Madrugadas

Melanie e Eduarda

Melanie era enfermeira cirurgiã, estava começando sua carreira e não fazia ideia de que num Congresso de medicina ao qual tinha ido, encontraria com Eduarda, era uma dentista cirurgiã super renomada e nem prestara atenção em Melanie no meio de tantas faces a qual cumprimentara durante aquele Congresso chato, o foco de Eduarda era palestrar e beber o quanto pudesse durante as festas.

Melanie se lembrava muito bem do rosto de Eduarda, pois o verde de seus olhos brilhava demais. Algum tempo depois ela mudou-se de cidade e foi trabalhar num hospital maior, e para a sua surpresa Eduarda trabalhava lá também. Ela ficou nervosa só de pisar no chão do hall de entrada por também admirar a carreira da outra de longe. Mas não seria a presença de uma médica famosa que iria atrapalhar seus planos de suceder na nova vida, Melanie deixou tudo para trás: pais, cachorro, e até mesmo a vontade de comprar uma casa para si na cidade onde cresceu e viveu a maior parte de sua vida. Agora ela morava num flat apertado e alugado, ainda não sabia bem onde tomar café na cidade e achava os casos médicos superinteressantes fosse qual fosse.

Eduarda tinha namorada, estava cansada do estrelismo ao redor de seus dons médicos e queria adotar um gato. Pensava que aquele seria um ótimo passo a frente no seu relacionamento, que não ia lá muito bem, mas o fato das duas dividirem o apartamento a fazia ir levando de qualquer forma. Afinal, ela não passava muito tempo em casa e sua namorada também não e isto facilitava a convivência entre ambas que tinham um temperamento altamente explosivo quando discutiam. Geralmente as brigas terminam com ela indo dormir na casa do seu melhor amigo Mike e sua namorada ficando em casa chorando ou chamado sua irmã mais nova para desabafar. Mas para Eduarda era sempre bom a reconciliação, era o ponto em que ambas começavam a mudar de fato sobre qualquer que fosse o assunto da discussão. O desgaste sempre ia e vinha e era disto que ela também estava começando a cansar.

Apesar de tudo, Melanie fazia o máximo para não esbarrar em Eduarda no hospital. Ela sempre foi tímida demais e sabia que os resquícios desta timidez sempre resultavam em algo desastrado como um tropeço, uma queda ou um escorregão. E apesar disto, ela ainda era uma profissional precisa. Seus amigos sempre diziam que ela tinha um ótimo senso de humor. Os méritos de Melanie nunca a levaram ao estrelato medicinal como os de Eduarda, mas ela se continha com a vida. Seus planos nunca foram de ser a melhor em tudo e sim, ajudar os outros no que lhe competia. Equilibrar isto com a leveza de ser a pessoa que era se tonara o verdadeiro desafio quando ela começou a estudar enfermagem.

Eduarda tinha um perfeccionismo muito preciso em relação aos seus pacientes e carreira, algumas vezes quando organizava a casa também. Mas isso nunca fora um problema, ela levara isto para sua carreira de forma brilhante e durante todo o tempo tentava ser o mais criativa possível. Resolvia seus problemas sem pedir ajuda e tentava inovar sempre que podia, estava caminhando assim quando a ficha realmente caíra que ela era respeitada pelos colegas de trabalho. Mas era algo que no fundo ela não sabia lidar, eram muitas pessoas que lhe aplaudiam e na maioria dos dias ela só queria chegar em casa e se enfiar na cama com a namorada para dormir. Mas a vida adulta não era apenas de sonhos realizados, as suas responsabilidades iam aumentando ao longo dos dias que se estendiam por semanas e no fim meses.

Quase um ano após Melanie começar a trabalhar no mesmo hospital de Eduarda, ela decidiu ir beber num bar que havia perto. Melanie não era tão vaidosa, mas gostava de beber um pouco nas horas vagas quando não estava entretida fazendo qualquer outra coisa. Melanie estava concentrada no seu drink pensando se trocaria os móveis mais uma vez de lugar na sua próxima folga quando Eduarda chegou ao seu lado e lhe deu uma cantada barata. Tinha acabado de terminar seu namoro, estava fazendo hora para que a sua ex tirasse seus pertences do apartamento pois não queria ver a cara dela nem que lhe pagassem.

Melanie se surpreendeu com aquilo de uma forma enorme, ficou calada por um bom tempo. Eduarda era linda demais de perto e naquele vestido vermelho estava deslumbrante, mesmo que não muito chic ela parecia brilhar assim como as luzes do bar. Ou talvez fosse o álcool já fazendo efeito em seu cérebro. Melanie deu um meio sorriso ao ouvir aquela cantada barata e então disse: