AVISO DE GATILHO
🚫
[ Ouçam a música ]••••••••
Dois dias depois...
(...) Mas só porque queima não significa que você vai morrer. Você precisa se levantar e tentar, tentar, tentar.(...)
Ele sabia.
Dylan havia percebido que meu celular não estava na bolsa.
Fechei a porta do meu quarto que ficava no final do corredor e agradeci aos céus que Isabel estava na escola.
Dylan estava bebendo. Ele nunca era ele quando bebia.
- ABRE ESSA PORRA! - Ouço-o berrar.
Os punhos do homem do outro lado acertam a porta com ferocidade e me pergunto quanto tempo irá demorar para quebrar.
- Dylan...
- ME DÁ A PORRA DO CELULAR! - Exige.
Finco as unhas nas palmas das mãos enquanto encaro a porta.
Ele vai entrar.- VAI EMBORA! - Grito.
Ele da outro soco na porta.
- ABRE ISSO SUA VADIA DOS INFERNOS!
Ele vai quebrar a porta. Ele vai me matar.
- NÃO! - Esbravejo.
De repente me vejo dentro da mesma espiral do passado, mas dessa vez tudo está em cores mais vivas e as dores que senti há nove anos estão ressurgindo.
A cada soco na porta uma imagem das agressões do passado voltam.
Sinto o gosto de ferro e sangue na boca e me dou conta que estou mordendo os lábios.
Dou um passo para trás e caio no chão quando ele arromba a porta e entra com uma garrafa de whisky na mão.
- Você está corajosa demais! - Diz cambaleando. - Me dá a porra do celular antes que eu quebre a sua cara!
Tento ficar de pé, mas não consigo.
- O celular ficou no apartamento, Dylan. Eu pensei que tinha posto na bolsa, mas...
- MENTIRA! - Ele caminha até onde estou e aponta para o meu rosto. - MENTIROSA! Você é uma mentirosa e tem sorte que eu não te matei ainda! Você... - Ele riu. - Você tava me traindo com aquele otário... Otário!
Nego com a cabeça.
- Por favor, você está bêbado, depois a gente conversa....AÍ! - Grito quando sua mão livre agarra meus cabelos me obrigando a ficar de pé. - Por favor...
Ele me encara nos olhos e a dor se alastra pela minha cabeça.
- ME DÁ A PORRA DO CELULAR, SUA VAGABUNDA!
E então o primeiro tapa desferido no meu rosto me faz cair na cama e o gosto do sangue imediatamente se identifica. Um choro doloroso se prende na minha garganta.
- VAI! - Berra. - LEVANTA DAÍ, DEIXA DE DRAMA QUE NÃO FOI NEM COM FORÇA.
Ele me puxa pelo braço. Tento me soltar, mas isso só o irrita mais e sua garrafa se choca contra a parede antes de se espalhar pelo piso.
- Dylan, se a Bel chegar.... Os vizinhos vão ouvir...
Ele ri com aquele bafo terrível no meu rosto.
- Eu amo você... - Diz, tocando no meu rosto e eu sinto vontade de vomitar. - Eu amo você, mas você é muito mal agradecida. Você é uma puta muito mal agradecida, sabia? Você me traiu... Mentiu pra mim...
Lágrimas se misturam com sangue e descem pelo meu pescoço.
Num rompante de coragem levando o joelho e acerto no meio das pernas dele o fazendo me soltar e gritar de dor; passo correndo por ele e quase alcanço a porta, mas suas mãos agarram a barra do meu vestido e eu caio batendo a cabeça no chão.
Um zumbido.
Ele montado em cima de mim.
A respiração curta.
O rosto dele.
As mãos no meu pescoço...
Uma dor....
Uma ausência de medo...
Fecho os olhos e tento falar, mas minha língua está pesada... Uma mão forte no meu pescoço.
Lute. Lute. Lute.
Tente. Tente. Tente. Você precisa tentar.Abro os olhos com muito custo e escorrego o braço pelo piso molhado.
Dylan desfere outro tapa no meu rosto e sinto que um dente se soltou, mas a dor não é tão aguda quanto antes.
- EU VOU TE ENSINAR A ME OBEDECER! - Ele berra.
O peso dele sobre meu corpo me faz arfar e, somente quando meus dedos esbarram em cacos de vidros é que consigo notar que ainda tenho um resquício de força.
Ergo o braço e não sei onde acerto, mas sinto um líquido quente escorrer pela minha mão e em seguida
Dylan grita e é a última coisa que ouço antes de perder os sentidos
---------------------------------------------------------
Gatilho :)
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲
Hayran KurguFazemos tantas coisas por amor que perder a cabeça acaba sendo consequência. autora original; AmandaYvina (ps; isso é uma adaptação)