capítulo 31

1.3K 170 199
                                    

Meu telefone começou a tocar e eu tateei o sofá em busca dele enquanto ainda tentava assimilar as palavras de Dylan.

Isabel nos encarava sem entender nada, mas ao mesmo tempo parecia entender absolutamente tudo.
Ela refletia meu medo.
-
Alô? - Balbuciei.

- Shivani Paliwal? Aqui é Lana Jones do conselho tutelar. Bom, descobrimos que a senhora perdeu o emprego fichado recentemente. Procede?

Uma lágrima escorreu dos meus

olhos.
- Sim. - Sibilei.

Isabel correu para o quarto e fechou a porta. Dylan sentou do meu lado no sofá e me encarou.

- Eu acredito que a senhora tenha conhecimento do que isso irá surtir em relação à sua guarda quanto a menor. Certo?

- Sim.

- A senhora não tem mais nenhuma renda fixa e como pretende sustentar a menina?

Olhei para Dylan que esperava pacientemente. Mordi o lábio inferior.

- Eu ainda não sei, mas estou procurando um trabalho e...

- A senhora deve entender que em circunstâncias assim a menina não pode ficar desamparada...

Fiquei de pé.

- Mas ela não está desamparada! - Retruquei. - Eu canto em um bar à noite e minha filha nunca passou fome.

- À noite? - Ela diz. - Deixa sua filha sozinha à noite para trabalhar em um bar?

Engulo em seco.

- Ela fica com uma amiga.

- Mesmo assim. - A mulher suspira do outro lado da linha. - Olha, eu também sou mãe e entendo todos os empecilhos e problemas que passamos, mas a lei precisa ser cumprida e...

- Que lei!? - Explodo. - Está na cara que o cretino do pai dela pagou para vocês! Ele comprou à todos! Que inferno, ninguém vê que esse homem arruinou a minha vida!? Que espécie de mãe é você que não me entende!?

Cala a boca.

Dylan se ergue e se aproxima de mim. Mas dane-se! Ele comprou mesmo.

- A senhora está totalmente fora de si e isso pode configurar difamação! A senhora além de tudo quer ser presa!? - Grita do outro lado da linha.

E é aí que eu caio em mim novamente.

Olho para Dylan com a testa vincada e a mão tremendo enquanto segura o telefone.

Era tudo um plano dele desde o início.
Ele está me enlouquecendo para pegar minha filha.... Ele pagou à essas pessoas...maldito!

- Desculpa! - Me apresso a dizer. - Me desculpa, eu...

- Vou encaminhar essa ligação à corte. Se eu fosse a senhora arrumava um bom advogado, pois será praticamente impossível ganhar a causa e a guarda. Tenha um bom dia.

E então a ligação foi cortada e eu cambalaeei para trás me sentindo uma estúpida.

Ele não mudou.
Ele me enganou.
De novo. E eu estava nas mãos dele.

- EU TE ODEIO! - Esbravejei atirando celular no chão. - Seu maldito miserável!

- Está louca!? - Berrou de volta.
Avancei nele como um animal raivoso e lhe desferi uma bofetada, depois outra e Empurrei seu peito com socos.

- Maldito! Desgraçado! Você quer acabar com a minha vida!

Ele segurou meus braços e me fitou.

- A nossa filha está no quarto, você vai assustar ela, Shivani! - Falou.

Me soltei de suas mãos.

- Você é mal. Por que, Dylan? Porquê? - Indaguei.

Ele esfregou a nuca e balançou a cabeça.

- Por que eu te amo e por amor eu sou capaz de tudo. - Falou com tanta frieza que me afastei.

- Quer se casar comigo sabendo que amo outro só porque sente um amor doentio!? - um sorriso de nervoso escapa dos meus lábios. - Você é um psicopata!

Ele sorri, mas não há humor.

- Você também me amava. Seu amor não pode ter desaparecido e, se você casar comigo terá a guarda da nossa filha. O que mais você quer!?

- PAZ! - Grito. - Eu quero paz e que você vá para o inferno de onde nunca deveria ter saído. O que foi? O capeta te devolveu?

Ele ri achando graça das minhas palavras e se encosta na parede com os braços cruzados.

- Você pode fazer piada ou aceitar o fato. Ou você casa comigo ou perde a guarda da Isabel.

Minha filha...

Imagens do nascimento dela passam pela minha cabeça de forma tão nítida como se fosse um filme; consigo sentir meu coração acelerado como senti no dia em que a pus nos meus braços pela primeira vez.

Os primeiros passos, a primeira palavra, o primeiro dia indo pra escola e eu chorando dentro do carro enquanto ela nem lembrava de mim... Momentos. Momentos de nós duas.
Eu não iria viver sem ela. Sem o cheiro dela.

E não posso deixa-la com ele. Jamais.

Escondo o rosto entre as mãos e me encosto na parede.

Bailey.
Lembro do quarto do filho dele onde fotos minhas pendem da parede.

Sorrisos sinceros.

Seu olhar sobre o meu, seus beijos, seus carinhos, suas palavras, suas cores.

A voz dele...

Outra onda de choro me faz escorregar pela parede e apoio a testa nos joelhos.

- Não chora, mamãe. - Sinto os bracinhos de Bel em torno do meu corpo. - Por que você está chorando?

Levanto a cabeça e enxugo os olhos com o dorso da mão.

- Você perdoa a mamãe? A mamãe devia ter contado do Dylan...

Ela olha para ele que ainda continua parado e depois me olha.

- Só se eu não tiver que ficar sozinha com ele. - Cochicha. - Eu tenho medo.

Puxo-a para o meu colo e a abraço forte enquanto encaro o maldito desgraçado que sorri maliciosamente na minha direção.

A velha Shivani alcança a margem e me faz falar algo que eu não devia.
Mas por amor quem nunca errou?

- Eu aceito. Eu aceito casar com você. - Falei.

De soslaio vejo uma movimentação e quando giro a cabeça o rosto de Dylan contorcido em dor e decepção me fita.

Ele ouviu.

Não devia ser assim.

- Shivani... - Ele sibila e depois olha para Dylan. - Como?
Dylan ocupa meu campo de visão abruptamente e fala com a voz autoritária.

- Não ouviu? Ela me escolheu. - Pronuncia e, Bailey me olhar em busca de respostas.

- SHIVANI? Shivani, diz que é mentira! - Pede, tentando passar, mas Dylan não deixa.

Aperto Bel contra mim e, incrivelmente ela está quieta. Assustada.

- Bai, por favor, vai embora. - Digo, com uma dor atravessando meu peito.

- Por favor.

Perdão.

---------------------------------------------------------
Faltam 06 caps pra acabar a fic 💔

Amo vocês e os comentários tbm kkkk

Até depois <3

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora