Capítulo 9

875 68 21
                                    

Quando começou a despertar, Rachel ainda sentia o corpo cansado e a mente confusa. Cadeia, fuga, hospital, parto, Neal atrasado e...Helen, finalmente Helen em seus braços. A menina havia nascido. Lembrava-se de vê-la. Linda, pequena e tão frágil. Podia ainda sentir seu cheiro no ar. Mas onde ela estava? Piscando para clarear a visão, procurou por sua filha e seu marido. Não estavam ali. Rachel tentou erguer-se na cama e alcançar o botão para chamar a enfermeira. 

- Ei, ei, ei! Calma. – Ouviu a voz de Neal vir das suas costas, suave, quase num sussurro. – Mamãe acordou ansiosa, filha. É para te conhecer. 

Impossível não sentir as lágrimas novamente verterem de seus olhos. Ela estava ali. Tranquila, ressonando no colo do pai. Ele estava ali. Orgulhoso de carregar a filha nos braços. Tudo pareceu tão lindo naquele momento. 

- Eu quero pegá-la. Me dê. – Disse estendendo os braços para receber o pacotinho de pele macia e bochechas rosadas. – Como ela está?

 - Perfeita. – Neal sorria ao olhar para mãe e filha. – Tem 3 quilos 870 gramas e 48 centímetros. Uma grande bebê.

- Sim, isso explica o tamanho da minha barriga. – Rachel tocava a filha e conferia cada detalhe. Parecia perfeita demais. – Ela é linda.

- É. Helen puxou a beleza da mãe.

 Ela não se sentia nada bela naquele momento, poucas horas depois de dar a luz, sentindo a barriga inchada e os pontos da cesariana arder. Poucas vezes sentiu-se tão exausta. Nem mesmo quando seu a luz George e logo depois encarou um fuga internacional. Helen realmente lhe deu trabalho para vir ao mundo. Mas quem liga? Tudo era válido para vê-la ali, bem, sadia, forte e com uma vida inteira para aproveitar. Mesmo que...que ela fosse ver tudo de longe, de uma cela fria e sem vida.

Quase sem perceber, o choro de alegria pela chegada de Helen tornou-se de tristeza, quase desespero. A infância de George estava passando e Helen mal teria chance de se acostumar com ela antes de ser retirada de seus braços. Quando uma de suas lágrimas caiu sobre a bochecha da filha, Neal percebeu sua mudança de humor.

- Helen herdou o seu gênio também. Se você não lhe der de mamar nos próximos minutos e parar de chorar, logo estará soluçando também.

- Não. Mamãe não deixa ficar com fome – Ela ofereceu o peito e Helen primeiro cheirou e tateou por alguns minutos, reconhecendo a mãe. Quando finalmente abocanhou-o para receber o alimento, sugou forte.  – Vamos ter de nos organizar para eu tirar o leite no presídio e levarem para ela. Quantos dias me deixarão aqui com ela? Eu posso fingir algo. É, é isso! Falarei com Laura. Vamos fingir uma infecção. Assim eu fico com ela aqui mais uns dias e.... 

- Calma Rachel. Nada disso é necessário.

- Mas eu não quero ficar longe dela ainda. É minha! E tão novinha!

- E não vai ficar. Se tudo der certo, amanhã você ganha a sua alforria...mesmo mantendo uma tornozeleira.

 Sob um olhar que misturava descrença e esperança, Neal contou os últimos acontecimentos. E não eram poucos. Nem simples. Passo a passo, o perfil de Thomas Carter e seus atentados, a investigação promovida pela Interpol, o embaixador inglês e sua estranha exigência foram apresentados para Rachel. 

- Espera! – Rachel não estava engolindo aquela história. – Esse Nohan simplesmente ‘me quer’? Assim? Sem motivo?

- Obviamente ele tem algum motivo escuso, mas falou apenas no seu currículo profissional. E tinha um arquivo da sua vida, Rachel. Não sei se é completo, mas, mesmo assim, não é só pela sua longa história com MI5 e FBI, com agente ou foragida, que eles desejam você. Nohan esconde alguma coisa. Mas na verdade, essa é a nossa melhor, talvez a única, chance de te colocar de volta na rua.

Diaba Ruiva: Passado ReveladoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora