Claire e Betty se conheceram de forma bem inusitada numa boate. A primeira estava chateada por estar num ambiente que não lhe agradava muito, mas era bom enfim voltar a beber com os amigos e sua meta naquela noite era de fato ficar bêbada. Já Betty adorava sair para dançar, e por mais raro que parecesse ela não bebia. Já se embriagava demais em música para ter outra droga, mas ainda sim tinha uma queda por mulheres que lhe dava a fama de pegadora entre os amigos. Claire estava no bar pedindo sua quarta dose de vodka quando viu aquela deusa na pista de dança, ela era tímida e não dançava nada; seu lance eram vídeo-games e o álcool mesmo. Claire tinha tido muitos relacionamentos falidos ao longo dos anos e finalmente desistira de tudo. Em sua opinião, o romance era um grande chefão da sociedade que ela jamais conseguiria passar, se conformou com a derrotada de alguma maneira.
Betty sabia que quando dançava todos ficavam lhe olhando, suas curvas, o sorriso malicioso, sue cabelo... Ela adorava aquilo. Mas também sabia que a sensação de fazer o que mais amava sem ligar muito para o mundo lá fora era libertadora. Naquela noite, Betty não fazia ideia que ao invés de caçadora estava sendo a presa. Claire tinha adorado como a morena dançava, mas ao final do seu drink desistira de ir falar com ela, pensou bem e sabia que jamais iria acontecer. Contudo ao se virar para pedir outra dose dupla antes de ir para casa, Betty apareceu justamente ao seu lado pedindo apenas uma água. Aquele sorriso largo, a bochecha suada e o cabelo bagunçado foi tudo que precisou para Claire se sentir um pouco mais corajosa e sorrir finalmente na direção dela.
Betty riu ao perceber a mulher sem jeito no bar e voltou a olhar ao redor da boate onde a maioria das pessoas já tinham esquecido sua performance na pista de dança e tinham voltado suas atenções para outros assuntos. Ela também não encontrara ninguém que lhe interessasse ali, e achou fofo o mal jeito de Claire. Ao perceber que a mulher estava tomando uma dose dupla de algo acabou alargando mais seu sorriso, não via graça em álcool e não entendia bem o motivo das pessoas precisarem muito daquilo para se encorajarem. Acabou então se apresentando, talvez aquilo fosse divertido ao seu ver. Conhecer alguém sem segundas ou terceiras intenções. Pensou que no máximo pudessem virar amigas e provavelmente Claire a faria sorris bastante com o tempo. Mas que até isso acontecer, ela teria que tirar aquela vontade de ter segundas intenções de Claire.
Entre um hamburguer e outro, o flerte foi dando lugar aos olhares intensos. As risadas viraram facilmente mordidas labiais de uma vontade enorme de um beijo que ainda não chegara. Não havia álcool naquela tarde, não havia timidez naquele encontro após vários, não havia terceiras pessoas envolvidas, só ambas ali. Mergulhadas uma no universo da outra. Ao final do lanche no shopping, o convite para o quarto de hotel estava mais do que claro. Sem conversas longas ambas seguiram para o hotel, entraram no elevador e caminharam pelo corredor até o quarto. Um clássico clichê para quem vê casos de adultério, só que ali ninguém havia traído ninguém. Elas estavam livres de todo o peso do mundo, da timidez e felizes ao se reencontrarem, no cheiro do abraço uma da outra, na vontade de uma pela outra.
Claire ficou mais quieta ao fechar a porta do quarto, mal sabia ela que Betty tinha deixado isto de lado no terceiro encontro delas, duas semanas atrás. E que agora, naquele momento dentro do quarto, ela só queria devorar aquela mulher como bem entendesse. E o beijo queimou algum lugar que Claire não sabia existir ainda e o ardor continuou dentro de si por algum tempo quando Betty retirou sua blusa e começou a beijar seu pescoço perto da porta. O tempo entre uma respirada e outra só misturava as sensações em seu corpo, enquanto a outra tomava conta da situação ao seu bel prazer. Quando Claire percebeu já estava na cama com Betty em cima de si também tirando sua roupa. Ela parou por um segundo para observar a cena: as roupas jogadas no chão, o quarto em silêncio, a porta trancada as esperando terminar sua diversão ali. A sensação de liberdade e de prisão no desejo por aquela deusa que lhe encarava de cima com toda uma vontade de satisfação por tudo aquilo que estavam vivendo desde o encontro inusitado na boate.
De cima, Betty de repente ela se fez entregue à mão que lhe segurava pelo pescoço enquanto sua boca descia para explorar aquele corpo inteiro. A espera não poderia ser mais deliciosa que aquilo, até que ela percebeu que sim. Como ou por que não importava. Claire só a queria ali, daquela forma e ela só queria pertencer a Betty de todo jeito. Então se rendeu ao desejo da forma mais absoluta possível e deixou toda sua timidez do lado de fora do quarto também. Betty acabou amando aquilo, e adorou o fato de ser Claire a estar ali com ela. Alimentando tantos desejos aos quais já havia sonhado anteriormente durante o tempo que se conheciam, Betty apertava bem as coxas de Claire e adorou ver as marcas se afincando na pele pálida da outra.
O contraste entre ambas as peles era lindo, mas Betty se preocupava mais em ter seu desejo saciado. Entre os apertos, ela não suportou não morder Claire arrancando-lhe um gemido. E que gemido... Ela jamais imaginara que aquela mulher era tão gostosa assim e ao ver o que estava bem a sua frente, ela se deliciou como nunca. Betty adorava dominar as pessoas ao seu redor e na cama não era diferente, mas Claire tinha algo a mais que ela jamais testemunhara antes. A sua forma de se entregar era tão pura e autêntica que Betty se perdia em seus próprios desejos em fazê-la gemer mais ou se render. Claire acabou se rendendo e acabou pedindo pela boca e língua de Betty, que respondeu com um seu sorrisinho sarcástico de lado, mordendo apenas seu lábio antes de lhe penetrar com dois dedos apenas para indicar quem estava mandando na situação ali. Betty era tão quente quanto e elas estavam num estado de tesão do qual nunca tinham sentido antes. Os gemidos de Claire davam vazão à invasão dos dedos de Betty em si, elas aproveitaram tanto o momento que era divertido sentir tantas coisas novas uma pela outra naquela cama de hotel.
Betty de fato ficou impressionada por cada segundo que sentia Claire ficando molhada na cama mais e mais. Era divertido e ao mesmo tempo impressionante de ver como aquela mulher tão tímida era tão gostosa de se ter. O sexo tornou-se mais intenso à medida que o tempo foi passando, e elas foram explorando cada qual uma parte nova do corpo da outra. O encaixe entre as mãos, os suspiros e a respiração ofegante iam transparecendo o desejo ali sempre presente, porém nunca vivido até aquele encontro. As posições iam mudando de acordo com a busca por mais ar e as palavras, mesmo poucas, se tornavam intensas como seus orgasmos. Os olhares mostravam que a conexão construída era forte o suficiente para quebrar barreiras de qualquer forma. Betty e Claire transaram a noite toda até acabarem pegando no sono de tão cansadas dos atos realizados por fim. E ao acordar na tarde seguinte, Claire não pode conter a felicidade de ver Betty descansando em seu peito como uma criança pequena dormindo após um dia inteiro brincando no parque. Ela teve a certeza de que a amava ali, após finalmente terem cumprido com os atos mais carnais que tinham uma pela outra, e esperava que aquele relacionamento durasse e fosse tão bom quanto os seus encontros anteriores com ela. Encaixe perfeito apesar das diferenças.
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Madrugadas
Short StoryMadrugadas é um compilado de contos eróticos sáficos no qual mulheres independentes de etnia, idade e gênero acabam se encontrando para viver seus desejos umas pelas outras.