A sorte do acaso (Dayrol)

Castanhos

POV Caroline

Castanhos. Respiração suave. Mãos macias. Castanhos. Respiração suave. Mãos macias...castanhos...

Eu sabia que estava na minha aula de química, também sabia que meus amigos Bruno, Thaylise e Naty estavam discutindo sobre alguma coisa de forma bem animada. Mas desde a noite anterior a única coisa que meu cérebro conseguia pensar era nos olhos castanhos que me olhavam atentamente enquanto eu falava, nas mãos macias que no meio da madrugada acidentalmente encostaram na minha perna e na respiração suave que aquela menina parecia ter enquanto estava deitada do meu lado...

Meu coração nunca tinha batido tão alto e descontroladamente quanto naquela noite. O ar condicionado estava ligado, eu sabia disso, eu mesma tinha ligado e regulado a temperatura...mas  de repente o quarto parecia mais uma tarde de 45° no Rio de Janeiro.
Ela havia mesmo dito o que eu achava que tinha?

Quero dizer, ela estava solteira? realmente tinha terminado? por que? Por que tinha terminado? era ter o ego muito grande achar que eu tinha uma pequena participação para ela tomasse essa decisão? e quem  disse que foi ela quem terminou? meu Deus, será que a Aline sabe de algo? tem algo para a Aline saber?

A respiração dela ficou suave a noite inteira, me tranquilizando que ela estava realmente dormindo...meus olhos não pregavam, por mais que eu tentasse pensar na coisa mais tediosa do mundo! o simples fato de ela estar ali do meu lado e respirando tão próximo do meu corpo fazia eu estar em um estado que seria totalmente vergonhoso de ver. Obrigada por terem feito as noites escuras!

Ela nem ao menos tinha me tocado e eu já me sentia com todos os pelos do meu corpo arrepiado. Estava sentindo tudo aquilo pela primeira vez, todos os sentimentos que eu lia nos livros...a famosa "borboletas no estômago" eram bem mais glamurosas nos romances antigos porque ali, naquele quarto, eu só tinha vontade de esconder meu rosto no travesseiro e gritar.

Apertei o lençol com força para tentar desviar minha atenção da respiração de Day que estava constante na minha perna. Precisava pensar em outra coisa... qualquer coisa...

E então quando eu pensava que conseguiria fechar os olhos me vinha novamente o pensamento:
Você está sentindo tudo isso por uma menina.

O que isso significava? eu era lésbica agora? eu era bi? eu gostava de garotos, não gostava? eu tinha um namorado! mas eu gosto tanto da Day....

A lembrança de Dreicon me fez realmente ter vontade de acordar a garota ao meu lado e pedir para que ela falasse qualquer coisa, já que aparentemente ela tinha um poder mágico que fazia eu rir de tudo.
Uma bruxa. Feiticeira. Mágica. Sei lá! Dayane só podia ser qualquer uma dessas coisas...magia... só isso podia explicar a forma como eu me sentia naquele momento, era um misto de euforia e felicidade...e eu nem ao certo sabia o porquê! eu só sabia que poderia acordar ela mesmo que fosse quase 5:00 da manhã e implorar para que conversasse comigo até a noite virar outra vez.

Eu já tinha lido sobre isso e com certeza já tinha visto sessão da tarde, diversos personagens já tinham narrado várias vezes esse sentimento...

Eu estava gostando dela.

Ok, Caroline, não surte. Você está gostando dessa garota que está ai do seu lado.

E eu não sei até que horas eu fiquei repetindo mentalmente isso, só sei que quando senti algo vibrar na cama eu automaticamente fechei os olhos e fingi estar dormindo. Dayane se remexeu no cama e reparei que ela tinha acordado e pego o telefone.

Eu sinceramente não sabia como iria reagir...deveria fingir que não escutei ela dizendo que agora estava solteira?
Merda! Eu não ia conseguir olhar nos olhos dela e fingir que eu não estava uma bagunça total aqui dentro...eu não ia conseguir fingir...estaria escrito na minha testa o quanto que eu estava encantada por ela...