Amigas?

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  Uns dez minutos após eu estar esperando do lado de fora do aeroporto uma BMW 320i prata parou na minha frente, os vidros eram escuros demais para dar para ver quem estava dentro.

  Uma garota loira, absurdamente branca e magra sai do carro, está usando óculos escuros enormes, mas nem tem sol... Está usando um salto 15 e um vestido preto, um batom vermelho sangue que a deixa ainda mais branca. Logo atrás um garoto alto de cabelo loiro queimado a segue, ele usa um casaco pesado bege e um óculos escuro apenas um pouco menor do que o da garota, com lentes tão escuras que nem é possível imaginar a cor de seus olhos. O garoto vem logo atrás como se usasse uma coleira e fosse obrigado a segui-la.

   Ela para na minha frente, estava sentada no chão até ela me oferecer à mão. Não falo nada, mas nem preciso, ela parece ser daquele tipo de mulher que não cala a boca ou a vilã de um filme teen. Tipo uma Regina George só que de Crepúsculo. 

   - Então você é a Victória! Sou a Anelise, seremos muito amigas!

   Fico um pouco assustada quando ela vai me puxando para o carro, o garoto pegou a minha mala, eles podiam muito bem estar me sequestrando e me levando para uma prisão da qual fossem me torturar até a morte. Que pensamento péssimo para se ter nos primeiros minutos em um novo "lar". Assim que entro no carro ela tira os óculos, seus olhos são mais azuis que os mares do Caribe.

   Nos primeiros segundos supus que ela poderia ser como a Mor em Corte de Névoa e Fúria, isso me tornaria a Feyre, mas a Feyre era gata e só dormia com gente gostosa, eu durmo abraçada no meu travesseiro... Mas a cor dos seus olhos fez com que ela não pudesse ser a Mor do meu Acotar... Nada fanfiqueira da minha parte.  

   - Mas onde está a Brittanie?

   - Minha mãe não pode vir, então ela me mandou junto ao chofer... Esse é o Axel, meu melhor amigo e agora seu amigo também. Dá oi Axel! - Berrou a garota.

   O garoto mal havia entrado no carro, mas respondeu, ele foi no banco da frete desta vez. Essas pessoas são tão estranhas.

   - Lise, você pode me deixar na minha casa? - Perguntou Axel.

   - Claro!

   Sentia os olhos de Anelise em mim, sentia ela me julgando silenciosamente, o mesmo tanto de estranheza que estou tendo com ela, ela deve estar tendo comigo. Somos tão diferentes.

   - Posso te fazer uma pergunta? - Balancei a cabeça em concordância. - No Brasil, realmente tem jacarés andando pelas ruas? Porque se tiver como, ou onde, vocês fazem o carnaval?

   Aparentemente inteligência não era o forte dela, uma pergunta que me deu vontade de rir, mas respondi com uma cara séria, pois acho que era isso que ela esperava.

   - No Brasil não tem jacarés andando pelas ruas, e eu morava em uma cidade chamada Curitiba, conhecida por não ter carnaval, somos um povo mais... Fechado.

   - Nós também! - Ela passou suas mãos em meu braço, não contive e acabei me afastando um pouco. - Nós menos eu, é claro, sou super comunicativa e vou fazer você se sentir em casa... Aaaaa! Axel! Anota! Vamos fazê-la ser uma das garotas mais populares da escola. Quero criar uma estrela.

   - Anotado Lise, - Ele realmente anotou em um bloquinho. - Mas acho que você vai ter um longo trabalho... Sem ofensa.

   Dou um sorriso totalmente forçado. Falar "sem ofensa" não evita que ofenda.

   - Calma, não ofendeu.

   Voltamos a ficar em silêncio, até o carro parar em frente a um condomínio enorme com portões que parecem lanças feitas de ouro, o dia está nublado e frio. Axel desce do carro, mas antes se despede de nos duas.

   Anelise continua contando sobre sua vida de modelo e de como todos são falsos e de como preciso tomar cuidado por ser diferente. Até que quando achei que minha cabeça estava preste a explodir ou de eu ter uma overdose de likes do instagram da Lise, paramos em um portão branco e dourado, no fundo havia uma casa enorme branca.

   - Esse é seu novo lar, a mansão Christesen. Onde você morava antes?

   Ainda estou pasma, e um pouco envergonhada quando vou dar a resposta.

   - Em um apartamento de 55 metros quadrados.

  Seu sorriso não mudou, querendo ou não, ela ainda estava tentando ser simpática.

   - Nossa! É do tamanho do meu quarto! Viu já temos algo em comum!

   Ela não precisa saber mais que isso. Atravessamos os portões. Anelise sai correndo com aquele salto como se estivesse de tênis, para apenas na entrada de mármore branco da casa, é tão alto. Ela empurra a porta dupla e damos de cara com uma linda recepção, sinto como se estivesse entrando em um hotel.

   - Vem, vou mostras o seu quarto.

   A loira me pega pelo pulso e me puxa escada a cima, há diversos quartos no andar, ela abre a terceira porta do corredor, meu quarto, provável que seja do tamanho do meu antigo apartamento igual o seu.

   Não tem muitas coisas, uma cama enorme, uma escrivaninha, uma porta que provavelmente leva para um banheiro e uma enorme passagem que mostra um enorme closet vazio. Passo a mão nas prateleiras.

   - Vamos ao shopping amanhã e na loja de uniformes. Você não vai vestir isso andando comigo.

   Agora me sinto profundamente ofendida.

   - Quem disse que eu vou andar com você?

   - Eu disse, meu sonho era ter uma irmã e não vou deixar que façam piada de você por ser deslocada.

   - Não tenho dinheiro para comprar roupas como as suas.

   - Quem disse que você iria pagar? Você está em boas mãos, irmã?

   - Irmãs?

   - Vou deixar você sozinha por um tempo, no jantar você vai conhecer meus pais... Nossos pais... Pode descansar, vou vir buscar você! Juro de dedinho se quiser.

   Ela sai, irmãs? Ninguém merece, melhor isso que nada. Meu novo quarto tem um banheiro que é do tamanho do meu antigo quarto, isso é tão surreal. Tomo um banho, é tudo branco e dourado. Apenas o quarto que é branco, cinza e rosa. Acho que dormir na banheira, pois quando abri os olhos à água estava fria. Sai e coloquei outra roupa, não me maquiei desta vez.

   Lise não veio atrás de mim, tanto faz, segui o som. Todas as portas da casa eram duplas tirando as dos quartos, a casa só tem dois andares, e a sala de jantar era no primeiro andar.

   Assim que entrei, a primeira coisa que olhei foi para o teto absurdamente alto com lustres de cristais, a mesa tinha 22 cadeiras, tirando que eles eram apenas três, agora quatro.

   A moça ao lado de Anelise deve ser a Brittanie minha responsável, ela é idêntica a filha, loira escorrida dos olhos azuis, usava um vestido rosa claro quase bege expondo os ombros. Na ponta da mesa sentava um homem de uns 37 anos, de cabelos marrons claros e olhos azuis, usava um terno cinza grafite.

   Os olhos de Lise se arregalaram quando me viu e já se levantou e começou a falar:

   - Vic! Me desculpe, eu meio que me esqueci de você, mas assim, não vai se repetir... Essa é minha mãe Brittanie e esse é meu pai...

   - Josh Christesen, prazer Victória. Tem camarão para o jantar, gosta?

   - Sim, claro, obrigada.

   Sentei-me ao lado de Lise, que estava emburrada pelo pai ter a interrompido, me servi e fiquei quieta, até o meio do jantar nos mantemos assim, mas Anelise não conseguiu manter o silêncio por mais tempo.

   - Pai, mãe, amanhã eu e a Vic podemos fazer compras no centro? Ela não pode ir para a escola semana que vem vestindo isso.

   Revirei os olhos e olhei para Anelise com raiva, Brittanie começou a rir.

   - Claro que pode meu amor, mas não precisa falar assim. Ela se veste como todas as pessoas normais, você que tem essa mania de estar sempre com as roupas das revistas... Sua mãe trabalha Victória?

   - Sim, meu padrasto também. 

   Anelise interrompeu a mãe antes mesmo que ela conseguisse começar a falar.

   - Nos somos donos de quinze concessionárias da BMW, só em Copenhague. E temos outras espalhadas pelo país. Meu pai que toca o negócio, minha mãe é advogada.

   Agora faz sentido o carro que foi me buscar e os outros cinco estacionados na porta da casa. Eles realmente têm muito dinheiro, essa garota nunca vai ter que se preocupar um dia da vida com isso.

   O resto do jantar foi bom, conversamos bastante e nos conhecemos melhor... Eu os conheci melhor, já que Lise tornou o jantar um monólogo.

Como agarrar um monarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora