Um café, apenas isso

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   Acordei com o meu celular vibrando, era cinco da tarde e eu ainda não havia comido nada, acho que era por isso que estava tão tonta. Meu quarto estava escuro e assim que cliquei duas vezes na tela do celular um brilho queimou minhas retinas.

   - Merda! Ai.

   Assim que abaixei o brilho, apertei meus olhos com os dedos. Depois vi que tinha uma mensagem no meu WhatsApp de um número desconhecido, quem seria?


Desconhecido

- Poderia ter te levado para casa, desculpe pelo Félix, mas ele realmente te odeia... Se estiver melhor, quer ir numa cafeteria? Eu pago.

   Ainda não sabia quem era, acho que sabia, mas queria fingir que não sabia, pois preferia não saber. Isso é estranho?

- Oi, claro. Estou melhor de ontem, não se sinta mal, está tudo bem... Como conseguiu meu número?

- Ótimo, chego ai em dez minutos.

   O que? Estava de pijama, levantei correndo, apenas passei um rímel e um iluminador, coloquei um vestido azul escuro, simples, algo que acho que Lise jamais usaria e um All star azul cano baixo, sem meia. Fiz um rabo de cavalo que estava claramente torto, mas não tinha tempo. Meu sutiã era preto, nem me incomodei de estar diferente, nunca liguei para essas baboseiras, por que me importaria agora?

   Nunca se nega comida de graça, fui muito bem criada! Quem liga para o sutiã quando tem comida em jogo?

   Assim que cheguei ao primeiro andar para esperar Knut, ele já estava lá conversando com Brittanie, meus olhos se arregalaram, assim que jogou o braço sobre mim, igual fez na noite anterior, olhei para trás, onde Brittanie fazia joinha com as duas mãos, estava feliz por eu sair com alguém que não fosse à filha dela? Retribuo com um sorriso de preocupação e vergonha.

   Ele estava com uma jaqueta de couro e os cabelos pretos presos em um coque, por baixo usava uma blusa branca comum e uma calça Jens e um daqueles tênis de burguês que a Anelise comprou para mim. Mais de cinco mil em um tênis feio, só porque ele tem um nome e é da Nike, vai entender...

   Assim que cruzamos a porta, tinha uma Lamborghini vermelha nos esperando, ela era linda. Knut abriu a porta para mim, assim que ele entrou meu coração disparou, é permitido apenas pessoas maiores de 21 anos dirigirem na Dinamarca. Se a polícia nos parasse ele iria preso ou pagaria uma multa muito cara, não que isso não fosse o troco do pão para ele.

   - Quer escolher a música? - Havia um sorriso bobo em seu rosto desde o momento em que eu desci.

   - Você não pode dirigir, não tem idade.

   O garoto estava sorrindo, ou melhor, rindo da minha cara como se o que tivesse falado fosse engraçado. Como se eu fosse uma completa ingênua.

   - Já tirei carteira nos Estados Unidos e eu faço 18 em três meses. E como disse, vou te mostrar as maravilhas do "nosso mundo" como você diz... Fica tranquila, gatinha. Esta em boas mãos... As melhores, se me permite dizer.

   Ele apenas acelerou, se for para pensar assim, faço 17 em quatro meses. Mesmo assim, aquele idiota não poderia dirigir, não está nos meus planos morrer por andar com alguém sem habilitação ou ser deportada por andar... Será que posso ser deportada por isso? Acho que só se eu estivesse dirigindo o carro... No fim, Knut escolheu a música e fomos cantando, a cidade é linda de tarde, o rio fica maravilhoso quando o sol está se pondo. Quando paramos na Isafjordsgade 5-7. Sim, parece que quem deu o nome dessa rua estava tendo um derrame.

   Café Alma, é o tipo de local caseiro perfeito para tomar um café e bater um papo gostoso. Como já diz no nome, alma, é o que não falta nesse café.  É labirinto de salinhas pequenas e pouco iluminadas, e o eclético mix de fotos em preto-e-branco e bugigangas caseiras que deixam um clima de sala de casa irresistível.

   Nos sentamos próximos de uma parede, pedi um chocolate quente, pois não gosto de café e o garoto pegou um bolo e uma água. Descobri que Knut e eu realmente temos muito em comum, gostamos de ficar em casa, música, gostamos de tudo, séries, conhecia tudo e ele gosta de poesia, isso é algo que é raro de encontrar, pessoas que realmente leem poesia por prazer. Não sei se disse apenas para me impressionar, quem sabe algum outro dia nos aprofundemos mais no assunto. Ficamos até as onze horas no café. Um rapaz que no fim das contas é realmente bem legal.

   O dinamarquês perguntou se eu queria ir para algum lugar, disse que não. Estava cansada, mas então falou que tem um lugar que precisava ir. Quando chegamos a uma ponte, das muitas da cidade, essa próxima da sua casa, Knut saiu do carro, fui atrás. Quando tirou o casaco e o tênis sobe o que iria fazer.

   - Você vem? - Aquele seu sorriso era estonteante... Qual era o problema que esses jovens tinham com pontes?

Como agarrar um monarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora