A frustração tomou conta de Sakura.
— E mesmo assim você não encontrou nada? Nenhuma pista?
Do outro lado do cristal espelho, um homem passou a mão pelo rosto. O peso nos ombros levou a melhor, e ele se curvou respirando profundamente. Sakura já tinha se acostumado aos seus braços musculosos e corpo definido. Principalmente porque Hefesto não fazia questão de vestir uma camisa em suas reuniões. Se ela usasse a cristalomancia de surpresa até entenderia. Mas eles se falavam umas cinco vezes mês. Nos últimos sete meses.
No começo ela pensou que ele fazia de propósito. Que estava se mostrando para ela. Era assim que os samurais faziam. Mas logo percebeu que estava errada. Hefesto amava a tal princesa dos anões, Sindri. E falava tanto dela que Sakura entendeu que ele não queria se mostrar. Simplesmente não se importava em se vestir apropriadamente.
Talvez sua irmã Athena fosse uma exceção e os olimpianos fossem mesmo bárbaros. Pelo menos Hefesto se aproximava da definição que ela tinha da palavra.
Quando se falaram a primeira vez ela levou um susto. Estava ali no quarto da irmã, poucos dias dela ter desaparecido. Ainda chorava a perda da olimpiana quando o cristal brilhou. Hefesto estava do outro lado. A barba estava aparada mas os cabelos despenteados, Seu olhar, sobre a "monocelha", como ele mesmo chamava, mostrava desespero. Ele perguntou se era verdade que Athena tinha desaparecido. E a partir daquele dia começaram a conversar. E a cada dia que passava Hefesto ficava pior. Mais desleixado. Mais sujo.
Sakura então entendeu. Sua irmã falava muito dele. Na verdade só falava dele e de seus filhos. E ao sentir o desespero de Hefesto soube a verdade. Fora Sindri e seus filhos, Athena era sua única família.
Nos últimos meses eles se aproximaram. Tinham algo em comum: queriam encontrar Athena. Sete meses depois, Sakura podia chamá-lo de amigo. Mesmo que naquele momento quisesse esganá-lo.
— Não encontramos nada, Sakura — ele disse, e ela sentiu o desânimo em sua voz. — Foi outro mês de buscas sem fruto algum. Os anões de Nidavellir e os Trolls de Hellheim têm um pacto frágil de paz. Mas nos permitiram entrar em seu reino e procurar pistas sobre atividade demoníaca.
Sakura cruzou os braços para não sair socando as coisas.
— E não acharam nada?
O ferreiro balançou a cabeça. Seu olhar refletia a mesma coisa que a samurai via quando se olhava no espelho: falta de esperança.
Hefesto bufou e caiu sentado em um banquinho.
— Os trolls alegaram que foram dominados pelos Balrogs e forçados a atacar Nidavellir. Os orcs também disseram a mesma coisa. Apesar do tratado de paz entre anões e orcs, não podemos entrar em Svartalfheim por causa dos elfos escuros.
Sakura bateu os pés no chão. Quando viu Hefesto erguer as sobrancelhas ela deu de ombros. Ele já era praticamente um irmão. Podia perder o controle em sua frente.
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Lâminas e Corações
FantasiJá imaginou o que aconteceria se uma história misturasse Mitologia Grega e Naruto? Não? Então Lâminas e Corações foi escrito para você. Essa história tem fortes influências de Percy Jackson, Naruto e Cavaleiros do Zodíaco; e foi baseada na Mitologia...