Capítulo 6

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            No dia seguinte, sob uma autorização especial, Neal conseguiu visitar Rachel. Primeiro apenas observou-a. Ela estava entrando no sétimo mês de gravidez e bem mais inchada que há três semanas, quando voltaram da França. Não era uma surpresa, mas sim a confirmação de que o presídio estava lhe fazendo mal. Sob os olhos ela levava as marcas de uma noite mal dormida. E ele simplesmente não soube o que lhe dizer.           

            - Olha...eu sei que não deveria ter brigado com o médico. Eu sei tá! Mas ele não vai encostar na gente. Nem em mim nem na Helen. Ele disse que eu não deveria ter mais filhos e já ia preparar um procedimento de esterilização pro pós parto e...

            - Calma...eu não disse nada. Nem pretendo te recriminar. Esse médico não vai te atender nunca mais, se é a sua vontade. – Os anos de convivência lhe ensinaram a acalmá-la antes de qualquer coisa.

            - Mas e Helen? Ela precisa...

            - Vocês duas precisam de atendimento médico. Nós estamos resolvendo isso, Rachel. O Mozz entrou com pedido para que Richard te atenda. Se nos negarem, teremos de ver outro médico da nossa confiança. Não se preocupe. E como você está?

            - Bem...dolorida, mas bem.

            - As costas doem?

            - Sim. Me sinto muito pesada. Estou pesada demais.

            Circulando a mesa que os separava Neal começou a tocar-lhe de leve as costas numa massagem improvisada e sob, sabia, olhos atentos dos guardas. Sentiu o quanto ela estava enrijecida pelo estado nervoso.

            - Tem de se controlar, amor. – Num beijo dada perto do ouvido ele conseguiu lhe passar a mensagem desejada. – Sabe que vou te tirar daqui. – Ele tornou a erguer o tem de voz. – Relaxa e peça auxílio médico caso a dor fique forte.

- Mas nada disso é insuportável, amor.

- Quando tudo isso acabar a gente vai estar junto e esquecer tudo isso.

- E George?

            - Querendo te ver. Pede por você. Pergunta se não vai voltar. Eu não sei mais o que dizer, Rachel. Talvez seja melhor trazê-lo e...

            - NÃO! NUNCA. – Ela exaltou-se. - Não quero que meu filho me veja assim, Neal.

            - Eu acho que ele lidaria melhor com isso do que com o afastamento, Rachel. Mas eu vou respeitar seu pedido.

            Quando deixou o presídio Neal seguiu ao FBI com a cabeça em dois grandes problemas: o caso da tela falsificada e o atendimento médico de Rachel. O aspecto dela não era bom. E não apenas fisicamente. Rachel lhe pareceu muito triste, quase depressiva. No início dos sete meses, estavam próximo do limite para uma fuga. Logo Peter a tiraria de lá ou ele mesmo o faria.

            Antes de chegar ao FBI já encontrou com Sara no caminho e foi discutindo os poucos avanços do caso. Estava aguardando o quadro para analisar e já tinha pesquisado para descobrir informações do original. Mozz tinha pedido informações a alguns contatos e nada apareceu. Seja quem fosse o falsificador que trocou as peças, não vendeu o original no mercado negro ainda, ou seja, não tinha lucrado com o golpe.

            - Natural. Está esperando a poeira baixar. – Tinha dito Mozz ao saber do crime.

            Peter tinha na véspera interrogado o homem que vendeu o ‘Landscape with Horses’ para Lorenzo Beltracci. O curador de um museu pouco conhecido da Bulgária disse ter a peça há anos e jamais desconfiar que de poderia ser uma falsificação. Na época da compra, um especialista analisou e garantiu ser real. Quando passou todas as novidades à Sara, ela apresentou suas conclusões.

Diaba Ruiva: Passado ReveladoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora