acariciar seus cabelos mas em troca recebeu um esquivo.
- Jun...Jun por favor, não age assim comigo - ele tentava controlar as lágrimas
- Não, não me chama de Jun. Você tem noção de onde se meteu e principalmente no que fez eu me meter? Soobin, eu avisei tantas e tantas vezes o quão perigoso era se envolver com ele e ainda sim você escolheu agir estupidamente. E eu tão idiota insisti em te proteger!
- Eu não sabia que isso iria acontecer, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo! Eu não queria que tivesse chegado a esse ponto, por favor você é tudo que eu tenho...
- Eu era tudo que você tinha, Soobin, entende? Tudo que você tinha
Yeonjun saiu da adega rapidamente antes que pudesse se deixar desabar, ele não conseguia se conter, não sabia como parar de chorar mas sabia que estava tão ferido que o único jeito de conseguir se curar era se afastando de Soobin, a causa da sua dor.
Beomgyu e Taehyun se ofereceram para acompanhá-lo até sua casa já que ele tinha vindo no carro do pai de Soobin e Hueningkai iria levar Soobin para casa. O caminho até em casa foi longo, foi silencioso e cansativo, acima de tudo foi amargo e doloroso.
O garoto de cabelos azuis saiu do casa e acenou um tchau para os amigos, entrou em casa devagarinho para que não acordasse seus pais, retirou suas roupas e entrou no banho, sentiu a água percorrer pelo seu corpo fazendo as feridas em suas mãos arderem. Logo as lágrimas se misturaram com a água fria. Ele não sabia o que pensar, estava tão exausto que o seu único foco era dormir e foi isso que ele fez.
Soobin chegou em casa cansado e não ousou dizer uma palavra, não fez ligações e sua única escolha foi chorar. Chorar pelo que havia se metido, chorar de raiva pelo que Hyunjin tentou fazer, chorar por ter machucado a pessoa que ele mais amava...Yeonjun. Após um longo banho, deitou-se e observou o céu estrelado que havia sido grudado no teto de seu quarto desde que era criança. Junto das estrelas havia os planetas do sistema solar, ele e o melhor amigo costumavam escolher planetas um pro outro. Soobin escolheu que Yeonjun seria seu Plutão, apesar de ser um planeta relativamente solitário, o garoto encontrava uma beleza singular nele. Já Yeonjun escolheu que Soobin fosse seu Vênus, o planeta mais admirado, o planeta que simbolizava o amor e a pureza, exatamente como ele o enxergava.
O menino sentiu um nó na garganta ao se sentir perseguido pelas memórias que havia feito, as memórias que tanto menosprezou e quis trocar quando tudo que ele tinha agora eram elas. Se sentia perdido sem o melhor amigo, Yeonjun era tudo que ele conhecia, tudo que ele queria ter pro resto da vida e agora por egoísmo seu poderia perder isso pra sempre.
- Meu Plutão, Vênus não tem beleza se não for observado pelos seus olhos... - disse baixinho enquanto se deixava afundar pelas lágrimas
Chorou até ter cansaço o suficiente para pegar no sono. Sua mente tão ocupada pelos erros cometidos, pelas coisas que poderiam ter sido e não foram, pelo presente que agora entregava um futuro tão assustador e incerto, pelo amor que conhecia e parecia não ser mais familiar. Mas era isso que o amor parecia para os dois agora, apenas um vulto de coisas que eles pensavam conhecer e simplesmente foram manchadas pelo que fizeram, por quem se tornaram. O amor agora não era mais passeios de bicicleta pelo parque durante uma tarde ensolarada, não era observar o teto estrelado do quarto de Soobin, não eram os sorrisos que os dois causavam um no outro...o amor agora era definido pela dor que haviam causado, pelo eco dos gritos de Soobin, pelos socos deferidos em Yeonjun por Hyunjin, pelos pedidos de desculpa não aceitos. O amor agora não passava de nada além de um gosto amargo que parece descer rasgando pela garganta. Quem sabe o que as coisas poderiam se tornar agora além disso, quem sabe qual deixaria o orgulho de lado e se renderia ao perdão. Tudo era tão difícil de responder, tão imprevisível, era como só enxergar pontos de interrogação onde haviam caminhos planejados. E ainda que o amor pareça ser o culpado de tudo, a razão pelo fracasso das coisas que deveriam ter dado certo, é errado culpar o que tem obrigação de nos fazer feliz, mas a decepção faz parte. Sentir a dor é o que nos molda, é o que nos ajuda a entender a não cometer os mesmos erros de antes. Soobin e Yeonjun pela primeira vez pareciam estar estancados no mesmo lugar, na estaca zero. Agora eram apenas estranhos um pro outro, mas como fingir não conhecer o rosto que você mais apreciava? Como seguir em frente e parecer que nada havia acontecido? Era isso que eles queriam levar um do outro? Era só isso que restava da relação deles? Tantas perguntas e nenhuma resposta. Nenhum movimento. Nada. Quem sabe tempo seja tudo que eles precisam, tudo que é necessário para curar a mais profunda das feridas, amenizar a maior das dores e dar início à um novo capítulo de uma história que jamais deveria ter sido afetada.