Le mille bolle blu

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Na manhã seguinte, eu acordo com bastante frio. Então, me mexo um pouco na cama tentando me esquentar
- Shh... - o Gabi me abraça mais - vou esquentar você
- Obrigada - beijo a bochecha dele e sorrio
Enrolamos um tempo na cama, até que começo a passar a mão no braço dele
- Eu amo suas tatuagens, sabia? - falo
- Sério? Achei que você não gostasse... você não tem nenhuma
- Nunca me identifiquei com uma... sei lá
- De qual você gosta mais? - ele pergunta
- Acho que a das costas... eu amo todas, na verdade
- Eu quero tatuar a Libertadores. É segredo, mas eu quero
- Me admiro de ainda ter espaço - rio
- Tem muita gente aqui, né? - ele ri - Tem meus pais... meu pai duas vezes, na verdade. Tem minha irmã na costela. Tem o Goku e o Patrick
- Seu pai duas vezes? - pergunto
- A dele tá no meu braço. Ele me carregava quando não tínhamos dinheiro para pegar ônibus. É ele me carregando e a gente indo pro meu treino... a outra tem ele, a mamãe, uma favela e Deus.
- Que lindo...
- Eu sou muito grato por todo o esforço que eles fizeram, sabe? Chegar onde eu cheguei é surreal...
- Te admiro pra caralho, sabia?
- Obrigado, meu amor. Ei, vamos dar uma volta aqui por perto? Não vamos ficar trancados no hotel, né?
- Vamos!
Coloco uma blusa de manga e gola, além de uma calça de inverno. Realmente, está frio. Por cima, coloco um casaco de moletom
- Você vai sentir frio assim - ele olha para mim enquanto se arruma
- Eu trouxe só casaco assim
- Você foi teimosa, né?
- Rum... - eu odeio admitir que estou errada
- Eu sabia - ele ri - eu tenho um extra
- Queria que eu trouxesse peso a toa?
- Queria testar sua teimosia - ele coloca o casaco em mim e beija minha testa
- Não sou teimosa...
- É sim. E está teimando sobre ser teimosa
- Não sou - faço bico
- Eu tô certo e você está linda nesse casaco - ele me beija - vamos
Vamos à praça central da cidade, a Piazza Duomo. Na praça, tem a terceira maior igreja do mundo. Tomamos um café e, depois da parte turística, aproveito para fazer umas compras no entorno.
Voltamos ao hotel já praticamente na hora do almoço.
Coloco as compras na mala e minha mãe nos chama para almoçar. Vamos a um restaurante lá perto e, enquanto esperamos a comida, eu e meus pais pedimos mais vinho. Na época que eu estudava italiano, sempre falavam desses vinhos. Eu jamais perderia a oportunidade de tomar
- Você não quer, Gabriel? - meu pai pergunta
- Não, obrigado. Já tomei ontem, hoje tem assinatura de contrato... melhor não - ele sorri
- Quantos anos você tem? - minha mãe pergunta para ele
- Vou fazer 25 daqui a uns dois meses. Então, tenho 24
- Achava que a diferença de idade de vocês era menor - meu pai diz
- Amor, a gente não tem moral alguma para falar disso - minha mãe ri
- Vocês que não parecem ter essa diferença toda - o Gabi fala, rindo
- São 7 anos, mas a gente aprende a se adaptar - meu pai fala - no caso, eu aprendi a obedecer - ele ri
- Vocês estão há muito tempo juntos? - meu namorado pergunta
- Namoramos por 5 anos, depois casamos e só fomos ter a Fernanda uns 3 anos depois. Então, estamos chegando aos 30 anos juntos - minha mãe fala
- Eu não lembraria de metade dessa história - meu pai fala, rindo
Quando chega a comida, o assunto diminui um pouco, mas continua
- Você morou sozinho aqui na Itália? - minha mãe pergunta
- Sim. Tanto aqui, quanto em Portugal. Quando joguei no Santos, também... na verdade, desde que saí do Brasil, moro sozinho. Quando voltei, quis continuar fazendo isso, embora goste muito de ter meus amigos por perto. E minha namorada, claro - ele sorri
- Ela não vai desgrudar tão fácil - meu pai fala brincando
- Ei! - rio
- Eu sei disso, e nem quero que ela desgrude - ele beija minha bochecha
- Quando você jogava no Santos, você tinha outra namorada, né? - meu pai pergunta
Entendo a preocupação, mas há assuntos que devem ser evitados...
- Se você não quiser falar sobre isso, tudo bem - minha mãe diz, tentando corrigir o erro
- Não, tudo bem - o Gabi fala, realmente levando na boa - bom... foi um relacionamento complicado. Ela não me apoiava, me traía, eu também errei com ela... não cheguei a trair, mas errei sim. Eu namorava, mas me sentia só. Percebi que não estava sendo bom. Além disso, ela queria que eu voltasse para jogar aqui a todo custo, não queria que eu jogasse no Flamengo, sendo que é um sonho meu de criança... Mas, terminamos já tem um tempo e está tudo certo
Quando acabamos de comer, meu pai insiste para pagar a conta. O Gabi diz que não, que pagaria, mas minha mãe se mete e não deixa. Eles vão para o local em que o contrato seria assinado, enquanto eu e mamãe vamos ao shopping


We have each other - Gabriel Barbosa (Gabigol)Onde histórias criam vida. Descubra agora