Capítulo 7- Caprichos do coração

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Nathaly

Nathaly abriu os olhos e tornou a fechá-los, Sabia que tinha que ir para o trabalho, mas não tinha vontade nenhuma de se levantar da cama. Lembranças do dia anterior atingiram seu cérebro como um rolo compressor, e ela gemeu baixinho cobrindo a cabeça, desgostosa consigo mesma.
Ela começara a noite, acreditando que tinha tudo planejado, que estava no comando e que faria Shawn Mendes comer em sua mão, mas acabara tropeçando em sua própria arrogância. Em qual momento as coisas começaram mudar, ela não sabia dizer. De repente se vira se divertindo com as histórias que Shawn contara sobre suas viagens, fugindo de fãs malucas que insistiam em se esconder em seu quarto de hotel, ou ainda aquelas mais ousadas, que se agarravam a ele tentando roubar-lhe um beijo.
Nathaly admirara seu bom humor em situações que deixaria qualquer um irritado pela intromissão de sua privacidade, mas ele parecia não se importar. Gostava da atenção que tinha das fãs, e por isso as tratava do mesmo jeito, com o respeito e consideração que elas mereciam. Shawn era adorado e adorava na mesma medida, ele retribuía tudo o que recebia em dobro, e isso era raro em um artista.
Apesar de fazer parte de outra estirpe de jornalismo, Nathaly conhecia bem o mundo das celebridades, Por causa do pai, convivera com aquele universo a vida inteira, e ela sabia o quanto era fácil se perder na ilusão da fama. Porém, Shawn Mendes não parecia ter problemas nenhum com isso. Observando-o aquela noite, ela pôde perceber que ele era o tipo de pessoa que se adaptava a qualquer ambiente, vestia qualquer tipo de roupa com a mesma elegância e conforto e não era arrogante, como se poderia se esperar de um rapaz que alcançara milhões de seguidores na internet em tempo recorde, e que se tornara famoso no mundo da música meteoricamente.
No início, Nathaly pensara que ele era somente um rosto bonitinho, e que seu sucesso se devia à sua popularidade com as garotas. Ela cansara de ouvir Violet falar de Shawn como se ele fosse o cara mais lindo do mundo, e ela sempre desprezara estes tipos, que tinham músculos demais e cérebro de menos. Para ela, todos seguiam o mesmo padrão. Tinham a imagem cuidadosamente construída para seduzir, exibiam seus corpos sarados e modelados na academia, destacando seus músculos perfeitos, levando as garotas ao delírio com seu carisma sexual exagerado, compensando assim sua falta de talento,
Mas, ela tinha que admitir, se enganara com Shawn Mendes, Ele tinha muito talento, isso ela pôde comprovar. Ele cantava rock tão bem quanto cantava seus sucessos, e possuía um vasto conhecimento musical que realmente a impressionara. Quem poderia imaginar, que um rapaz que declamava o amor em versos melosos conquistando almas femininas fosse um roqueiro nato de coração? Imaginar que ele crescera ouvindo ACDC era difícil de acreditar, mas ele lhe provara que não só sabia cantar todos os sucessos da banda, como também tocava sua melodia na guitarra.
Outra coisa na qual ela reparara antes, mas que naquela noite se tornara ainda mais evidente era como ele era bonito. Deus do céu! Ele tinha um rosto maravilhoso, um sorriso de arrasar um quarteirão inteiro, e uma boca que a distraíra a noite toda. Nathaly tentara não se deixar levar pela simpatia dele, a conversa agradável e sua ótima companhia, mas fora pega como uma adolescente ingênua, nas profundezas daquele olhar, e quando se deu conta estava presa na força daquela atração que a empurrava para Shawn.
Ela desejara o beijo dele assim como desejara se enroscar no abraço dele, e para seu azar, ela sabia exatamente como era aconchegante o calor do corpo dele contra o seu, e como era sedutora a boca dele sobre a sua. Não pudera esquecer aquela primeira vez que o vira, não conseguira arrancar de seu pensamento a maneira como se sentira ao ser tocada por ele, e por mais, que tivesse negado a si mesma, sabia que desejava tudo aquilo de novo.
Será que estava ficando maluca? Por que em nome de Deus não conseguia esquecer? Não era a primeira vez que se sentia atraída por um homem bonito, e muito menos que trocava carícias com ele. O que tinha em Shawn que despertava nela um desejo primitivo que somente sentira uma vez na vida? Por que quando estava com ele as palavras se perdiam, e ela que sempre fora segura de si, se sentia tímida feito uma garotinha? Por que sempre ficava na defensiva quando ele se aproximava dela de maneira imprudente e desavisada?
Nathaly tinha certo gosto pelo perigo, ela gostava de homens que a desafiavam a provar que era mais inteligente que ele, e no jogo da conquista ela sempre levava a melhor. Ela nunca tivera problemas em aceitar um convite mais ousado ou recusá-lo se lhe desse na telha, mas com Shawn a história era outra, pois ela nunca sabia o que ele realmente queria dela, e ela mesma não sabia o que queria de si mesma, pois pela primeira vez na vida ela estava confusa. Shawn tinha esse poder sobre ela que a assustava, ele a fazia questionar coisas sobre as quais ela nunca pensara antes, e também a deixava insegura sobre seus próprios sentimentos.
Ela não queria se envolver com ele, ou melhor, não podia se envolver com ele, Shawn colocava em perigo toda a estrutura de vida que traçara para si mesma, e não queria ter que mudar de rumo só porque seu coração resolvera lhe pregar uma peça. Por essa razão, não conseguia se perdoar por ter deixado tão evidente que queria que ele a beijasse na noite anterior, ela fora absurdamente patética, só desse lembrar de que quase se pendurara no pescoço dele e se esbaldara naquela boca deliciosamente sexy a fazia gemer mais alto de frustração. Ele a rejeitara e Nathaly o odiara por isso, aquilo doía como se caminhasse sobre brasas, e prometera a si mesma que nunca mais o deixaria tocá-la de novo.
O despertador começou a tocar e Nathaly teve ganas de atirá-lo na parede. Não queria se levantar, por ela ficaria na cama o dia inteiro e esquecer que tinha uma vida fora daquelas quatro paredes? Seu senso de responsabilidade a venceu, e ela se forçou a sair da cama e ir em direção ao banheiro. Tomou um banho rápido, e se vestiu com calça jeans confortável, uma blusa rosa com um decote canoa que realçava seus seios pequenos e bem feitos, e sapatilhas pretas. Usou pouca maquiagem, somente o suficiente para realçar os traços delicados de seu rosto, dando-se por satisfeita ela foi para a cozinha tomar o café da manhã.
Violet já se encontrava sentada na mesa da cozinha em companhia de uma xícara enorme de chá e o jornal do dia. Por incrível que pudesse parecer, Violet era do tipo de pessoa que somente começava a trabalhar depois de ter devorado todas as notícias que seu cérebro pudesse absorver em um espaço de trinta minutos. Ela era absolutamente obcecada por estar bem informada em todas as áreas, e isso muitas vezes irritava Nathaly, que depois tinha que aturar Violet o dia todo falando de assuntos que não a interessava em absoluto.
- Bom dia, Nathaly. Como foi sua noite de ontem? – Violet perguntou sem rodeios, ao vê-la entrar na cozinha.
- Foi muito boa, obrigada por perguntar - Nathaly respondeu, tentando parecer casual sobre o encontro do qual não queria falar
- Foi bom? Vai me contar só isso?
-  O que esperava, Violet? Eu disse que era apenas um jantar de cortesia
- Você está mentindo. – Violet disse quase rindo.
- E por que eu mentiria sobre isso? – Nathaly tentava controlar o seu nervosismo.
- Você está mentindo, Nathaly. Eu te conheço bem. Você sempre evita falar em um assunto quando ele tem mais importância para você do que quer deixar transparecer.
- Não seja ridícula,  Violet. Por que eu esconderia algo de você? Não tenho motivo nenhum para isso.- Nathaly levou a xicara de café aos lábios e bebeu um grande gole, sentindo a cafeína fazer efeito em seu sangue, deixando-a em estado de alerta.
- Pois, eu tenho um a teoria.- Violet disse com um ar maroto.
- Ah é, e qual seria? – lá vem bomba, pensou Nathaly.
- Você gosta de Shawn.
- Não gosto não, de onde tirou esse absurdo?
- É claro que gosta, senão não estaria negando desse jeito.
- Violet, você vive tão perdida em meio a história de amor, que sempre enxerga algo onde não tem. – Nathaly estava ficando impaciente com a insistência de Violet naquele assunto.
- Você vai morrer se admitir que se sente atraída por Shawn Mendes?
- Eu não sinto nada por ele, e você continua sendo ridícula. Preciso ir para o trabalho.- Pegou a bolsa e se encaminhou para porta, enquanto ouvia Violet gritar atrás de si:
- Covarde!
Enquanto ia para o trabalho, Nathaly pensou nas palavras da amiga e admitiu que ela tinha razão. Ela era mesmo uma covarde.  Não queria admitir que sentia atração por um homem que jurara não gostar de jeito nenhum. E pelo simples motivo de que ele ameaçava o controle absoluto que ela tinha sobre duas emoções.  Shawn a desestruturava, e isso não acontecia há anos. Desde que perdera Michael, ela lutara para manter -se longe de qualquer coisa que a fizesse sentir novamente. Não queria perder a cabeça ou se sentir nas nuvens por cara nenhum. Nathaly se sentia muito confortável com a vida que tinha e a solidão em si não a assustava. Gostava da sensação de não depender de ninguém emocionalmente, e preferia ser livre para decidir quando o com quem sairia.
Shawn Mendes não se encaixava na vida dela. Na verdade, ele era o contrário de tudo o que desejava para si, e ela sentia em suas entranhas que se caísse na lábia dele, estaria arriscando bem mais do que sua paz de espírito. Ele era o cara errado, uma enorme encrenca na certa. Ela tinha que se manter longe dele mesmo que seu corpo lhe dissesse o contrário. Ela estava feliz da maneira como as coisas eram, não precisava de Shawn para bagunçar sua cabeça ou tumultuar seu coração de pedra.
Ela deu um sorriso sem humor, pois era descrita dessa maneira por muitos caras com os quais saíra. Era sempre ela a terminar o relacionamento, que nunca passava de uma noite. No dia seguinte ela sempre voltava para casa sozinha, às vezes deixando para trás um coração partido, um orgulho ferido, ou um olhar magoado.  Ela não tinha culpa se eles criavam expectativas falsas de que a conquistariam com seu papo sofisticado ou sua performance excepcional na cama, ela disse a si mesma. Nunca dera esperanças a ninguém, e antes de sair com qualquer pessoa sempre se certificava de que o alvo do seu encontro entendia as regras do jogo. Mas, sempre havia alguém que se deixava iludir pelo romantismo, acreditando que Nathaly se apaixonaria perdidamente.
Eles não entendiam que isso nunca aconteceria, pois na cabeça de Nathaly ela era imune ao amor. É lógico que sentia desejo quando tocada por um homem que despertava sem interesse, ela era uma mulher normal, com as reações normais de qualquer garota que fazia sexo com alguém. Mas, a satisfação física era a única coisa que importava para ela, não existia nenhum envolvimento emocional nisso por parte dela, e sempre tentava deixar isso bem claro para quem se aventurasse a chama-la para sair. Então, não entendia porque a chamavam de frígida, ou insensível e sem coração. Em parte ela entendia que sua independência profissional, seu espírito livre e sua inteligência afiada eram um desafio para qualquer homem, por isso a maioria a via como um prêmio a ganhar, um troféu a conquistar, e acabavam se frustrando quando percebiam que ela não entraria em um jogo do qual conhecia as regras de cor.
Porém, se envolve com Shawn Mendes implicava certas coisas que ela não estava disposta a arriscar. Ele era perigoso demais e Nathaly sabia que jogar com ele era o mesmo que cair em um caldeirão de água quente, não queria se queimar e nem sentir que ele que pudesse colocar em choque suas convicções sobre se relacionar com alguém. Precisava manter-se afastada do fogo daqueles olhos ou correria um sério risco de perder neles.
Nathaly virou a esquina que levava ao jornal, mas antes de chegar lá, ela parou em uma padaria para comprar rosquinhas para uma de suas assistentes que estava grávida. Ela sentiu uma fisgada no coração ao se lembrar o quanto ela e Michael queriam ter filhos. Eles falavam disso o tempo todo, e Nathaly conseguia até se imaginar caminhando pelo parque aos domingos, segurando um casal de crianças em cada mão. Ele teria adorado ser mãe dos filhos de Michael, mas fora somente mais um sonho lindo que se desfez. Talvez em um futuro bem distante ela tentasse uma produção independente, ou acabasse por adotar uma criança, mas por enquanto a ideia não a atraía nem um pouco.
Ela entrou no jornal pela porta da frente, subiu as escadas e foi até a sua sala. Ao se sentar a sua mesa e ligar o computador, viu um bilhete preso em sua agenda que dizia que seu chefe queria falar com ela. Nathaly se encaminhou para a sala dela, ouvindo-lhe a voz na primeira batida na porta.
- Queria me ver, Sr. Moura?
- Bom dia, Nathaly, Queria sim. Por favor, sente-se. – ele disse com sua voz agradável e bem modulada. Nathaly fez o que ele lhe pediu, cruzou as pernas e ficou esperando que ele lhe dissesse o que queria com ela.
- Bem, eu te chamei aqui, porque queria te pedir um favor. A Sarah do Departamento de Entretenimento ficou doente, e pelo que soube ficará afastada do trabalho por um mês, justamente agora que fomos contratados por um cliente importante. Então, eu queria te pedir que assumisse o lugar dela até que ela se sinta forte o bastante para voltar.
- Sr. Moura, o senhor sabe que trabalhar nesta área não é o meu forte. Não acho que desempenharia bem o papel.
-É claro que sim. Você desempenha qualquer função com perfeição. Você se esqueceu que te conheço desde criança?  Sei exatamente do que é capaz menina.- ele deu-lhe um tapinha afetuoso no ombro. – E justamente por isso, vou passar-lhe a primeira função nesse trabalho.
- A primeira função? – Nathaly olhou para ele confusa.
- Sim. Fomos contratados por uma celebridade internacional para cobrir seus shows no Brasil, e depois, passar os três meses seguintes acompanhando-o em alguns shows em outros países. – ele fala animadamente querendo fazer parecer que aquilo tudo seria uma aventura maravilhosa, Nathaly se levantou da cadeira, se preparando para recusar. De forma nenhuma ela passaria quatro meses viajando em companhia de alguém cuja única finalidade era se exibir para o mundo. Ela tinha coisas mais importantes com as quais se preocupar. O Sr. Moura que encontrasse outra pessoa para aquele trabalho.
- Sr. Moura. Eu fico contente que tenha pensado em mim, mas por favor, encontre outra pessoa para isso, pois o senhor sabe que minha área de trabalho é outra.
- Nathaly, não existe outra pessoa. Eu sei que este tipo de trabalho não te agrada muito, mas eu quero que você assuma o lugar de Sarah. – Nathaly percebeu que ele não estava pedindo e sim lhe dando uma ordem. Ela gostava bastante do Sr. Moura, principalmente porque ele e seu pai eram amigos de longa data, mas não podia permitir que ele a obrigasse fazer algo que não estava com a menor disposição para fazer.
- Sr, Moura, perdoe-me, mas esse trabalho está fora de questão. Não posso aceitar, eu...-  ele não permitiu que ela terminasse.
- Nathaly, já está decidido. Você trabalha para mim, e eu preciso que me ajude. É apenas algo temporário, não estou lhe pedindo para que seja responsável por esse departamento para sempre.
- Está bem. O que devo fazer?.- ela perguntou, pois sabia que não adiantava insistir. Em outro momento falaria com ele sobre isso.
- Bem, você.- ouviram, uma batida na porta e uma das recepcionistas da portaria colocou sua cabeça para dentro do escritório dizendo:
- Desculpe por interromper, mas os clientes chegaram
- Obrigado Srta Silva. Pode pedir que entrem. – se dirigiu a Nathaly – Bem, vamos conhecer nosso contratante.
Nathaly esperou com certa relutância que o cliente entrasse, Esperava que pelo menos ele não fosse uma daquelas pessoas egocêntricas que falava de si mesmo como se fosse a coisa mais extraordinária do mundo.
Seus sentidos entraram em alerta assim que viu quem era o contratante, Sua cabeça girou e Nathaly sentiu o sangue fugir de seu rosto enquanto exclamava surpresa:
- Você???
- Parece que vocês já se conhecem. – o Sr. Moura disse com um sorriso, e Nathaly apenas sacudiu a cabeça concordando. Não tinha certeza se conseguiria falar qualquer coisa naquele momento.
- Bem, nesse caso vou deixá-los conversar e traçar um plano de trabalho enquanto levo Andrew para tomar um café - quando Nathaly viu seu chefe fechar a porta atrás de si, ela quase cuspiu sua raiva na face de Shawn Mendes.
- Como você teve coragem de fazer isso? Será que não deixei bem claro que não queria mais vê-lo? – a ira dela estava no auge, mas mesmo assim não pôde deixar de sentir a atração poderosa entre eles. Era como se toda a eletricidade do ar se concentrasse entre seus corpos, e quando ele sorriu ela quase gemeu de aflição.
- O que faz pensar que planejei tudo isso? - Shawn perguntou. Estavam tão perto que se desse um passo, Nathaly poderia tocá-lo, mas ela tentou se concentrar na raiva que sentia, pois assim teria outra coisa para distrair seu pensamento do que aquela covinha perfeita no queixo dele.
-Você está aqui, não está? O que eu deveria pensar?
- Está enganada, Nathaly. Até hoje de manhã eu não sabia nada disso, embora, eu não possa dizer que a surpresa foi desagradável.- o olhar dele percorreu seu corpo, examinando cada detalhe da aparência dela. Nathaly sentiu a sensualidade daquele olhar, e sentiu cada parte de sua pele reagir àquela invasão íntima que a fazia se arrepiar da cabeça aos pés. Ela colocou a mão em seu peito, tentando acalmar as batidas de seu coração. O gesto despretensioso atraiu os olhos de Shawn para o decote simples da blusa dela que evidenciava o início dos seus seios. Nathaly viu os olhos dele de escurecerem de desejo e ela estremeceu. Precisava sair dali, ou as coisas fugiriam de controle.
- Bem, creio que que teremos que trabalhar juntos, mesmo que isso me desagrade profundamente. Será que posso sugerir que marquemos um horário para conversarmos sobre isso em outro momento? Minha mesa está abarrotada de trabalho, e eu preciso deixar tudo em ordem, antes de assumir esse compromisso com você. – Nathaly se admirou por sua voz soar firme, pois dentro dela tudo se agitava como se ela fosse arrastada por um vendaval de sentimentos.
- Claro, Nathaly. Quando quiser. – Shawn sorriu de novo, e Nathaly quase saiu correndo. Não queria ficar na mesma sala com ele quando corria o risco de se atirar nos braços dele.
- Vou pedir para minha assistente ligar para você e agendar um horário. Agora, se me dá licença, preciso voltar ao trabalho.
- Tudo bem.- ele disse.
Nathaly saiu do escritório e se dirigiu para o elevador. Suas pernas estavam bambas, e ela não confiava em si mesma para descer todos os lances de escada até a sua sala. Ela apertou o botão para que a porta do elevador se abrisse, e ouviu a voz de Shawn chamá-la e perguntar:
- Será que você poderia me dizer onde seu chefe pode ter levado Andrew? Ele veio comigo e preciso encontrá-lo.
- Claro. Entre no elevador comigo que te levo até eles. -Nathaly disse, abafando a voz dentro de sua cabeça que gritava “ louca, louca, louca”.
Entraram juntos no elevador, e quando a porta se fechou o silêncio que se instalou entre eles se tornou inquietante, conforme os segundos passavam.
Nathaly tentava não olhar para Shawn, mas estava terrivelmente consciente da presença dele ao seu lado. Era quase impossível não sentir a energia vibrante que vinha dele, pois mesmo não dizendo uma palavra sequer ele preenchia aquele espaço mínimo onde estavam com seu magnetismo pessoal. Quase sem querer Nathaly o observou de lado, e se assustou violentamente quando percebeu que os olhos dele estavam sobre ela.
- Por que está me olhando assim? – Ela perguntou, sentindo a temperatura do elevador subir de repente.
- Eu queria ver por quanto tempo você iria me ignorar.- Shawn respondeu com aquele maldito sorriso que a deixou mole feito gelatina.
- Eu não estava ignorando você – Nathaly protestou, enxugando disfarçadamente suas mãos que suavam no bolso de sua calça jeans.
- É claro que estava, e fazia isso deliberadamente. Pensei que fôssemos amigos, Nathaly- ele se virou para ela,  colocando as suas mãos uma de cada lado da cabeça de Nathaly  prendendo-a entre o seu corpo e  a parede do elevador.
- O que pensa que está fazendo? – Nathaly perguntou, desesperada para escapar dos braços dele, pois tê-lo assim tão perto estava afetando os seus sentidos, e não conseguia pensar em mais nada a não ser na boca a poucos centímetros da sua.
- Estou tentando falar com você. Por que tem medo de mim, Nathaly? – a respiração dele atingia seus cabelos de leve, e sua pele começou a formigar desejando algo que a faria se arrepender depois.
- Isso é ridículo. Por que eu teria medo de você? – Ela ensaiou uma risada irônica, mas soou aos seus ouvidos como uma súplica desesperada.
- Talvez por que se sinta atraída por mim, - ele diminuiu mais um pouco a distância entre eles, e Nathaly começou a sentir falta de ar.
- Eu não sinto nada por você. – Ela insistiu teimosamente, o que fez o sorriso de Shawn se alargar ainda mais.
- Ah, não? Vou te provar que está mentindo.- e antes que ele pudesse reagir ele tomou os lábios dela com possessividade, sua língua se chocando com a dela em uma dança louca de paixão e desejo.
As mãos dele agarraram sua cintura, descendo descaradamente até o seu bumbum, e apertando-a contra seu corpo. Nathaly podia sentir a excitação de Shawn crescer a cada segundo, enquanto seus lábios exploravam os delas exigindo uma resposta que ela se recusava a dar. Ela não percebeu em que momento as mãos dela foram parar no peito musculoso dele, e começaram a acariciá-lo de leve. Shawn então abandonou os lábios dela por um segundo, e sua boca desceu até os seios dela nus embaixo da blusa rosa que ela usava, e abocanhou-os sobre o tecido.
Nathaly não conseguiu resistir mais, e se agarrou a ele, deixando que um gemido baixo escapasse de seus lábios entreabertos. Shawn então voltou a beijá-la e Nathaly sentiu a temperatura entre eles subir até as alturas. Mas então, Shawn se afastou e disse em um jeito todo sensual em seu ouvido.
- Vai negar agora o que sente? Vai dizer que não me quer? – Nathaly acordou daquele momento em que estava mergulhada, seu corpo odiando a distância entre eles, e se sentiu novamente humilhada, pois percebeu que Shawn somente a havia beijado para provar seu ponto de vista. A raiva tomou conta de sua voz quando ela disse entre dentes.
- Eu odeio você!
- E eu amo o jeito que você me odeia.- Shawn respondeu, sorrindo tão cinicamente que Nathaly sentiu ímpetos de socar o maxilar perfeito dele.
A porta do elevador se abriu, e ele disse como se nada tivesse acontecido:
- Ligarei mais tarde para discutirmos sobre a turnê.  Tenha um bom dia, Srta. Rodrigues. – Ele deu-lhe as costas e saiu.  Nathaly passou as mãos pelos cabelos, a fúria ainda brilhando em seus olhos bonitos, fazendo-a se lembrar dos quatro meses que teria que conviver com Shawn Mendes, e sua cabeça começou a doer imediatamente quando pensou no pesadelo que aquilo seria.









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Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora