Capitulo 4. As armadilhas do destino

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SHAWN

Eram seis da manhã no horário local e Shawn já estava no banho. O fuso horário sempre atrapalhava seu sono, e toda vez que viajava a trabalho para outros países, ele tinha dificuldades para dormir e demorava um tempo para se adaptar a nova rotina.
Enquanto se ensaboava debaixo do chuveiro, ele pensou nos acontecimentos dos últimos dias. Desde que chegara ao Brasil, ele fizera shows e participara de entrevistas quase todos os dias, não sobrando tempo para fazer turismo, ou ir a um bom restaurante onde ele tinha certeza que se deliciaria com uma excelente comida brasileira. Esperava que até que sua turnê por ali terminasse, ele pudesse tirar algumas horas de folga para conhecer um pouco do país que sempre o recebera tão bem.
Shawn desligou o chuveiro e saiu do banheiro se enxugando vigorosamente, Vestiu-se rapidamente com uma calça jeans e uma camiseta branca de algodão, e se olhou no espelho ajeitando com as mãos seus cabelos encaracolados que estavam úmidos do banho. Ligou para o serviço de quarto e pediu o café da manhã. Teria uma coletiva de fãs às nove da manhã e precisava se preparar para mais uma tonelada de compromissos que teria naquele dia,
O seu pedido chegou, e ele se serviu de uma xícara enorme de café e uma torrada. Sentou-se perto da janela, admirando o sol que nascia no horizonte, anunciando mais um dia de calor intenso. Quantos pores de sol ele tinha visto em diferentes partes do mundo? De repente, ele se deu conta que metade de sua vida ele passava em hotéis, pois a sua profissão o obrigava a viajar constantemente, ficando longe de sua família por um tempo considerável de tempo. Embora ele não gostasse muito disso, não podia reclamar. Tinha uma vida privilegiada aos vinte um anos de idade, e poucas pessoas tinham alcançado o patamar profissional que ele conseguira tão rápido. Era um mérito seu por ter trabalhado incansavelmente por três anos consecutivos, agora somente queria colher os louros do seu sucesso.
A palavra sucesso lhe trouxe uma lembrança inesperada, e o rosto de Nathaly se materializou em sua mente. Aquela garota não saía de sua cabeça, precisava encontrá-la para desfazer o mal entendido que havia acontecido entre eles. Shawn se serviu de mais uma xícara de café, continuou a divagar sobre aquele dia e se sentiu contrariado. Nunca agira daquele jeito e não sabia que bicho o tinha mordido para tratar Nathaly daquela forma. Quando a vira em seu camarim, ele achara que ela era incrivelmente linda, e depois de alguns minutos de conversa, ele percebera que Nathaly também era muito inteligente.
O fato de ela não ser sua fã ou não apreciar sua música não diminuira seu interesse, somente fizera sua curiosidade por ela aumentar. Ainda mais porque ela apenas  fora até sua coletiva para conseguir material para uma amiga que tinha um blog sobre ele, e isso a fizera parecer surpreendentemente altruísta aos olhos dele.  Shawn se lembrou de algumas vezes em que algum amigo ligara para ele  tarde da noite pedindo-lhe  algum tipo de auxílio, e ele não pensara duas vezes em dar-lhe a ajuda que ele necessitava. Talvez ele e Nathaly não fossem tão diferentes como ele pensara.
Shawn gostara de conversar com ela, mesmo depois de descobrir que ela não tinha nenhuma simpatia por ele, pois sua personalidade incrível causara uma profunda impressão nele. Mas, depois a coisa toda desandara, culminando no desastre que fora aquele encontro. De quem fora a culpa? Quem dera o primeiro passo para que tudo terminasse da pior maneira possível?
Se ele dissesse que fora Nathaly, não estaria sendo completamente honesto, ele também tivera culpa naquilo tudo, talvez na maior parte dela. Porém, o problema começara  pelo olhar de desafio que Nathaly  lançara sobre ele quando estavam conversando, como se duvidasse da capacidade de Shawn de fazê-la mudar de ideia sobre ele. e Shawn nunca fugia de um bom desafio.
Mas, em sua ânsia de fazê-la ver que estava enganada sobre a imagem que tinha dele, Shawn metera os pés pelas mãos e o caldo entornara de vez, levando o encontro dos dois ao fracasso total. O engraçado de tudo aquilo era que ele não se importava que Nathaly não fosse sua fã, e nem mesmo quando ela o acusara de ganhar dinheiro fácil quando milhares de pessoas lutavam por um pedaço de pão o deixara zangado com ela. No entanto, a ideia de que ela tivesse uma visão equivocada de sua índole como pessoa parecia pesar mais na balança para ele do que qualquer outra coisa que ela tivesse dito antes. E quando ela fugira, deixando-o perplexo com seu próprio comportamento leviano, Shawn se sentira um perfeito cafajeste, e o tapa que ela lhe dera não doera tanto quanto  o olhar acusador que ela lhe lançara antes de sair quase correndo de seu camarim.
Ele a fizera pensar que tinha se aproveitado da situação, mas não fora isso que acontecera. Ele simplesmente a beijara para provar um ponto de vista, mas fora pego de surpresa pela atração que sentira ao colar sua boca na dela. Os lábios de Nathaly sob os dele foram como fogo que o queimara literalmente. Nathaly era suave e ao mesmo tempo tão intensa que Shawn não conseguira resistir, e a maneira como ela correspondera aos carinhos dele lhe mostrara que ele não tinha uma menininha inexperiente em suas mãos, mas sim uma garota forte e segura de seus encantos como mulher.Porém, ele ultrapassara os limites, e estragara tudo. Shawn imaginava que agora ela devia estar odiando-o, e este pensamento o incomodava.
Ele nunca fora o tipo de cara que saía agarrando as garotas no primeiro encontro. Sempre condenara os amigos que faziam isso, sem se preocupar com os sentimentos de quem quer que fosse. Shawn era romântico e acreditava que uma garota devia sempre ser tratada com respeito, cortejada e conquistada aos poucos. Ele também acreditava em relações duradoras, assim como era a de seus pais, e por ter crescido em um ambiente tão cheio de amor e cumplicidade, ele também queria viver algo parecido.
Porém, Shawn nunca se apaixonara de fato. Tivera inúmeras namoradas, que se encantaram com seu jeito de bom moço, mas que não provocaram nele aquela paixão avassaladora que faria o seu mundo girar, deixando seu coração completamente arrasado, e nos últimos tempos, ele tivera poucas oportunidades de viver algo assim, já que sua agenda estava tão abarrotada de compromissos que não deixava nenhum espaço para um romance, Fazia meses que não tocava uma garota, fazer sexo então estava fora de questão. Sua vida girava em torno de sua carreira, e no momento, ele não tinha certeza se queria um envolvimento mais profundo com alguém.
Contudo, ele não conseguia esquecer Nathaly. Toda aquela situação tinha mexido com ele de um jeito que o deixava incapaz de pensar em qualquer outra coisa que não fosse encontrá-la. Precisava pedir-lhe desculpas, imploraria seu perdão se fosse preciso. Ele a ofendera, e aprendera com seu pai que quando se insultava uma pessoa devia pedir-lhe  desculpas, não importando as circunstâncias. Sabia o que alguns amigos diriam se o vissem naquela situação. Com certeza, zombariam dele por ter um senso de honra tão grande, Afinal, ele era Shawn Mendes, o cantor famoso seguido por milhares em suas redes sociais, desejado por centenas de garotas em todo o mundo, e por isso, podia fazer o que quisesse. Mas, Shawn não pensava assim. O fato de ele ser popular, ou conhecido e apreciado por muita gente não lhe dava o direito de magoar alguém deliberadamente ou não.
Shawn terminou o seu café, mas permaneceu sentado onde estava. Ele percebeu que a cidade de São Paulo começava acordar, e muito se assemelhava à Nova Yorque, pois era uma metrópole que não parava nunca. De onde estava, podia ver pessoas andando apressadas de um lado para o outro, indo para o trabalho ou para outro compromisso qualquer. O que será que Nathaly estava fazendo naquele momento? Ela lhe dissera que era jornalista, mas de qual jornal? Onde ela estava?
No dia seguinte ao ocorrido, Shawn colocara toda a sua equipe atrás dela, até mesmo seu empresário, que não conseguia entender o interesse dele naquela garota. Eles estavam em turnê e não podiam perder tempo com romances que durariam apenas uma noite. Andrew dissera isso para Shawn, mas ele ignorara suas palavras deliberadamente dizendo:
- Apenas a encontre. – e não lhe dera mais nenhuma pista do por que encontrar aquela garota parecia ser tão importante, e sabia que ele não lhe  diria. Shawn Mendes era muito reservado no que dizia respeito a sua vida amorosa.
Alguns dias tinham se passado, e Shawn ainda não tinha nenhuma notícia de Nathaly. Era como se ela houvesse desaparecido completamente em pleno ar, mas ele não desistiria, iria encontrá-la não importava o tempo que levasse para isso.
No horário marcado, ele foi para sua coletiva de fãs, e como sempre, se divertiu bastante. Suas fãs eram sempre tão carinhosas, e ele simplesmente adorava aqueles momentos com elas. Era o instante em que ele se sentia mais próximo das pessoas como se fosse um velho amigo ou um irmão mais velho, e esse contato com o público não tinha preço.
Quando a coletiva terminou, ele se dirigiu ao seu camarim e Andrew veio ao seu encontro. Ele trazia um papel nas mãos, o qual estendeu para Shawn, assim que se aproximou dele.
- Nós a encontramos, Shawn. Neste papel está o endereço do trabalho dela e seu telefone para contato. - Shawn sorriu, se sentindo exultante. Apertou a mão de Andrew em agradecimento dizendo:
- Finalmente. Muito obrigado, Andrew.
Depois do almoço, Shawn decidiu ligar para Nathaly, pensando que poderiam se falar um pouco ao telefone, e depois, marcariam um encontro para que ele pudesse se desculpar pessoalmente, mas ela não atendeu. Em todas as vezes em que ligou, a assistente dela dissera que Nathaly estava ocupada, e ele percebeu que ela não ia atendê-lo, pois o estava evitando..Então, teve a ideia de mandar-lhe flores para quem sabe conseguir amolecê-la um pouco, pois Shawn saiba que toda garota gostava de flores, pelo menos as que ele conhecia, e se sentiam lisonjeadas quando recebiam milhares delas, e ele esperava que naquele momento a sala de Nathaly estivesse perfumada e enfeitada pelas flores que ele lhe enviara.
Shawn deu uma olhada no endereço do trabalho de Nathaly e decidiu que iria até lá pessoalmente. Pegou as chaves da Ferrari vermelha que seu amigo que morava no Brasil lhe emprestara, se dirigiu para a porta e saiu. Encontrou Andrew pelo caminho, e vendo Shawn com as chaves do carro na mão ele perguntou:
- Vai sair?
_ Sim, quero dar uma volta por ai para conhecer os arredores.
- Tudo bem, mas leve Michael com você, Não gosto da ideia de você andar sozinho  pelas ruas  sem um segurança.
- Não é necessário, Andrew. Não irei muito longe.
- Mesmo assim, Shawn. Nunca sabemos o que pode acontecer nesse mundo louco em que vivemos. Sentirei-me mais tranquilo se Michael for com você.
- Está bem. – Shawn disse, mas foi direto para o estacionamento do hotel sozinho. Não queria segurança nenhum para o que iria fazer.
Ele encontrou o jornal onde Nathaly trabalhava sem muitos problemas, com a ajuda de um GPS, e em pouco tempo estava estacionando o carro perto do jornal. Quando estava saindo do carro, ele quase não pôde acreditar na sua sorte ao ver Nathaly saindo pelo portão e caminhando pela rua. Ela passou por ele sem notá-lo e então ele disse para chamar sua atenção:
- Olá, Nathaly. Por que está fugindo de mim? – ele a viu parar de repente, como se tivesse sido fulminada por um raio. Ela se virou devagar, e quando o olhou nos olhos dele, Shawn viu faíscas de ira pura vindo em sua direção.
- O que está fazendo aqui? – ela perguntou, mostrando pelo seu tom de voz o quanto estava zangada com presença dele ali.
- Eu precisava falar com você, me desculpar pelo que aconteceu outro dia. - ele estava nervoso e aquilo não acontecia com freqüência.
- Muito bem, já se desculpou, agora vá embora. - ela deu as costas para ele e começou a caminhar na direção contrária. Shawn se desesperou, não podia deixá-la ir embora daquele jeito sem falar com ela direito. Ele foi atrás de Nathaly e segurou em seu pulso, impedindo-a de continuar.
- Me solta, quem você pensa que é para me segurar assim?- Shawn estava próximo de Nathaly agora, e podia sentir seu perfume, assim como podia ver os olhos amendoados dela cheios de fúria. Ele observou o vestido estampado de verão que ela usava, e a tiara vermelha que combinava tão bem com seus cabelos cacheados e curtos, Ela era sem dúvida de tirar o fôlego.
- Vai me soltar ou vou ter que gritar? – Nathaly dissera, tirando-o do breve encantamento que tomara conta dele.
- Desculpe, não quis parecer inconveniente.
- Você está sendo mais do que inconveniente, na verdade, você está sendo insistente demais. Por que não me deixa em paz? Já não disse que nada que venha de você me interessa? Será que vou ter que falar tudo de novo com todas as letras para que você entenda de uma vez por todas?
- O problema é que não consigo parar de pensar em você. Quer dizer, não consigo para de pensar no que aconteceu, e isso tem me incomodado muito. – ele se corrigira a tempo de cometer outro erro. Não queria que ela soubesse que ela o afetava, física e emocionalmente, e seu instinto lhe dizia que ela não iria gostar nada disso.
- Por quê? Nunca ouviu um não de uma garota? Será que está tão acostumado a ter todas aos seus pés, fazendo todas as suas vontades, que não consegue aceitar que exista uma só garota no mundo que não se interessa pelo seu tipo de bad boy sedutor?
- Você é sempre tão direta assim, Nathaly? Devo confessar que tanta sinceridade me desconcerta.
- Sou uma jornalista, Sr. Mendes, e por ética na minha profissão devo sempre dizer a verdade, e se você não gosta disso o problema é seu.
Meu Deus, aquela garota não tinha mesmo papas na língua! Falava o que pensava sem se importar com a opinião alheia, e o pior de tudo é que  ao invés de se sentir ultrajado pelas palavras duras dela, ele estava cada vez mais atraído e encantado. Nunca conhecera ninguém como Nathaly, e sentia que precisava saber mais sobre aquela criatura incrível. O convite saiu de sua boca, antes que ele pudesse evitá-lo:
- Por favor, jante comigo. Quero muito acabar com a má impressão que teve de mim naquele dia.
- Está maluco? É claro que não vou jantar com você. Isso está fora de questão. Quer por favor, sair da minha frente? Tenho compromissos importantes e você está me atrasando. – ela começara a se zangar de novo, mas Shawn decidiu que não sairia dali enquanto ela não aceitasse seu convite para jantar. Não a perderia de vista de novo.
- Por favor, Nathaly. É somente um jantar. Prometo que você não vai se arrepender. Posso até dar uma entrevista exclusiva para sua amiga que escreve um blog sobre mim. Eu te deixo escolher o lugar para o jantar,  o que acha? – Nathaly olhou para ele desconfiada, mas pareceu pensar na sua proposta com cuidado. Então ela falou de novo:
- Um jantar aonde eu quiser?
- Sim.
- E você promete dar uma entrevista exclusiva para Violet?
_ Claro, quando ela quiser. – e ele viu um sorriso brilhante surgir no rosto dela.
- Trato feito. Pode ser amanhã à noite às oito horas?
- Está perfeito para mim. É meu dia de folga, não tenho nenhum show agendado. - ele disse isso com toda calma, mas dentro dele tudo se agitava, não conseguia acreditar que ela tinha aceitado jantar com ele.
- Muito bem. Dê-me o seu celular para que eu te dê o endereço do meu apartamento, e você possa passar por lá, e me pegar antes do jantar.
- Claro. - ele estendeu-lhe o celular e ficou esperando que ela digitasse o endereço dela. Quando ela terminou, Nathaly disse:
- Combinado, então. Te espero amanhã no meu apartamento às oito. E não se atrase, pois odeio ficar esperando.
- Pode deixar. Estarei lá às oito. Você vai se divertir, eu prometo.
- Isso é o que veremos Sr. Mendes. Até logo.
- Até logo.
Enquanto via Nathaly se afastar, Shawn quase lhe ofereceu uma carona, mas se conteve. Ele não queria correr o risco de irritá-la novamente, uma vitória era bastante para aquele dia. Ele entrou na Ferrari e dirigiu de volta para o hotel, pensando no jantar que teria com Nathaly no dia seguinte, só não conseguia entender porque parecia tão ansioso por isso

Olá . Espero que gostem do capítulo e comentem.





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