capítulo 26

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Me levantei em um solavanco e a cadeira caiu para trás ecoando um barulho oco por toda a sala.

Balancei a cabeça negando veementemente.

- Você está maluco!

Ele riu preguiçosamente.

- Shivani, se eu bem imagino, você não deve ter um emprego lá muito fixo, certo? Imagina se, por acaso, você perde esse emprego?

Um sorriso de escárnio escapou dos meus lábios.

- Eu não vou casar com você. Você é maluco e não vou desistir até que essa coisa de guarda se encerre. Minha filha não vai ficar sozinha com você jamais. Eu não confio em você!

- Não me diga que ainda carrega aquelas besteiras do passado? Não acha que já está adulta o suficiente para superar aqueles pequenos...incidentes?

Passo as mãos pelos cabelos e espalmo as mãos na mesa.

- Quando um homem bate em uma mulher não é incidente, é crime. Um puta de um crime! - Falei com a voz trêmula pela raiva. - E eu daria tudo para ter esse pensamento no passado.

Ele contraiu os lábios e seu maxilar ficou tenso.

- Eu pedi perdão.

Eu ri com nojo e deboche.

- Vai se foder, Dylan! - Empurrei todos os papéis e todos eles caíram no chão junto com um notebook e algumas pastas. Ele me olhou boquiaberto e ficou de pé. - VAI SE FODER!

Peguei minha bolsa e sai batendo a porta.

°°° °°°°

Dois dias depois

Abri a janela do quarto onde Bel estava e deixei que o sol entrasse e trouxesse um pouco de ar puro para dentro.

Nos dias que se seguiram eu mal vi Dylan e fiquei feliz por isso. Isabel havia sido transferida para um quarto e, graças a Bailey, conseguimos colocá-la na ala particular e agora eu estava mais segura quanto aos médicos.

Me sentei em um banco próximo a cama e a olhei enquanto comia uma barra de chocolate que Sofya trouxera quando passou aqui antes de ir a livraria.

- Filha, não come tudo pra não ficar com dor de barriga. - Adverti.
Bel estava como antes: astuta, corajosa, brilhante e sem papas na língua. Ela estava normal.

- O papai falou que eu posso comer chocolate. Ele disse que é, como se diz mesmo? Ah, é uma recompensa!

Rolei os olhos.

Eu vou matar o Bailey.

- Seu pai é um besta que não consegue negar nada à você e você, mocinha, se aproveita do ótimo coração dele.

Ela riu com as minhas palavras e se ajeitou na cama.

Isabel ainda estava usando um gesso que ia até um pouco acima do joelho, mas segundo o doutor Gastón, o novo ortopedista, daqui uns dez dias ela faria outro raio-x e poderiam tirar isso da perna dela.

Eu quase chorei de alívio.

- Onde o papai está, mamãe? - Ela perguntou lambendo os dedinhos sujos de chocolate. - Ele falou que ia trazer um livro novo.

Apoiei os cotovelos no colchão da cama e a encarei admirada com o quão minha menina estava grande.

Ela era tão linda.

- O papai foi até a empresa do tio Andrey, mas disse que volta logo. - Expliquei.

- Eu gosto do tio Andrey. - Suspirou. - Ele e a tia Sofy estão namorando... - Completou com um sorriso sapeca nos lábios.

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora