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Chanel sempre gostou bastante de homens.
Até os dezoito anos teve dois namorados e sete paqueras, sendo que três deles a viram nua na vida. Contudo, manteve relações sexuais só com Maximiliano, que era o amor da sua vida e o único fazendeiro do sul do país pelo qual ela achava alguma graça. Ela não gostava dessa coisa de esporo e de falar grosso, e nem tanto pelo fato de parecer delicada: simplesmente preferia sons baixos e mensagens subentendidas a gestos obscenos e dramaturgos. Ela cultivava um bom segredo e, se assim alguém merecesse, uma boa cama. No caso de Maximiliano, duas. Teve suas primeiras vezes com ele em duas noites de agosto. Foram duas porque 1º- a primeira não foi consumada (sangrou e aquilo o fez cessar o coito), e 2º- um incêndio na vizinhança acordou o mundo. Para piorar, estavam no sofá-cama da sala. Eles se enrolaram no lençol fino enquanto todos corriam por eles e as luzes acendiam.
Maximiliano aquela noite olhou para ela e repetiu sete vezes "Eu lamento muito, eu lamento muito." Ela olhou para ele como quem realmente lamentava muito, pois não conseguiram um terceiro encontro. O tio dele teve 80% do corpo queimado, e o translado do corpo para a Europa acabou com o sonho deles. Sim, os avós dele eram espanhóis e toda a família se mudou. Quando Max estava prestes a pedir a mão dela, Chanel para ele e falou se não estavam indo rápido demais.
-Você acha que estamos?
E apesar do jeito maravilhoso e cuidadoso dele que talvez nunca mais ela encontraria, sim, eles estavam indo rápido demais e aquilo os levaria para o esgoto.
-Esgoto?
Quando ele disse isso é que ela se deu conta que realmente tinha usado essa palavra nada salubre. Pediu desculpas e sorriu de novo.
-Fundo do poço. Somos jovens, Max. Temos muito pela frente antes de subirmos ao altar.
Era verdade. Maximiliano acabou indo para a Europa e ela foi em seguida para o caminho oposto, acompanhando sua mãe. Pousaram na Cidade do México quase no mesmo horário que ele chegou à Madri, e ela tapou o barulho no telefone para amenizar sua dor. Ela não queria que ele imaginasse que fosse descaso. O fato de ter uma mãe com relações conturbadas no amor que a levava para todos os lados desde que ela era uma pré-adolescente em formação não era culpa dela. Essa era só a primeira de muitas viagens que Chanel depois de mais uma separação anêmica de Denise com cada um de seus amores, e que mais tarde a levaria para suas próprias- e decisivas- viagens.
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CHICAGO
RomantizmUma história de amor, onde os principais capítulos poderiam ser lidos nas páginas de assassinatos do Sun Times. Chanel é intuitiva, decidida, viajante, e encontra Paul, inteligente, intrigante, perigoso. Ambos têm humor afiado. Ambos também têm des...