5. O azar de amar nossas conversas

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Anteriormente, em Juntos no azar...

Soltei todo o ar dos meus pulmões e passei a mão na testa. A luz do meu quarto estava acesa para que, quando eu fechasse os olhos, não ficasse completamente escuro.

Só que ficou.

Sentei com o coração disparado. Era outro apagão. "Não. Não. Por favor, volta luz", implorei em pensamento, mas ela não voltava e eu não tinha forças para levantar e abrir as cortinas.

"Não me deixe nessa escuridão de novo."

*~*

Eu estava sufocando. Sabia que nada pressionava meu pescoço ou tapava meu nariz, mas ainda assim não conseguia respirar direito. Puxei o ar com sofrência como se oxigênio fosse a única coisa no mundo que eu quisesse e ao mesmo tempo que não pudesse ter. Minha visão se embaçou com lágrimas de desespero. Fazia meses desde a última vez que senti minha fobia naquela intensidade, nem o parque de diversões foi tão aterrorizante. Eu estava vendo absolutamente nada. Só havia sofrimento.

A escuridão me consumia de uma forma que nem a terapia conseguiu curar. Parecia estar entrando nos meus ossos e tomando conta da minha alma. Eu podia escutar os barulhos da rua e sabia que se abrisse a cortina, as luzes do céu iluminariam um pouco meu quarto, mas minhas pernas não me obedeciam. Andar na escuridão era pior do que ficar parado nela.

Abracei meus joelhos e fechei os olhos com força.

"Eu não estou cego", ficava repetindo para mim mesmo. Era só o escuro, ele não podia me fazer mal, entretanto meu corpo não conseguia acreditar na razão, por mais lógico que eu pensasse.

Então, como no dia que eu me perdi no parque de diversões abandonado, eu vi uma luz e ouvi uma voz chamando meu nome.

— Jung Hoseok?

A brancura repentina da lanterna fez minhas pupilas doerem e eu vi um ser alto banhado em brilho.

— Taehyung-ah? — Subitamente, eu podia respirar de novo. — O que está fazendo aqui?

Não que eu não estivesse super agradecido por ele ter aparecido literalmente como uma luz na escuridão, mas era bom demais para ser verdade. Talvez eu estivesse delirando.

Taehyung mexeu nos cabelos, envergonhado.

— Eu lembrei do que você disse mais cedo e vim ver se estava bem. Sem energia, as trancas eletrônicas das portas param de funcionar, então entrei. — Inclinou a cabeça educadamente. — Desculpa a intromissão.

Isso fazia total sentido, mas por que ainda não parecia real?

— Desculpa? — Meus olhos se encheram de lágrimas. — Está brincando? Essa foi a coisa mais doce que alguém já fez por mim.

Ele não respondeu e eu vi um pequeno sorriso em seus lábios. Eu vi. Eu estava vendo. Por que ele saiu do apartamento dele com uma lanterna e veio para o meu saber como eu estava! Tipo... Eu me apaixonei mais ainda... Ele não podia fazer isso comigo.

Taehyung deixou a lanterna na cama e foi abrir as cortinas.

Muita luz entrou, porque não era um apagão na rua, era no prédio. Meu Deus, que azar. Minha onda de sorte havia acabado mesmo?

Suspirei, meio aliviado, meio irritado.

— Obrigado, Taehyung-ah. — Eu fui na vibe de chamá-lo pelo primeiro nome de novo, já que da primeira vez deu certo.

Ele continuou sem se importar e deu um enorme sorriso. A luz vinda de fora o deixava mais bonito ainda. E eu percebi que ele estava de pijamas e com o cabelo bagunçado. Será que eu podia finalmente considerá-lo meu amigo? Afinal conhecidos não saem da cama para ir no vizinho salvá-lo de um possível ataque de pânico.

juntos no azar ; taeseokOnde histórias criam vida. Descubra agora