X - Forças Estranhas

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Os ouvidos de Millicent captaram o ruído de abertura da porta, mas ela só se deu conta instantes depois, quando o Tenente Mitaka se aproximava.

Ela desviou os olhos da holotela e piscou com rapidez para ajustar a vista ao nível de iluminação do resto da sala. Só então percebeu quanto sono sentia: alongou-se e deixou escapar um longo bocejo. Era estranho que estivesse sonolenta quando não teve problemas para dormir na noite anterior; sonhos ruins e inquietação haviam sido uma constante durante meses, é verdade, mas foram diminuindo até quase desaparecer. Era raro, agora, acordar com qualquer resquício de cansaço.

Endireitou-se e tentou ignorar o leve ardor nos olhos enquanto cumprimentava o colega.

- Decidiu vir mais cedo hoje, Tenente?

Ele quase sorriu.

- Não que eu saiba – apontou para o crono no canto inferior da holotela.

Millicent olhou para o local indicado e surpreendeu-se ao ver em que altura do ciclo estavam.

- Pelas estrelas! Não acredito que deixei isso acontecer outra vez – Executou um último comando e fechou a tela; e, voltando-se para o Tenente – Me desculpe por isso. Parece que não consigo me decidir entre manter a concentração e me distrair por completo. Não deve ser muito animador trabalhar com alguém que vive de extremos.

Os dois riram.

- Está tudo bem – Mitaka respondeu, caminhando de volta para a porta enquanto era seguido por ela – É melhor irmos andando se quisermos encontrar um bom lugar no refeitório.

A moça assentiu e os dois partiram da sala.

***

O caminho daquela sala para o refeitório não era tão longo quanto o que levava da ponte até lá, mas os oficiais tinham corredores suficientes para percorrer até chegarem ao destino, o que lhes dava a oportunidade de atualizarem um ao outro em relação às suas atividades.

Mitaka estava agora contando a Millicent a respeito de uma movimentação de forças estranhas em um ponto remoto da Galáxia, na direção de um planeta desértico chamado Jakku. As informações coletadas sobre o caso ainda eram insuficientes para determinar sua origem e objetivo, mas a probabilidade de estarem ligadas a atuação de rebeldes era alta.

- Sabemos que a chamada Resistência está organizada em bases e que figuram entre eles algumas pessoas importantes, como Leia Organa – ele baixou a voz ao dizer o nome da princesa alderaaniana: nenhum oficial sensato o diria em voz alta nos corredores de uma base da Primeira Ordem – Mas estamos seguros de que a tecnologia utilizada por eles é simples, para não dizer ultrapassada, de modo que seus sistemas estão mais propensos a falhas de segurança do que gostariam de admitir, em especial no que se refere à comunicação.

Millicent franziu a testa.

- Bem, disto não tenho dúvidas. Suponho que seu sistema de defesa apresente limitações semelhantes.

- Você se refere a naves e armamento? Sim, certamente.

Eles viraram à direita e seguiram por um corredor mais longo e movimentado do que os anteriores. Um par de Stormtroopers passou por eles, seguindo na direção oposta. Mais adiante, uma porta se abriu à esquerda e uma dupla de Capitães de meia idade saiu por ela; eles acenaram para os jovens Tenentes e se afastaram depressa, deixando claro que também seguiam caminho para o refeitório.

- Não ficaria surpresa com algo do tipo, é claro, mas há algo estranho em tudo isso – Millicent refletiu – Não consigo entender o que um grupo reduzido e mal equipado teria a tratar em um lugar tão distante quanto Jakku. E, caso fique comprovado que se trata de um grupo rebelde, como esperariam manter atividades tão arriscadas em segredo? É insanidade achar que tal coisa é possível.

Millicent - Uma História de Star WarsOnde histórias criam vida. Descubra agora