Despedida

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Ela não necessitava voltar para o escritório, mas voltou. Precisava de alguns segundos só. E o ambiente já vazio do trabalho era perfeito. Ela peticionou a procuração enquanto tentava não fitar o próprio dedo com aquele brilhante gigantesco.

Mas era impossível.

Olhar para aquela joia era como visualizar a tarde com Max, seus beijos doces e sua sedução implacável. Era lembrar de uma torrentes de sentimentos nebulosos, e não saber exatamente o que sentir.

Ela suspirou enquanto guardava os pertences para voltar a casa deles. Já no hall de entrada, ela abriu a porta de seu apartamento. O cheiro de ervas e molho a abraçou.

- Max? – Sussurrou dentro do ambiente.

- Gatinha? Aqui. – Ele a chamou. Helena seguiu a voz dele, o encontrando no quarto. Uma mala estava em cima da cama. Max estava arrumando suas roupas dentro do objeto.

Seu coração pareceu parar. A bolsa caiu de sua mão. Max a observou, preocupação em seus olhos.

- Você...hum, você está indo embora?

- Estou indo para Los Angeles, gatinha. Esqueceu? Ficarei fora por alguns dias.

- Ah, sim. – Tentou dar um sorriso.

- Meu voo é amanhã... pela manhã. – Ele deixou a camisa que estava dobrando em cima da mala e virou-se para ela. Os cabelos despenteados, o peito nu, a bermuda meio caída na cintura. Os olhos dele pareceram fitá-la preocupados. – Não vou te deixar, Helena.

Não ia? Não até que acordo deles terminasse, não é? Ela respirou fundo, tentando normalizar o susto e deter o medo que crescia nas entranhas.

- Não, é claro... ainda temos o acordo.

Consternado, Max passou as duas mãos no cabelo. Depois foi até ela e segurou o rosto feminino entre as mãos.

- Gatinha, não vou te deixar. E não é pelo acordo. - Helena franziu o cenho. Max soltou um selinho nos lábios dela. O estalo do beijo a sobressaltou. – Eu não vou demorar, serão só quatro dias.

Quatro dias era mais da metade de uma semana. Era muito, não era? Por que estava preocupada com isso? Mas a voz de Max era apaziguadora, e parecia tornar tudo sem importância. Os braços dele passaram em volta dela, a apertando em um abraço quente.

Sem saber como agir, reagiu ao abraço. Já era a despedida? Ela tocou os músculos das costas deles com as pontas dos dedos, descendo e subindo, em um carinho estranho no dragão tatuado. Max afundou o nariz nos cabelos dela, inalando o cheiro de baunilha e morango dos fios.

- Max, eu ainda nem tomei banho. – Estava incomodada. – Estou com areia em todos os lugares. – Riu, ainda dentro do abraço. Ele a soltou, a encarando nos olhos.

- Você vai ficar bem?

- Mas é claro que sim! - Ela fez uma careta e revirou os olhos. Ia mesmo ficar bem? Talvez. – O que o preocupa?

Ele pareceu fazer uma careta, dando um sorriso nervoso.

- Não sei, gatinha. Aquele seu ex... – As narinas dele se dilataram.

- Max, está tudo bem. Não tem que se preocupar com ele.

- Não estou preocupado com ele, Helena. Estou preocupado com você. – Ele cruzou os braços no peito nu. – O modo como aquele homem olhava para você... Ele não desistiu.

Uma raiva estranha começou a queimar nela. Por que mesmo estavam falando de Ryan? Queria esquecer aquele homem no limbo de sua mente.

- Mas eu desisti dele, está bom? E isso é tudo o que importa, Max.

Pedaços do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora