capítulo 04

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Eu já estava agoniada com os minutos que não passavam. Ainda faltava quinze e eu sabia que há essa altura a Bel já estava se debulhando em lágrimas achando que eu a tinha abandonado.

Por sorte a diretora havia me entendido e prometeu me esperar o tempo que fosse necessário.
Infelizmente dessa vez Sofy não pôde me ajudar, pois tinha uma consulta médica e eu jamais iria deixar ela desistir da consulta para ir buscar a Isabel. Era meu dever.

Eu também tinha telefonado para o dono do barzinho e ele disse que tudo bem, pois hoje iria abrir mais tarde então eu até que tinha tempo. Só precisava buscar a minha menina, arrumar ela e deixá-la na casa da Sofy mais tarde.
Porém primeiro eu precisava que as horas se passassem.

- Shivani?

Me virei e vi Hina debruçada sobre o balcão da entrada, ela me chamou para mais perto.

- O que foi? - Perguntei me apoiando no mesmo balcão.

- O Luciano já foi e se você quiser ir eu juro que não conto pra ninguém.

A Hina era um doce, mas jamais iria comprometer o emprego dela. Ela também cuidava sozinha dos seus dois filhos e eu sabia que o Luciano iria acabar descobrindo que eu havia saído mais cedo.
Sorri para ela e agradeci.

- É sério, muito obrigada, mas só faltam treze minutos agora, está tudo bem. Eu posso esperar.

- Você sabe que pode contar comigo, não sabe? - Ela disse segurando a minha mão.

- Eu sei e digo o mesmo, Hina. - Sorri de lado e voltei para a porta do estabelecimento.

Só faltavam doze minutos...

••• •••
Assim que deu a minha hora eu voei ( na medida do possível ) até a escola da Bel e estacionei meu fusquinha quase em cima da calçada.
A dona Marta, que era a diretora, abriu o portão e sorriu de forma solidária para mim.
Acho que dava para notar o pânico no meu rosto.

- Onde ela está? Ela está bem? Está chorando? - Sai despejando meus medos na senhora de idade e ela apenas tocou meu braço para me acalmar.

- A Isabel está bem, fique tranquila.

Me permiti respirar um pouco e recobrar a razão. Eu nem tinha notado, mas estava tremendo.

- Eu realmente agradeço muito à senhora, mas... Onde minha pequena está?

Dona Marta assentiu sorrindo.

- Na minha sala. Um dos voluntários dos Anjos da Leitura ficou aqui para me ajudar com a organização das coisas e ele e a Isabel estão em um papo bastante divertido. Você precisa vê.

Senti uma dose extra de alívio forrar meu coração e segui a diretora pelo corredor cheio de desenhos nas paredes e de brinquedos espalhados pelo chão.
A sala de Marta ficava entre o banheiro dos funcionários e o pátio. Ela abriu a porta e eu entrei logo atrás dela.

Isabel estava sentada na mesa com as perninhas cruzadas falando sobre algo, mas assim que me viu veio correndo na minha direção.
A ergui nos meus braços e beijei-a várias e várias vezes. Eu amava o cheirinho dela.

- Desculpa, desculpa, desculpa... - Murmurei abraçada à ela. - Desculpa à mamãe, tá?

Bel segurou meu rosto e beijou meu nariz.

- Está tudo bem mamãe, o moço leu um monte de história para mim. Um monte! - Ela frisou.

Coloquei minha filha no chão e ajeitei a alça da minha bolsa.
Estiquei um pouco o pescoço e vi o rapaz saindo de trás de um armário verde cheio de livros. De primeira eu levei um tempo para associar tudo, mas aos poucos, e ao ver aquela camisa havaiana, um sorriso de descrença surgiu nos meus lábios.

- Você!? - Falei embasbacada.

O cara do sorriso cafajeste deu de ombros e começou a sorrir.

- Eu sabia que já tinha visto aqueles olhos da Isabel em outro lugar. - Ele disse como se estivesse tudo bem uma coincidência daquela acontecer.

- Mamãe, o Bailey falou que ele já leu histórias para as crianças de vários países, não é legal? - A Bel quase não respirava de tanta excitação com aquela situação e precisei pousar a mão em seus ombros para ela desacelerar.

- É muito legal. - e era mesmo. - Muito obrigada por distrair tão bem a minha filha. Eu estava em pânico.

Ele pegou uma mochila preta e a jogou por cima dos ombros.

- A Bel me fez ter uma tarde incrível. Você tem uma filha muito especial. - E me lançou uma piscadela.

Uau. Isso realmente aconteceu.

Balanço a cabeça sentindo meu rosto esquentar.

- De qualquer forma eu agradeço muito.

- Não foi nada. - E ele se agachou perto da Isabel. - Quando quiser me ver já sabe.

Estreitei os olhos para a diretora, mas ela deu de ombros como se não fizesse ideia daquilo.
Voltei a encará-lo, mas ele já estava ficando de pé e me lançou apenas um sorriso cansado antes de passar por mim e ir embora.

Olhei por cima do ombro e vi quando ele sumiu do meu campo de visão. Olhei para Isabel e ergui uma sobrancelha.

- O que você está escondendo, mocinha?

Ela riu e depois sentou na cadeira giratória da diretora.

- Bailey falou que você é muito bonita! - Ela falou toda sorridente e eu franzi ainda mais a testa.

- Como assim, Isabel?

Ela tirou o celular do bolso, o celular que eu dei a ela para emergências, e mostrou uma foto nossa.

- Eu mostrei a sua foto para ele, Mamãe, e contei que você não tinha namorado.

Arregalei os olhos o máximo que consegui e ouvi a diretora ri baixinho no canto.

- ISABEL! - Ameacei.

Ela escondeu o celular atrás das costas e riu ainda mais.

- Ele também não tem namorada, Mamãe...

Bati com a palma da mão na minha própria testa e bufei alto.

Por isso que ele não pareceu nada surpreso...

Meu Deus, a minha filha era uma máquina de me fazer pagar micos.

E ele ainda apoiou.

Eu mereço...

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Menino May chegando na vida da lil shiv....

Só porq amo ocêis, vou postar dois caps hoje, hj eu tô animada.

Esperem pelo próximo cap.

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora