Um pedaço de nós dois

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Max


Helena tentou se sentar, mas Max a impediu. Ela resmungou, e tocou com a ponta dos dedos os contornos do gesso que revestia o braço dele.

- Eu estou bem. – Max murmurou, a observando erguer e repousar a mão no lugar onde batia seu coração.

- Você está vivo, e bem... – ela repetiu, se permitindo descansar a cabeça no travesseiro.

A enfermeira estava ao lado, reorganizando o aparelhamento hospitalar que ela quase tinha arrebentado ao se debater na cama.

Não contente, Helena olhou para ela de cara feia.

- Helena, é preciso. – Max sibilou, afagando a face dela. – Estou vivo e bem porque você levou o tiro por mim.

- Ela já está estabilizada. – A enfermeira idosa com um coque perfeito murmurou para ele. – Peço que vocês não a cansem... ela ainda precisa de muito repouso. – A mulher deu um tapinha amistoso no ombro de Max e saiu do quarto.

- Eu preciso sair daqui! – Helena protestou assim que a enfermeira saiu.

- Aí graças a Deus! – Leandro ignorou Helena com o rosto banhado por lágrimas. Ela olhou pro irmão preocupada.

- O que foi?

- Como assim o que foi?! Você foi sequestrada e quase... você quase morreu, Helena! – Ele estava sentado na beira da cama, limpando as lágrimas que ainda não haviam parado de cair. – Eu só tenho você nesse mundo, Hel...  Não ouse me deixar!

- Eu estou bem, Lê.

A família dele estava em volta da cama de Helena. Anne segurou os pés da nora sob o lençol.

- Querida... oramos tanto pela sua recuperação. – Anne dizia. Linda assentiu emocionada.

- Pelo menos agora esse cara vai receber ajuda médica. – Mathews indicou Max com o queixo. Uma expressão duvidosa foi estampada na face de Helena. Então Linda tentou esclarecer:

- Durante a sua recuperação, Max ficou todos os dias com você. E se negou a receber ajuda para que não saísse do seu lado.

- É! Até a colocação do gesso dele foi aqui. – Leandro completou, meneando a cabeça. Helena enrugou o nariz e balançou a cabeça para Max também. Ele apenas deu de ombros. – Outra coisa, mana. Temos muito que agradecer a ele, porque depois que você caiu do cavalo baleada, Max a salvou. Carregou-a desacordada sabe-se lá por quantos quilômetros para conseguir ajudar com um morador.

- Ele está exagerando. 

Tinha a carregado por alguns metros até encontrar um morador que os ajudaram, levando-os de carro até uma unidade de pronto atendimento.

- Não estou não. Está vendo o braço dele? Não foi só a queda que ajudou a quebrar, você também, viu?!

- Leandro! – Foi Anne quem o interpelou. – Não vamos jogar tantas informações em cima dela agora... Querida. – A mãe de Max murmurou olhando para Helena. – Vocês dois deram a vida um pelo outro. E somente porque o amor de vocês foi grande, é que estão aqui, sã e salvos.

- O amor os salvou. – Linda disse, os olhos azuis marejados.

- É... - Mathews parecia desconcertado. – Que tal nós os deixarmos um pouco sozinhos? 

Todos assentiram, com exceção de Leandro, que só saiu do quarto quando Helena jurou que tiraria um tempo para falar somente com ele.

Quando estavam a sós, Max se sentou ao lado, num pedacinho da cama. Helena mordeu os lábios, sem saber o que dizer. Max riu do constrangimento dela. E para atenuá-lo, deitou-se ao lado, ficando de lateral pra ela.

Pedaços do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora