Domingo eu vou ao Maracanã

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Temos o privilégio de jogar essa final em casa, com nossa torcida. Vai ser lindo, nação! Foda-se se é difícil, este é o momento em que lembro da minha tatuagem: nada é impossível.
Na véspera do jogo, o Gabi passa na minha casa, mas com a marmita pronta, para evitar sair da dieta.
Passamos a parte da tarde juntos, conversando.
- É amanhã... de novo - ele fala sorrindo meio nervoso
- Passa rápido - rio
- Precisamos de mais esse e do Mundial. Seria uma temporada impecável
- A temporada já foi linda
- Mas eu quero mais
- Amo ouvir isso do meu artilheiro - sorrio empolgada - eu também quero mais
Umas 20h, ele vai embora, pois precisava dormir cedo
- Cadê meu beijo da sorte? - ele passa a mão na minha cintura
- Aqui - dou um beijo nele e sorrio
- Você me traz sorte - ele beija meu pescoço
- Como se você precisasse...
- Amanhã vai ser duro... mas nada é impossível, né? - ele passa a mão na minha tatuagem no quadril
- Que seja feita a vontade de Deus, como você sempre diz
Ele vai para a casa dele e eu tenho uma dificuldade enorme para dormir, mas decido não mandar mensagem para ninguém, afinal, todos precisamos estar 100% amanhã.
Acordo com meu celular tocando às 8 da manhã. Era a Vicky. Não atendo, mas pego depois e leio a mensagem no WhatsApp
"Acorda bonita, hoje tem jogo"
Respondo
"Pô, o jogo é só 16h. Pra que tudo isso?"
Ela manda
"Tem que se arrumar e sair de casa pra ver o jogo, né?"
Reviro os olhos
"NÃO SABIA QUE A GENTE IA VIAJAR PARA VER O JOGO"
Ela logo fala
"Não grita, Fernanda, meu pai tá dormindo"
Solto uma risada. Minha amiga é maluca.
"Tá bom, linda, desculpa. Vem pra cá? Ainda não sei qual roupa usar"
"Porra de que roupa usar. Teu manto da sorte, claro"
"Mas e pra festa?"
"Não pensa na festa, Fernanda. Já vai zikar o movimento"
"Tá tá desculpa. Vem logo pra cá que eu odeio ficar só quando estou nervosa"
"Tá bom, ma vie"
Até a hora do almoço, ficamos conversando sobre a vida e colocando os nervosismos para fora. Depois, almoçamos e vamos direto pro Maraca.
- Hoje tem gol do Gabigol - a Vicky vai bem em frente da grade e faz a pose do meu amor
- Vai ser vapo - faço a mesma coisa que ela, só que reproduzindo o gesto que o namorado dela faz
O jogo começa. Logo nos primeiros dez minutos, Gabriel tem uma chance clara de gol, mas manda pra fora.
Ah, tudo bem... é um lance isolado, todos estão ainda entrando no ritmo da final.
Aos 25, ninguém fez gol ainda. Mas o meu namorado faz uma falta besta. Felizmente, o juiz não penalizou.
- Caralho, eu vou matar o Gabriel. Não é possível! - falo pra Vicky
- Ei, fica calma, pô. Ainda dá.
Minha amiga deve ser um ser de luz. Toda torcida já tá na mesma que eu, mas criticando alto. Eu, em consideração ao meu namoro, fico caladinha.
Aos 30, mais uma bola pra fora. Aos 40, o Bruno Henrique faz um lançamento lindo para ele... ele perde.
Naquele momento, ele já estava sendo massacrado pela torcida. Claro, né? Gabi já é xingado quando joga bem, quem dirá passando uma vergonha dessas
- Será que o Mister vai tirar? - minha amiga pergunta assim que eles vão pro intervalo
- Cara, não sei... sinceramente, meu namorado tá o maior perna-de-pau hoje
- Eu to com medo... - a Hanna fala - medo de eles tomarem o gol. Cara, tem que finalizar
- Tem que tirar o Gabriel. Coloca o Pedro, o Michael... sei lá, mas tira o Gabriel e bota alguém na frente - falo
O Mister não tira o Gabriel.
Aos 5 minutos do segundo tempo, mais um passe errado
- Amiga - digo pra Vicky
- Que é? - ela diz
- Fala alguma coisa pra eu prometer
- Quê?
- Eu sempre faço promessa quando o jogo tá ruim
- 0 a 0 não é ruim
- Mas eu quero gol
- Tá... promete, sei lá... o que você prometeu ano passado?
Penso e lembro. Na verdade, eu prometi comer o cu do Gabriel... mas não vou falar isso
- Eu e o Gabi fizemos uma aposta envolvendo cu - falo dando a entender que era o meu que estava em jogo
- Então aposta o cu de novo, ué
- Eu me sinto uma vadia fazendo isso
- Amiga, uma vadia com libertadores
- Tá, vai... se o Flamengo ganhar eu dou o cu
Que porra de obsessão meu namoro tem com cu e troféus
Aos 12 minutos, o Arrasca cobra o escanteio, mas não sai exatamente como planejado.
- QUE MERDA - falo
Aos 29, num contra-ataque, Thuler manda uma bola lá pra frente. Sai meio torta, por ser um chutão, mas sai para lateral
Solto o ar de uma forma forte, achando que a bola não estava mais jogo. Que nada...
- Feeh, olha - a Marília diz
Arrasca vai buscar a bola e passa para o Gabi. Difícil pegar. Precisaria se esticar todo.
Ele conseguiu.
Então, a bola para nos pés do Gerson. GOL CARALHO
- GOL DO MEU HOMEM - a Vicky fala e começa a chorar
- VAPO! VAPO! - dou um abraço nela, também em lágrimas
Aos 46, o Boca até leva uma bola com perigo, mas nosso paredão tira.
- Tá com o cu pronto, amiga? - a Vicky fala rindo
- Hoje o Gabriel pode me arrombar se ele quiser - falo envolvida pela emoção
Então, acaba. Somos tri da América.
Entramos em campo pra comemorar.
Primeiro, enquanto não acho o Gabi, fico com a Vicky e ela vai até o Gerson
- Amor! - ela dá um abraço nele e ele a carrega
- Oi vida - ele a beija - vencemos
- Você executou os cara - vejo minha amiga sorrindo
Então, vou atrás do Gabi
- Ei, campeão - chego por trás e pulo nas costas dele

We have each other - Gabriel Barbosa (Gabigol)Onde histórias criam vida. Descubra agora