Acho que gosto dela - Félix

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Esperei o carro passar dos portões para entrar em casa. Acho que não queria entrar em casa, Nikolai iria esfolar a minha cara no asfalto, mas ela estava tão linda ontem...

Assim que abri a porta, meu irmão já me esperava sentado na escada. Droga. Ele colocou o braço sobre meu ombro e me guiou novamente para a cozinha que era onde ele estava antes. Me sentou em uma baqueta e ficou de pé do outro lado da ilha. Havia um prato de torradas na sua frente, a qual ele estava comendo.

- Você está apaixonado, sabe a merda que poderia ter dado? Mesmo assim a trouxe para cá... Você dormiu com a namorada do seu melhor amigo... Você é um ser humano desprezível, sabia? Ela também, mas você é mais e sabe os motivos.

- Não sei o que sinto por ela, é como se precisasse ter ela ao meu lado. Como se eu quisesse sua companhia...

- Caralho! Você está apaixonado mesmo... Como é ser boiolinha por casada?

Ele apoiou o rosto entre as mãos e me olhou com atenção, como se realmente eu fosse capaz de explicar.

Ignorei a provocação e tentei explicar, quem sabe assim a surra que ele me desse fosse ser menor...

- É como se o universo quisesse que eu a encontrasse...

- O destino!

- É! Soube desde a primeira vez que a vi que corria o risco de querê-la... Não sei explicar, foi como se algo tivesse me atingido...

- Acho que foi a mão dela na sua cara.

Nikolai riu tanto que precisou se sentar no chão. Babaca. Revirei os olhos e voltei para o meu quarto. Minha cama estava completamente bagunçada, mas mesmo assim me joguei nela, afundei meu rosto no travesseiro que ela tinha dormido, estava com o cheiro do seu shampoo, era de baunilha. Ah! Como eu amava aquele cheiro. Me virei para cima e observei o teto. Lembrei dela entre minhas pernas, dela sobre mim. Às vezes você só percebe a importância de um momento quando ele se torna uma lembrança.

Assim que me arrumei com uma roupa descente, observei a cama mais uma vez, merda... Havia uma mancha de sangue bem no centro. Meus olhos se arregalaram, preciso me livrar disso antes que minha mãe descubra.

Arranquei a colcha da cama e sai no corredor com ela esbarrando em meu irmão, e assim, quase despencando da escada. Se Nikolai não tivesse me segurado pela parte de trás da camiseta, teria sido uma queda e tanto .

- Calma, cheiro de sexo não é real.

- Que? Não é esse o problema... É esse.

Segurei a colcha com as duas mãos mostrando a mancha de sangue. Nikolai caiu na gargalhada mais uma vez, chorava de rir.

- Não bastava você dormir com a namorada do seu amigo, você tirou a virgindade dela também... Sobre as colchas. Se você estava pensando em só jogar fora, a nossa mãe vai matar você, precisa tirar a mancha. Sei que dá.

- Como?

- Disse que sei que dá, mas não como. Se vira, você transou, não eu. Não tenho que te ajudar. A regra é básica, ninguém te ajuda depois que você já está fodido. Boa sorte, comedor de casada.

Joguei a colcha no meu irmão, que tentou desviar, mas não consegui, seu gritinho foi impagável, sai de casa e pesquisei no Google como limpar mancha de sangue. Foi fácil achar algo que limpava. Água burricada, acho que é isso. O que importa é que tinha na farmácia. Comprei e voltei para casa.

Joguei na colcha que borbulhou e ficou quente, se isso derreter a colcha minha mãe... Ela vai me fazer costurar com a língua. Depois que parou de borbulhar passei um pano molhado, e realmente a mancha sumiu, ficou como novo mais uma vez. Desci para contar ao meu irmão como tirei a mancha, pois acho que todos deveriam saber, é muito prático!

- Da próxima vez, me avise quem estará passando a noite na sua cama... Eu praticamente não dormi, vocês são muito barulhentos, nem sei como nossa mãe não acordou.... Nós três poderíamos fazer um ménage incrível...

- Cala a porra da boca, Nikolai!

Assim que falei isso à porta se abriu, minha mãe e minha namorada entraram.

- Oi, Karen. - Disse meu irmão.

- Oi meu amor. - Falei isso, mas senti como se estivesse com um cacto na boca.

- Olá, Félix! Preciso da sua ajuda urgente! Meu nome não está mais nos mais comentados do Twitter. Precisamos viajar, ou sei lá, quem sabe você poderia me pedir em casamento... Sim... Seriamos assunto durante meses e quem sabe eu poderia até me tornar modelo...

- Não estou com cabeça para as suas ideias, no fim você vai fazer o que quer mesmo...

- Ele está de ressaca, querida, não dormiu essa noite... Bebeu um chá que... Vish...

Quase matei Nikolai naquele momento. Karen não sabe de nada, não sabe de Victória e não pode saber. Não sei o que essa maluca é capaz de fazer para não perder seu lugar na família real. Todo esse nosso relacionamento se baseia nisso para ela. No inicio podia até ser que houvesse sentimentos de minha parte, mas logo percebi que era só meus mesmo...

Meu domingo foi um dia morto. Minha namorada não calou a boca nem por um segundo, ela ficava se esfregando em meu irmão, pois no fundo, todos sabíamos que Karen queria ser rainha, mas para isso precisaria se casar com um de nossos primos e torcer para nosso tio Frederico morrer jovem para que ela pudesse ter, no máximo, uns três bons anos de reinado. Como se nós influenciássemos em algo hoje em dia.

-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_- Tória

A mansão de Lise estava silenciosa de mais para um domingo às dez da manhã. Fechei a porta da casa, tentando não fazer barulho. Minha amiga estava no sofá, me encarando com uma certa raiva no olhar.

- Como foi à noite?

Aja como se tudo tivesse dado certo, você consegue, você fez três meses de teatro.

- Foi ótima, deu tudo certo.

Ela abriu a boca e fez uma cara de indignação, nossa, nunca tinha visto Lise brava na vida.

- Mentirosa! Não acredito que está mentindo para mim! Knut me ligou falando que você sumiu no meio da noite. Agora me responda a onde você passou a noite?

- Não é da sua conta, Anelise.

Quando estava subindo as escadas pelo lado esquerdo, Lise subia pelo direito.

- Claro que é da minha conta! Você passou a noite fora e alguém trouxe você... E esse vestido não é seu! Não é como das outras vezes, sempre soube quem estava com você, nunca esteve fora do meu controle.

- Eu estou bem, tá legal? Viva e bem! Não precisa saber de mais nada.

Quando cheguei ao topo da escada, primeiro fui caminhar para o meu quarto, mas Lise correu e agarrou meu braço com força.

- É melhor você me contar ou diga adeus a Dinamarca, pois eu fiz você poder vir para cá, posso muito bem fazê-la voltar para o Brasil.

Não contive a risada, ela era de medo, mas não iria contar nada para ela.

- Está me ameaçando? Certo. Não preciso ficar aqui.

Lise me soltou quando disse minhas últimas palavras, vi choque em seus olhos, medo. Eu também estava, amava Lise, não queria ir embora.

- Por que não quer me contar?

- Pois não acho que estou pronta, mas contarei... Um dia, prometo.

Ela me abraçou e começou a chorar.

- Prometa que nunca mais vai dizer que vai embora.

- Prometo.

Ambas começamos a chorar, isso é muito cena de BBB para mim, mas não conseguia parar. Minha viajem estava me deixando maluca!

Passamos o resto do dia escutando música e vendo filme. Foi um domingo produtivo, mas estava com medo do próximo dia, pedi para que ela nem tocasse no nome do Knut, não queria saber da sua mera existências.

Mas só conseguia pensar na noite passada, em Félix, em seu corpo nu abrindo as cortinas, em seu calor, seu cheiro. Chega! Acho que gosto dele...

Como agarrar um monarcaOnde histórias criam vida. Descubra agora