capítulo 01

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Atualmente

Eu amava cantar. Amava mesmo e quando surgiu a oportunidade de cantar em um barzinho muito frequentado na orla da praia eu nem pensei duas vezes.
Tudo bem que o salário não era lá grande coisa, mas tudo certo, eu juntava com o salário da livraria que eu trabalhava durante o dia e dava para equilibrar os gastos.

Quando se tem uma filha de quase nove anos você se dá conta que existem gastos e GASTOS. No instante em que ela começa a pronunciar a palavra "mamãe" você começa a ver a palavra "promoção" com outros olhos. Os olhos de uma mãe desesperada.

Mas valia a pena, de verdade, eu faria qualquer coisa pela Bel e não me arrependo de nada. A minha menina era minha luz.

Me sentei no banquinho que ficava em um canto do barzinho e apoiei o violão na perna.

- Boa noite. - Falei e ouvi uma curta resposta. - Espero que gostem.

Deslizo a palheta pelas cordas do violão e fecho os olhos para saborear o arrepio gostoso que sempre sinto quando estou prestes a cantar.

••• •••

Depois de meia hora emendando uma canção na outra, meu chefe, um agradável senhor cinquentão me mandou comer algo no balcão enquanto uma moça dançava para distrair os clientes.

Eu gostava muito mais desse trabalho do quê o da livraria. Para começo, o senhor Lima era um doce. Ele e a esposa sempre me tratavam muito bem e até pediam para conhecer a Isabel, mas eu não pensava em trazê-la para um bar, mesmo que fosse um bar respeitável e de pessoas legais.
E, o outro motivo de eu preferir esse emprego ao outro era que meu outro chefe, um pançudo ridículo, amava assediar as funcionárias, como se devêssemos algo à ele.
Eu o odiava do fundo do coração. Todos os dias eu pensava em como seria bacana se ele explodisse e a verdadeira dona, uma coroa que vive viajando, assumisse. Ia ser bem melhor.

Me debrucei sobre o balcão e pedi a Noah um prato de batatas fritas e um refrigerante. Eu estava mesmo faminta.

- Você não acha que essa é muito mais bonita que a outra? - Noah comentou enquanto enchia meu copo de refri. - E ela dança bem mais.

Balancei a cabeça observando a nova dançarina.

- Talvez, mas a outra pelo menos chegava no horário. - Salientei.

- É, você tem razão.

Peguei minha bebida e enfiei algumas batatas na boca enquanto assistia a apresentação de dança do ventre. Era legal, mas não era pra mim.

- Tenho um pedido. - Alguém falou nas minhas costas. - Ei! - Senti um dedo cutucar meu ombro e me virei devagar.

- Não sou garçonete. - Resmunguei.

Eu conhecia aquele tipinho.
Era o típico bêbado chato que andava por aí tentando cantar as moças. Imbecil.

- Não, você não entendeu, eu tenho um pedido de música para fazer.

Me virei novamente para ele e não pude deixar de notar sua camisa colorida e florida como se tivesse acabado de sair do Havaí.

- O quê? - Guinchei.

Ele pousou a mão na cintura e me dirigiu um sorriso cafajeste.

Desculpa amigo, eu não caio nessa.

- Quero que você cante uma canção que...

- Desculpa - O interrompi. - Você se chama Sr.Lima?

Ele fica com um cenho franzido, mas logo sua expressão se fecha.

- Por quê?

- Porque é o nome do meu chefe e o único que pode me pedir alguma canção e, se você não é ele, sinto muito. - Falei e enfiei mais um monte de batatinha na boca. - Passar bem.

Me virei novamente para ver a moça dançando, mas mal se passa cinco segundos e o energúmeno se planta na minha frente com uma expressão de quem acabou de ser muito ofendido.

- Grosseira! - Me acusou e eu tive que ri, porque o que mais se faz numa situação dessas?

- Você é louco, meu bem? - Brinquei.

- Eu apenas gostei da sua voz e queria te pedir algo especial. Uma música que eu aprecio muito.

Observei seu rosto procurando algum vestígio de zombaria, mas não existia.
Ele até que era bonito, não tanto como os outros que andavam por aqui, mas era bem charmoso.

- Fala. - Me dei brevemente por vencida.

Ele sorriu como se eu tivesse acabado de dar meu telefone pra ele.

- Você conhece a música My only one do cantor Sebastian Yatra?

Quem não conhecia... Eu adorava aquela música, era belíssima e não conto as vezes que a ouvi encolhida na cama pensando em tantas coisas.
Mas que escolha!

- Conheço. - Falei sem dar tanta bola. - Eu irei cantar o seu pedido.

O rapaz sorriu mais uma vez e me dei conta que o sorriso cafajeste não era proposital, era algo natural.
Que curioso.

- Obrigado. Ah, a propósito me chamo Bailey.

Assinto enquanto bebo mais um pouco de refri.

- Espero que curta a música, Bailey. - Falei me levantando e pegando meu violão.

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Bom, aqui está o primeiro capítulo de muitos que viram, eu espero que vces gostem da história e tudo mais. Eu estou amando postar-la.

Amanhã sai o 2° capítulo. Espero que gostem, uh lala

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora