Capítulo oito.

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H A R R Y

Era o dia mais chuvoso que eu presenciava desde que voltei para a Inglaterra. Eu provavelmente teria passado o dia inteiro na cama me recuperando do jogo de ontem se minha mãe não tivesse torcido o pé acidentalmente, fazendo meus planos preguiçosos irem por água a baixo.

- Você vai ficar bem, só precisa usar gesso por uma ou duas semanas. - Um médico alto sorriu para minha mãe assim que verificou o raio X novamente. - Teve sorte de cair de uma escada tão grande e só machucar o pé.  

Seus olhos verdes se suavizaram quase que imediatamente. Ela parecia extremamente cansada, diferente da mulher bem arrumada que saiu de casa essa manhã. Coisas como essas me faziam lembrar do quanto pessoas eram coisas frágeis, que estavam em um segundo mas podiam simplesmente desaparecer no outro.

- Talvez não devesse usar saltos tão altos assim. - Impliquei, jogando o único salto bom no lixo. - Mulheres da sua idade só usam sapatilhas.


- Mulheres da minha idade ainda possuem força para bater em você. - Ela ameaçou me fazendo rir. - Obrigado doutor Keller, detesto a ideia de ser obrigada a fazer qualquer tipo de cirurgia.


- Não pareceu tão relutante a ideia quando colocou botox. - Falei antes mesmo de conseguir me fazer calar a boca, fazendo o médico gargalhar.

- Esse é Harry Styles, hm? - Ele se virou para mim ainda sorrindo. - Ouvi falar bastante de você.

Senti minha testa franzir em confusão. Eu nunca tinha visto o homem na minha vida, e apesar de saber que o passatempo preferido das pessoas em cidades pequenas era fofocar, ainda sim foi estranho.


- Ouviu, é? - Eu pergunto examinando seu rosto em uma tentativa falha de me lembrar se o conheço de algum lugar.


- Sou Michael Reed. - Ele falou enquanto estendia sua mão para mim. - Pai de Natalie Reed.

Ele falou com os olhos esperançosos em minha direção, me fazendo ficar ainda mais perdido que já estava. Apertei sua mão sem ter a mínima noção de quem era Natalie Reed, mantendo a educação que minha mãe tinha passado anos e anos enfiando guela abaixo para mim.

- Ah! - Minha mãe interferiu, fazendo os olhos do tal Michael se voltarem a ela. - Natalie é uma menina incrível, conhecemos ela semana passada no Brunch. Não sabia que o senhor era pai dela.

Minha mãe começou a fazer o que ela fazia de melhor um segundo depois, tagarelando e tagarelando sobre qualquer coisa que ela lembrasse do domingo passado até que Michael se esquecesse por completo de mim. Eu tinha certeza que nunca tinha falado com nenhuma Natalie, e dava graças a Deus por minha mãe ter me dado a oportunidade perfeita de sair do quarto sem ser notado pelo provável pai coruja que me encurralaria.

Eu tinha noção de que no momento em que pisasse aqui a cidade pararia. Não falo isso de uma forma presunçosa, a questão é que qualquer coisa nova na cidade parece um grande feito quando na verdade não passa do comum. Desde que troquei Manhanthan por Holmes Chapel inúmeras visitas foram feitas a minha casa com os piores tipos de perguntas esfarrapadas. A maioria das pessoas vinham na intenção de descobrir mais sobre a grande causa que tinha nos feito voltar, quanto tempo ficaríamos e inúmeras outras perguntas tão incovenientes quanto a própria visita.

A única pessoa que eu realmente quis que fosse me visitar mal percebeu que cheguei na cidade. Tenho quase certeza que se Elizabeth Fletcher não fizesse uma recepção em nosso nome, Angel sequer notaria que pus meus pés na cidade. Diferente da sua reação a mim, ela foi a primeira pessoa que vi quando cheguei.

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