Segui Dylan por corredores ocupados por algumas macas e pessoas com cara de poucos amigos; em seguida subimos um pequeno lance de escadas até uma sala para fazer a assepsia antes de entrar na UTI.
Eu só teria cinco minutos e, infelizmente, a Bel estava dormindo por causa da anestesia então eu só poderia vê-la, mas não falar com ela.
Terminei de colocar a máscara cirúrgica no mesmo momento em quê uma médica saia da sala e deixava apenas eu e Dylan dentro da mesma.
Ele não havia falado desde que saímos da sala de espera, mas no momento em que ficamos sozinhos ouvi sua voz ecoar pela sala de cor branca imaculada.
- A minha filha chama aquele cara de pai?
Mesmo de costas para ele eu podia sentir a mágoa em sua voz e, de certa forma, uma ponta de culpa se insinuou no meu peito.
- Ele é o pai dela. - Falei, mas minha voz saiu abafada por causa da máscara. - Foi ele quem ela escolheu e eles se amam como pai e filha.
- Mas eu sou o pai dela e esse amor deveria ser meu.
Girei nos calcanhares para olhar nos olhos dele. Arranquei a máscara e estreitei os olhos.
- E como ela poderia amar um homem que a renegou? Um homem que ela nem sonha que existe!? - Retruquei, exasperada. - A Isabel só sabe o que é amor de pai porque o Bailey a ensinou isso. Ele a ama tanto que eu duvido muito que ela precise de você.
O médico à minha frente parecia menor, como se as súbitas palavras lhe arrancassem a postura de homem mal.
A boca de Dylan ainda estava vermelha pelo soco, mas já não tinha mais rastros de sangue; ele virou o rosto.
- Eu não quis dizer aquelas coisas lá fora. - Falou e então me olhou. - Me desculpa, eu me descontrolei. Jamais pensei que você fosse uma mãe relapsa, eu sei que aquilo foi apenas um acidente. Você, sem dúvidas, é a melhor mãe que a Isabel poderia ter.
Apesar de não estar preparada para aquilo, eu não me assustei com tamanha gentileza. Fazia parte da constituição da personalidade de Dylan fazer algo de cabeça quente e depois pedi perdão.
Era assim quando ele me batia ou quando o peguei me traindo.
Era sempre assim...- Não quero suas desculpas. - Cruzei os braços. - O que eu quero, do fundo do coração, é ver a minha filha.
Ele assentiu devagar e me pediu para ir na frente, porém assim que passei por ele senti sua mão, coberta pela luva de látex, envolver meu braço me fazendo arrepiar.
Mas era um arrepio de medo.
Ergui os olhos até o rosto dele e diante daquela ação eu não tive palavras.
A velha Shivani ainda estava aqui no fim das contas. A Shivani que não tinha ação perante as reações bruscas de Dylan.
- Eu ainda amo você. - Balbuciou.
Era como se uma pedra tivesse descido pela minha garganta e caído no meu estômago causando uma dor intensa. Puxei meu braço e odiei como meu coração batia descompassado.
- Mas eu amo outro homem e seu amor, para mim, não significa nada. - Respondi e sai antes que ele dissesse mais alguma coisa.
°°° °°°
A sala da UTI onde Bel estava era composta por três leitos contando com o dela ( todos ocupados) e aparelhos para os respectivos pacientes; fora isso havia apenas algumas mesas de alumínio com rodinhas que comportavam pranchetas.A cama de Isabel era a última do lado direito e eu caminhei até lá com um turbilhão de emoções abalando meu corpo todo.
Parei ao lado da cama dela e precisei morder os lábios para controlar o choro.
- A mamãe está aqui. - Murmurei.
Isabel estava coberta até o peito com um lençol branco e seus cabelos estavam espalhados pelo travesseiro; ela estava pálida e havia uma máscara em seu rosto ajudando-a a respirar, sem contar que haviam tubos enfiados em seus bracinhos.Que judiação.
- Eu sei que você não está me vendo, meu amor, mas a mamãe está aqui. Eu vou cuidar de você. - Falei com a voz embargada.
Levei minha mão até a mãozinha dela que estava com manchas roxas pelas agulhas e acariciei seu pequeno dedinho.
- A mamãe quer que você fique boa logo, está bem? - Sorri olhando seu rostinho, mas por ela estar de olhos fechados, voltei a encarar sua mão. - E eu quero que você me obedeça dessa vez: fique boa. Você precisa acordar.
Me curvei um pouco sobre ela, abaixei a máscara e beijei sua cabeça.
Com os olhos fechados eu senti a exata sensação que minha filha estava sentindo e, não dava para explicar, mas ela estava ciente que eu estava ali. Eu sei que ela estava.
Abri os olhos e toquei sua bochecha macia com os dedos trêmulos.
- Eu te amo. Eu te amo demais. - Falei perto do rostinho dela.
Senti uma presença atrás de mim e quando me virei vi Dylan me olhando com certa hesitação.
Mesmo relutante, me afastei e deixei que ele se aproximasse de Isabel.
- Posso? - Perguntou e eu assenti.
Ele se aproximou a passos lentos e assim que chegou perto tocou a mão da minha menina e depois tocou seus cabelos, por fim ele abaixou a máscara e beijou sua testa.
E eu estava ali, tão perplexa com tudo aquilo que não tive reação. O observei falar algo perto do ouvido dela e depois enxugar os olhos.
Ele estava chorando.
Eu estava chorando.Sequei meus olhos com o antebraço e funguei.
- Como ela está? - Perguntei à ele.
Os aparelhos apitavam em um ritmo único e não me parecia nada fora de ordem ou errado.
- Ela está com os sinais normais. - Falou. - Logo o efeito da anestesia passa e ela acorda.
Desci o olhar até a perna dela que estava coberta pelo lençol.
- E a perna? Como vai ficar?
- Eu ainda preciso falar com o ortopedista, mas não acho que nada além de um gesso será necessário. Eu só preciso confirmar.
Assenti.
Abracei meu próprio corpo e voltei a me aproximar da cama.
Que dor vê-la assim.
- Mamãe promete que vai ficar tudo bem. - Balbuciei tocando o rostinho dela.
Senti a mão de Dylan no meu ombro e não reagi. Eu não tinha forças para brigar agora.
Ele respirou fundo e falou:
- Eu prometo que vai ficar tudo bem, Shivani. Eu vou falar com o médico. Já volto.
Movi a cabeça para cima e para baixo sem olhar nos olhos dele e olhei apenas para a minha filha até que ele sumisse pela porta de vaivém e, só então, me permiti chorar.
Eu não sou tão forte assim...
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[🥀] cheguei. Me perdoem por não postar ontem, não sei oq aconteceu, eu esqueci.
[🙈] pra deixar claro, já tenho todos os capítulos da fic-adaptação em minha mesa kkk, mas vou postando tudo com calma.
I love u vces
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𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲
FanfictionFazemos tantas coisas por amor que perder a cabeça acaba sendo consequência. autora original; AmandaYvina (ps; isso é uma adaptação)