Confissões

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   Era domingo, e só conseguia pensar em como faria para esquecer o Félix, não poderia pedir para a Lise me ajudar e nem para Knut, precisava de alguém que não achasse estranho eu estar criando sentimentos pelo príncipe, alguém que não julgaria. E só um nome vinha na minha cabeça... É... Nikolai, acredito que do mundo todo, ele seria o mais disposto a me ajudar. Tinha o telefone dele, não era como se tivesse me restado muitas outras opções, ele queria que eu ficasse longe do monarca para não acabar com o relacionamento dele com a sobrinha do tutor de Atena, irmã mais nova dos garotos.

   E como eu não estou interessada em continuar a ter sentimentos pelo imprestável do Félix, iria unir o útil ao agradável nessa situação.


Nikolai

- Você está livre hoje? Preciso conversar com alguém.

- Estou em um ensaio fotográfico da Dior, quando acabar passo na sua casa.

- Certo, brigada.

   Ele não visualizou, mas cerca de duas horas depois, um carro enorme preto, parou no portão, era um carro da Volvo. Sai e fui até o carro, quando abri a porta, lá estava Nikolai com seus cabelos pretos levemente compridos e de cachos grandes, sorrindo para mim como um raio de sol.

   - Você não tem amigos para desabafar? Ou queria ver esse rostinho lindo de novo?

   Dei um sorrisinho e entrei no carro. Sentia que seria um dia bem interessante.

   - Acho que os dois. Para onde vamos?

   Nikolai era um cara bem mais carismático do que achei que seria, mais divertido também. Ele em momento algum me analisou dos pés a cabeça, só olhava para o meu rosto. Só usava rímel e iluminador hoje. O príncipe olhou para os meus olhos e eu para os dele, eram de um verde musgo e só agora vi seu rosto com mais atenção, seu maxilar era absurdamente bem desenhado e suas duas pintas ao lado da boca o deixava menos parecido com um dinamarquês, mesmo assim, o rapaz era a cara da Dinamarca, ninguém poderia dizer que Nikolai era feio, acho que isso era algo impossível, pois seu estilo mais despojado misturado com a ideia de parecer da realeza o deixava estonteante.

   Nas fotos de família que vi, ele sempre se destacava, se vestia diferente e mesmo assim não ficava destoado de todos, como é possível? Todos os seus looks poderiam ser chamados de memoráveis. Preciso saber quem o veste!

   - Nós vamos para a minha casa.

   Meus olhos se arregalaram e o desespero correu em minhas veias.

   - O que? Não. Não posso entrar no palácio vestida assim e muito menos para falar do assunto que quero. Por favor, Nikolai. Podemos ir para outro lugar?

   Diferente da maioria das pessoas, o príncipe era bem decidido. Quando queria algo, simplesmente queria, e nada mudaria a sua opinião.

   - Não. Quero ir para casa e você não diz não para mim, pequena Tória. O príncipe aqui sou eu, diferente do Félix, que gosta de ser desafiado, não gosto de coisas que exijam muito esforço da minha parte, então não perca seu tempo achando que pode discutir comigo ou que vamos discutir, não perco o meu tempo com esse tipo de coisa... E lá é o lugar onde teremos mais privacidade e onde nenhum curioso irá se meter.

   Fiquei quieta, quando voltei a olhar pela janela, sabia que já estávamos próximos do Palácio de Amalienborg, ele é formado por quatro grandes prédiozinhos de tom bege puxado para o cinza, com muitos detalhes. Eles formavam um círculo entorno de uma estátua de um homem montado em um cavalo.

   Entramos em uma garagem, fazendo com que perdesse toda a vista, dentro, olhei rapidamente para Nikolai que esperou que um guarda abrisse sua porta, suas roupas eram iguais as do que encontrei na frente do palácio da última vez, só que não entramos pela praça, passamos reto pelo portão que tinha ficado esperando da última vez. 

   Quando um guarda abriu a minha porta, percebi como eles eram altos. Seus uniformes eram como o da guarda britânica só que preto, azul e branco, havia uns detalhes em vermelho, era bonito.

   - Vamos, senhorita. - O príncipe me ofereceu a mão para mim com um sorriso no rosto, aceitei.

   O palácio por dentro era mais lindo do que pelas fotos, o piso era branco e preto e as paredes cheias de pinturas ou de um amarelo queimado, a mobília era deslumbrante como tudo naquele lugar.

   Nikolai me olhava com admiração, acho que estava como uma criança, mas quantas vezes você é convidada pelo príncipe para entrar em sua casa? Ele continuou me guiando até entrarmos em uma sala no terceiro andar. Seu chão era feito de madeira e havia vários livros nas estantes das paredes, a luz do sol das três da tarde entrava pelas grandes janelas. No centro, havia duas poltronas, tinha também uma mesinha de madeira clara. O garoto me sentou em uma e se jogou na outra de forma completamente despojada.

   - Esse era o local onde minha mãe, - Condessa Alexandra - trazia os amigos. – Ficamos em silêncio por um tempo até ele continuar. – Não moro aqui, nem o Félix. As portas estão sempre abertas para nós e passamos uns dois ou três dias aqui, mas moramos em uma propriedade em Österbro, com nossa mãe... Mas diga o que quer comigo?

   Ah, agora era a hora da conversa constrangedora...

Como agarrar um monarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora