Quando Dean entrou na mansão já se passavam das três da manhã. Seu cabelo ainda estava parcialmente úmido do banho não muito recente, e seu corpo estava bem mais leve do que quando ele havia saído naquela noite. O lúpus estava quieto, muito quieto. A sensação era de como se ele estivesse dormindo profundamente em algum lugar distante nas profundezas de seu subconsciente, deixando Dean no controle absoluto de seu próprio corpo. E a sensação era de longe formidável.
Há quanto tempo não se sentia assim? Dono de si? Ser ele mesmo? Já fazia um tempo consideravelmente longo.
Podia respirar com tranquilidade sabendo que não havia necessidade de calcular todos os seus passos e ações, por mínimas que fossem, porque ao menor descuido a besta poderia emergir a superfície e tomar o controle. Mas agora ele estava no comando absoluto e só havia uma coisa que desejava naquele raro momento de paz que estava vivendo.
Ele cruzou a grande sala de visitas em passos largos até chegar na escada, a casa estava completamente silenciosa como deveria estar naquelas horas da noite.
Sam provavelmente ainda deveria estar acordado em seu quarto esperando notícias suas, mas Dean não poderia se importar menos em avisar ao irmão que já estava em casa e que havia dado um fim naquele verme miserável. Depois de horas e horas de diversão, deixando que o lúpus realizasse todas as suas mais perversas e cruéis vontades, até que a besta se cansasse e finalmente finalizasse sua presa. Uma parte sua lhe dizia que ele deveria se sentir culpado por tirar mais uma vida, mas a outra que sempre levava a melhor, a que já não era inteiramente humana, o lembrava que tipo de homem era aquele e o que ele poderia ter feito com Castiel caso Dean não tivesse chegado à tempo de salvá-lo. E além disso, ele não seria o primeiro e certamente também não seria o último ômega a sofrer nas mãos daquele verme caso ele continuasse vivo. Então não havia necessidade de se culpar por exterminar sua existência imunda. Dean estava na verdade fazendo um favor ao mundo, o livrando de mais um monstro.
Você também é um monstro.
Aquela voz irritante soou no fundo de sua mente, fazendo-o trincar os dentes e sacudir a cabeça quando girou a maçaneta da porta de seu quarto. Ele não queria pensar em mais nada daquilo. A besta desejava sangue e ele havia lhe dado o suficiente, agora que ela estava saciada, Dean sabia exatamente como queria aproveitar seus poucos momentos de paz.
Castiel estava dormindo no seu lado da cama, encolhido como uma pequena bola em torno do travesseiro de Dean. Ele baixou um pouco a cabeça e seus lábios repuxaram-se para um lado, formando um pequeno e sutil sorriso, foi um ato totalmente involuntário e que ele não pôde evitar ao testemunhar aquela cena adorável. O ômega tinha aquela necessidade de tê-lo perto de si todas as noites. No começo aquilo tinha sido extremamente difícil para Dean, era um contato tão íntimo e no mínimo desconfortável. Seu corpo sempre rejeitava aquele tipo de contato, mas para a sua surpresa com o passar dos dias ele acabou acostumando-se em ter Castiel enrolado, seguro e aquecido dentro do aconchego de seus braços.
Ele deixou o blazer que havia retirado no caminho cair em qualquer lugar no chão do quarto, e deu a volta na cama para poder observar o ômega adormecido.
Essa tinha sido outra coisa com a qual ele havia se acostumado sobre Castiel. Na verdade ele tinha desenvolvido aquele hábito um tanto estranho, e poderia até soar um pouco psicótico, mas ele adorava observar Cas dormir. Desde que se casaram ele tinha passado a maior parte de suas noites assim. Dean sempre acordava no meio da madrugada e como já era habitual, não conseguia voltar a dormir, o que o deixava com duas opções: ir para o escritório trabalhar ou esvaziar algumas garrafas de whisky, como sempre fazia. Ou então ficar ali em silêncio observando Castiel dormir tão calma e serenamente. E ele sempre acabava ficando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Please Stay • destiel [a/b/o] CANCELADA
FanfictionEm uma época onde casamentos eram arranjados e ômegas eram criados para serem perfeitos submissos, Castiel se ver obrigado a casar-se com um desconhecido para salvar os bens herdados de seu falecido pai. Mas um casamento tão repentino e sem amor nã...