juntos no azar ; taeseok

Capítulo especial • Taehyung

#FaleiEmVozAlta

Antes do começo...

— Vão em paz e que o Senhor vos acompanhe — diz o padre.

— Amém — respondo junto ao resto da igreja.

Quando todos começam a se levantar dos bancos, meus pais olham para mim e sorriem, mas eu não consigo sorrir de volta. Apesar da fé revigorada pela missa de domingo, meu coração está triste pelo que eu planejo fazer.

— Vamos, Taehyung. — Minha mãe me puxa levemente pelo braço e eu a sigo até a pracinha arborizada que fica ao redor da igreja, enquanto meu pai ficou para trás conversando. — Adorei o sermão de hoje. Padre Lee Hansol estava certo quando disse que os cristãos têm que se fortalecer. No passado nós estávamos sempre espalhando a palavra de Deus e hoje nós sofremos preconceito por nossa fé. Esses cristofóbicos... Mas a justiça divina virá.

Eu acho que os cristão estão bem até demais. E o que seria se fortalecer? Voltar a ensinar sobre a bíblia para povos que já tinham a própria religião ou será que eles estavam falando de queimar os hereges? Eu concordo em espalhar a palavra de Deus se for pela salvação da alma, mas me parece que alguns cristãos querem fazer isso para que ninguém os refute. Não pelos outros, mas pelo conforto de si mesmos. Não me parece muito cristão.

No entanto, eu não vou dizer isso à minha mãe.

— Sim, é verdade — é o que respondo.

Debaixo da sombra de uma árvore, estamos em pé esperando meu pai resolver sair para enfim almoçarmos em um restaurante ali perto. Minha mãe retoca o protetor labial e eu seguro uma grande revirada de olhos quando vejo uma mulher se aproximando de nós. Não reconheço seu rosto, mas logo descubro que é uma velha amiga da minha mãe quando as duas se cumprimentam dizendo "Há quanto tempo!". E lá vem a pior parte.

— Meu Deus, esse é seu filho? Está enorme. Tão bonito. Tem quantos anos?

Eu ia responder, mas sou cortado.

— Ele tem 25 anos. Engraçado você falar que ele é bonito...

Na verdade, não é engraçado.

— ... porque Taehyungie é modelo, sabia?

Não, ela não sabia. Por isso faz cara de surpresa.

— Jura? Omo! Modelo de onde?

— Ah, várias revistas e desfiles. Antes ele fazia parte de uma agência, mas agora o pai dele e eu somos seus agentes. É um trabalho lateral, mas o fazemos muito bem.

Que aliás, você não queria me deixar fazer até ver o cachê.

— Que incrível! Parabéns, amiga.

— Ai, obrigada.

Podemos ir agora, por favor?

Como se ouvisse minha prece, meu pai sai da igreja e vem até nós, já balançando as chaves do carro. Ele cumprimenta a mulher e acontece mais conversa que eu não presto atenção por estar olhando um ninho de pássaros logo acima de nossas cabeças.

Se ao menos eu tivesse asas.

— Taehyung-ah. — Volto os olhos para meu pai quando ele me chama. — Vamos, filho. Está com fome?

A mulher tinha ido embora, sem falar diretamente comigo, assim como quando apareceu.

— Estou. Lugar de sempre?

— Claro, se você estiver pagando — ele ri, mas não é piada.

Forço um sorriso, deixando para lá. Essa será a última vez em um bom tempo e acho que posso perdoá-los por um dia antes de quebrar seus corações e seus bolsos.