capítulo 07

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Sai da água salgada com o coração batendo apressado no peito, mas pelo menos o calor anormal havia cessado.
Eu jamais iria entender o que aquele homem tinha, mas algo entre aquela camisa florida e aquele sorriso cafajeste estava me deixando zonza.

Assim que alcancei a areia e comecei a espremer o excesso de água do cabelo, vi a Bel saltitando de um lado para o outro enquanto contava algo para Bailey. Já a Sofy parecia muito entretida com suas selfies.

- Eu estava te procurando. - Falei assim que cheguei perto da minha filha. - Vocês sumiram.

Ela me mostra seu colar feito de conchas e conta que Sofya havia comprado de um moço que fazia desenho em cerâmicas e, enquanto minha menina conta as novidades, não consigo não reparar que Bailey me olha enquanto finge mexer no celular.

- Isso parece bem legal, Belzinha. E o colar é lindo. - Falei.

- O colar é um arraso! - Sofya comentou. - Bailey, eu acho que você devia dar um mergulho, a água está ótima!

- Eu vou, mas é que a visão daqui está bem melhor.

Sinto um calor subir pelas minhas costas.
Eu era quem estava na frente dele enxugando os cabelos da Isabel.
Havia sido uma indireta?

- Pronto, Bel. - Falei. - Eu vou pegar algo para você comer.

Depois de entupir a Bel de besteiras e lançar olhares atravessados para Sofya que ria da minha cara, me sentei na cadeira de antes e fingi que não estava sendo estranha aquela cena.
Mas no fundo eu até que estava achando legal.

••• •••

Quando já tinha passado um pouco da hora do almoço e tanto Bailey quanto Sofya já tinham ido dar alguns mergulhos, decidi que era melhor ir para casa. A Belzinha já estava cochilando no braço da minha amiga e não tinha motivos para prolongar essa situação.

- Acho melhor a gente ir. - Falei, me levantando.

- Eu acho que devíamos ficar para ver o pôr-do-sol. É lindo, Shivani. - Bailey contrapôs.

Uma parte minha também queria ver o pôr-do-sol, mas a outra parte queria cortar pela raiz as asinhas do destino que brincava de nos unir.
Talvez se eu desse um fora nele ele desistisse de mim.

- Desculpa, mas preciso levar minha filha pra dormir. Ela já está até dormindo, tadinha vai ficar toda dolorida.

Sofya também se levantou e ajeitou a Bel em seus braços.

- Não senhora, Shivani. É a sua folga, fica aí. Eu levo a Bel pra minha casa e aproveito para terminar umas coisas.

Fuzilei Sofy com os olhos.

- Não. Isso não seria justo. É sua folga também e...

- Nada disso. - Ela me cortou. - A Bel vai comigo e você fica. - Minha amiga pegou sua bolsa de uma alça só e prendeu no ombro. - Cuida dela, Bailey.

E, antes que eu pudesse sequer abrir a boca, ela foi embora levando a minha menina e me deixando ali com aquele Filipino metido a besta que ainda estava sem camisa.
Bufei.

- Eu não tenho autoridade nenhuma pelo visto. - Murmurei.

Ele riu.

- Relaxa, a Bel vai ficar bem.

A Bel fica bem com todo mundo. Nesse ponto eu preciso dar todo crédito ao cretino do pai dela já que ele era sempre muito querido.
Balancei a cabeça para afastar as lembranças de Dylan, mas não consigo não sentir o desgosto que vem junto de suas lembranças.

- Você está bem?

Passei as mãos pelos cabelos úmidos e abanei a cabeça.

- Claro. - Menti. - É só que fazia tempo que eu não ficava fora para relaxar.

- Eu adoro vir à praia, sabia? É muito relaxante. - Ele riu e eu senti que alguma lembrança permeava seus pensamentos. Ele suspirou e continuou. - Foi o primeiro lugar que eu vim quando minha esposa morreu no parto do meu filho. Eu tinha perdido os dois no mesmo dia e estava sufocado... Aqui eu me senti em paz.

Eu nem tinha notado que estava prendendo o ar. Institivamente levei a mão até a mão dele que estava segurando o celular e a apertei com delicadeza.

- Eu sinto muito. - Falei. - Eu sei que são palavras bem idiotas, mas...

Ele me olhou e sorriu brevemente.

- Samira, minha falecida esposa, dizia que eram palavras bastante especiais. Você sentir algo é tão humano e bonito e quando vem junto de 'muito' se torna ainda mais profundo. Então não são palavras idiotas.

- Ela era uma mulher muito inteligente. - Sibilei. - Tenho certeza que era muito especial.

Bailey assentiu e com o dedão da mão livre ele enxugou uma lágrima no canto do olho.

- Eu a amei muito e fui muito amado por ela, acho que o especial sou eu.

Sorri.

- Acho que devo concordar então. - Gracejei e ambos sorrimos.

Voltamos a olhar para a água que se movia em um ritmo próprio cheio de curvas e elevações que lhe davam um ar ainda mais bonito, assim como a vida. Inspirei o ar com cheiro de maresia e deixei que Bailey segurasse minha mão.

Não era como eu imaginava que seria o meu dia no fim das contas, mas eu meio que não odiava essa situação. Me encostei na cadeira dobrável que rangeu um pouco e simplesmente me deixei levar.

Que venha o pôr-do-sol.

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quando ceis acham que saí o primeiro beijo deles? Kehdbehd

2° cap do dia postadooo✅

Espero que estejam gostando :)

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora