Noite de estrelas e paz?

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   Eram onze e meia, quando saímos. Anelise disse para os pais para não nos esperarem acordados, mas acho difícil, principalmente quando a filha tem 16 anos. A viajem foi toda na minha playlist, a garota até que gostou, falei que um dia iria fazer ela escutar minhas músicas em português e que iria entende-las e até cantar junto, uma garota como Lise faria esse tipo de esforço.

   Chegamos escutando "Social House" da Ariana Grande. A casa era um pouco maior que a de Anelise, só que estava cheia de jovens e com uma música alta vindo de dentro. Assim que fechei a porta do carro, nossa música acabou e só escutávamos a batida que tocava dentro da casa.

   Que por acaso era péssimo!

   Assim que nos aproximamos da porta, o garoto, o mesmo que nos convidou, aparentemente dono da casa, apareceu. Jogou o braço sobre mim, não neguei, ele era forte, mesmo com aquele moletom branco, fino, sentia seus músculos e o peso deles sobre mim. A loira estava certa, eles poderiam nos quebrar como palitos de dente.

   - Ane, tem bebida na mesa, vou apresentar sua amiga para geral. - Seu rosto era simpático seus olhos eram escuros, pretos, ele deu um meio sorriso para mim quando me olhou, tentou não olhar para o decote do vestido que Anelise arranjara para mim. - Curti o vestido, preto fica bem em você. Não que eu ache que algo fique ruim em você. - Ele foi me guiando, me mostrando a casa e falando das pessoas, seus nomes e séries, até chegarmos ao jardim que estava mais silêncios, mas ainda sim lotado. - Acabei de perceber que ainda não sei seu nome... O que é meio que bastante constrangedor, já que estou com o braço sobre você, te apresentando a minha casa e tentando flertar de forma discreta.

   -  Ainda não sei o seu também, acho que estamos quites... Seu flerte é bem discreto mesmo. Até que gosto disso.

   - Há! Não acredito que Ane não falou quem eu sou, então... Prazer, Knut Miskivensks, o cara mais legal que você vai conhecer na nossa escola, quem sabe um futuro pretendente para você. E o seu?

   - Um pouco convencido da sua parte, se considera o mais legal da escola, e digno de mim, tirando que as aulas nem começaram... Prazer, Victória Vieira... Para ter um sobrenome tão difícil sua família deve ser dona de... Sei lá, um porto ou de fazendas.

   Ele sorriu, seus dentes são brancos quanto a neve. É bem bonito, um bom partido para Lise, garotos ricos não se apegam e ela não quer nada de apego, melhor,  nada parecido com um relacionamento clichê. Acho que ela queria a minha vida.

   Fui pedida em namoro por mensagem e raramente Pedro e eu ficávamos sozinhos, nosso relacionamento se baseava, praticamente, em andar de mãos dadas e abraços e alguns selinhos ocasionalmente. Nada de grandes gestos, nada do que sempre quis. Pedro vivia falando em casar e filhos, mas nunca quis isso, quero viver, viajar e curtir. Acho que Lise quer a mesma coisa que Pedro. Seriam ótimos amigos!

   - Errou, minha família vende aviões de guerra e armas, hoje em dia praticamente só mantemos nossa fortuna, no passado vendíamos muito, segundo meu avô, mas até que gosto mais de saber que não vendemos esse tipo de coisa, odeio violência, guerras são coisas horríveis e não gosto de pensar que minha família está diretamente vinculada a morte de pessoas. - Rapidamente Knut mudou de assunto. - E a sua família, vende motos de luxo? E já sei que sou o cara mais legal, sou do segundo ano... Caloura?

   - Quem dera, sou só uma intercâmbista jogada nesse mundo de vocês, não que não esteja gostando de fazer cosplay da vida dos personagens de Elite. - Amém o garoto entendeu a referência, já que deu uma gargalhada. - E sim, caloura.

   - Espero que esteja gostando do "meu mundo" e sim, ele pode ter uma vibe de Elite mas juro que não acontece um assassinato por semestre e não é aquela putaria e drogas. Somos até que jovens muito educados! - Ri com isso. - Adoraria te mostrar que ele é bem mais Incrível do que possa imaginar. Ane é bem certinha e você... Você enfrentou o Félix! E eu escutei a tarde toda, ele reclamando de você... Vic, você realmente o deixou irritado. Alunos novos devem tomar cuidado, principalmente primeirinhas como você.

   Caralho, todos vão me chamar assim?

   - Tória, não Vic... E o monarca não vem?

   - Vem, mais tarde. É realmente difícil convencer a família, no caso, a mãe dele de deixá-lo sair, principalmente com a mídia em cima dele o tempo todo. Tipo. É raro sair coisas sobre ele, mas se acontecer, ele terá grandes problemas... Acho que não gostaria de ser um "monarca", como você diz. Muitas regras, muitas gente cuidando da sua vida, responsabilidades... Apenas problemas.

   - Eu odeio regras... E eu ser nova não quer dizer que tenho que aceitar tudo e abaixar a cabeça... - Ficamos em silêncio, definitivamente estraguei o clima, então percebi que estava tocando "The Nights" e eu amo essa música. - Quer dançar? Adoro essa música.

   O garoto fez que sim com a cabeça, já fui puxando-o para dentro da sala, estava lotada, luzes azuis piscavam, de vez em quando, vermelhas. Não sei como, mas estava com um copinho verde na minha mão, Lise estava do meu lado dançando com Axel, só que não dançavam como casal. Knut bebeu o copinho verde, que estava em sua mão. Quando ele havia pegado aquilo? Fiz uma careta, pois aquilo tinha um gosto horrível! Quando perguntei o que era para Lise, ela apenas disse:

   - Não sei! Mas tem gosto de verde!

   O que era gosto de verde? Não faço a menor ideia, sei que tomei um vermelho depois e outro amarelo... Um azul também.

   Sentia o corpo de Knut encostando-se ao meu, mas estava tão envolvida na música que nem liguei, ele colocou a mão na minha cintura e eu a segurei, estava gostando daquilo, do barulho, o mundo girava a minha volta,  estava me esfregando contra ele enquanto sinto sua respiração na minha orelha, sua voz soava como a de um amante, doce, sensual e calma.

   - Estão todos olhando para você...

Como agarrar um monarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora