13 - Passagem grátis para outra dimensão

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As luzes fascinaram Athena. A diversidade de produtos e entretenimento nas barracas a encantou. Mas foi o respeito com que se divertiam os orientais que a deixou sem palavras.

Enquanto Haruto a conduzia pelo festival, ela viu jovens e adolescentes darem lugar aos mais velhos. Mulheres com crianças pequenas sendo protegidas da multidão e guiadas para locais mais calmos. Meninos guiando senhores para o começo das filas. E todos rindo e fazendo isso naturalmente.

Foi impossível não comparar aquilo com as festas olimpianas. Só naquele momento ela entendeu como seu lar estava atrasado. Não apenas na tecnologia - seu pai teria um infarto quando ela lhe contasse da eletricidade. Mas no trato com o próximo.

Ela tinha vivido situações que considerou surreais desde que chegou no Império Nascente. A devoção e o carinho com que tratavam os nobres – tirando é claro, ninjas como Pallas – era algo que ela não podia imaginar acontecendo no Olimpo. A maneira como a tratavam desde que salvou Raijin... Athena sacudiu a cabeça e continuou andando.

Foi exatamente como Hefesto lhe disse. Ela se lembrava da última conversa que tiveram, no jardim de Hera. Ele a advertiu que o que ela conhecia, seus conceitos de família e sociedade, seriam abalados. Athena se limitou a caçoar dele, dizendo que duvidada que os frios orientais a considerassem uma "amiga do império". E ali estava ela, uma filha adotiva da principal família nobre do império. Ela pensaria duas vezes antes de duvidar de seu irmão novamente.

Será que ela voltaria mudada também? Hefesto foi para Nidavellir e voltou outra pessoa. Era um garoto inseguro que se tornou um homem extraordinário. Se acontecesse com ela, que mudasse para melhor. Era o mínimo que devia ao carinho que todos demonstravam para com ela. Inclusive Sakura, que...

— Onde está Sakura? — ela perguntou olhando em volta.

Haruto sorriu de maneira travessa e apontou.

— Olhe lá na barraca de dardos.

Tinham se distanciado bastante da barraca. Mas ali estava ela conversando com um jovem muito bonito. Athena inclinou a cabeça.

— Quem é aquele?

Os olhos de Haruto brilharam, brincalhões.

— É Hitachi, herdeiro da família Tsui Kentarou.

As sobrancelhas da olimpiana se ergueram.

— O irmão de Pallas?

Haruto sacudiu a cabeça, confirmando.

— Quer esperar por eles? — quis saber o garoto.

Athena pensou por alguns instantes e depois sorriu.

— Acho que podemos dar uma volta apenas nós dois. O que acha, Haruto?

O garoto gargalhou.

— Como quiser, minha lady.

Foi a vez de Athena sorrir. Não esperava que a companhia de Haruto fosse tão agradável. Eles continuaram o passeio ela apreciou cada gentileza dele. E a paciência também! O samurai explicava cada coisa para a qual a olimpiana olhava. Por mais simples que fosse. E quando ele parou por acaso em uma barraca que vendia néctar e ambrosia recheada ela não se conteve e lhe beijou no rosto.

— Você já sabia desse lugar?

Haruto ficou sem graça. Ela achou fofo, mas não falou nada para não piorar o estado do garoto. Ele explicou que contratou aquela barraca para que Athena se sentisse mais em casa. Sua boca se abriu, e depois formou um sorriso torto.

— Alguém está mais interessado em mim do que imaginei.

Haruto teve a decência de ficar vermelho. Athena achou por bem parar de provocá-lo. Tinha feito tudo aquilo por ela. A olimpiana abraçou o samurai e agradeceu a ele.

Lâminas e CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora