Agatha e Marina

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Agatha e Marina eram amantes há mais ou menos 6 anos. Ambas eram casadas, a primeira com um homem super mente aberta e a segunda com uma mulher super mente fechada. Elas tinham se conhecido num bar, numa noite aleatória e a decisão do adultério tinha vindo um tanto que naturalmente. Claro que na manhã seguinte, Agatha tomou a vez de dizer que não passaria daquilo; mas algo fez com que as duas começassem a se conhecer mais e se encontrassem novamente. Marina provocava, mas também nunca tinha estado com alguém tão irresistível quanto Agatha. Claro que ambas tinham problemas conjugais como qualquer outro casamento, mas naquele caso o adultério não veio por falta de amor ou mesmo toque. James conhecia a esposa bem o suficiente para saber de suas pequenas aventuras com menininhas mais novas, e ele mesmo não se importava até porque vez ou outra ele também era convidado a passar alguma noite com elas.

Ao contrário do casamento de Agatha, Marina meio que sofria um pouco nas mãos de sua esposa por conta de seu ciúme. Nada que chegasse a ser abusivo ou demonstrasse alguma obsessão, só que a crise que elas se encontravam tinha acontecido na mesma época que Marina encontrou com sua amante. Depois disso, Íris até começou a achar a esposa mais atenta à relação delas e nem suspeitava de nada. Agora alguns anos depois, James começou a perceber que com o passar do tempo, sua mulher tinha se apaixonado pela primeira vez desde que o conhecera. A dama de ferro, como ele a chamara, estava se derretendo por alguma ninfeta qualquer e ele preferia observar até onde isto iria dar. O que ele não esperava era que durante os anos, Agatha deixou de lado a procura em tantas outras mulheres e consolidara um relacionamento mais sólido com Marina tanto quando seu casamento não monogâmico.

Elas se apaixonaram após algum tempo se conhecendo melhor e apesar de não rotularem a relação, a intimidade que foram construindo só crescia. Agatha adorava a cara amassada de Marina pela manhã, a preguiça jovial dela lhe despertava um carinho que ela jamais se permitiu sentir por nenhuma outra amante. Já Marina, notava delicadamente as diferenças entre suas mulheres. Ao contrário de Íris que de vez em quando lhe mimava, Agatha não lhe poupava verdades cruas e ainda sim maneirava antes de dilacerar a realidade em sua face.

Apesar de tanta diversão e companheirismo, o acordo das duas era claro sobre o relacionamento extraconjugal. Ao perceberem-se apaixonadas, cada uma lidou de uma forma com isto. Agatha, mais racional decidira ter a conversa em algum lugar em que elas não pudessem se render à tentação de acabarem juntas numa cama ao fim da noite. Como toda relação, a delas foi mudando com o tempo: amantes, confidentes, companheiras, amigas, namoradas apaixonadas...

Foi numa dessas noites íntimas que Marina sem querer soltou um "eu te amo" na cama com Agatha, aquilo a fez congelar dos pés à cabeça. Então ela apertou o pescoço de Marina um pouco forte, a beijou e sentiu um queimor dentro de si. Foi neste momento que Agatha também percebeu que a amava, que a queria ainda mais e agora de um jeito diferente, apesar dos anos de diversão ao seu lado na cama ela nunca tinha percebido este sentimento. Marina percebeu a mudança no olhar da outra, uma luz negra vinha daqueles olhos ainda mais escuros que as suas írises. E mesmo assim Marina sentiu uma vontade de se entregar de uma forma mais mansa e completa... Foi nesta noite que Agatha começou a exercer sua dominância com ela, e além de tudo elas se amavam. Ao fim da noite, Agatha também lhe confessara seu amor e elas pararam de se importar sobre esconder seus sentimentos.

Foi após essa noite romântica que James notou algo mais mudar em sua esposa. Comumente não gostava de confrontá-la sobre seus assuntos extraconjugais, contudo, sentiu-se deixado do lado de fora das fortalezas pela sua dama de ferro. Apesar da liberdade e confiança dentro do casamento, Agatha também não gostava de ser confrontada pelo marido, mas sentiu que a conversa era necessária. Numa noite, então ela sentou-se para conversar com ele e explicar que não era mais uma mulher que estava em sua cama e sim alguém que ela amava de verdade. James se entristeceu e depois de várias conversas sérias e discussões, ele acabou pedindo o divórcio afinal de contas não conseguiria suportar a dor e pela primeira vez um ciúme sentimentalista pela sua esposa. No fim, eles não brigaram, James apesar de magoado se conformou com sua decisão e depois de tudo pelo menos desejou a felicidade de Agatha com alguém que a também amava.

Já na casa de Marina, as coisas não foram tão felizes. Íris ao confrontá-la não foi tão paciente ou compreensiva, fez cena e chorou. Não acreditava nas palavras que tinha ouvido da sua esposa: ela a traíra, se apaixonara e agora abria a boca para dizer que amava outra mulher que não fosse ela. E por mais errada que estivesse, Marina não podia mais negar que era com Agatha que queria ficar agora e construir uma vida fora das quatro paredes que elas sempre dividiram. A decisão de tentar dar um passo a mais veio das duas, Agatha queria mostrar o mundo à Marina e ela nunca sonhara com isto antes. Contudo, ver Íris no sofá chorando horrores, despertou uma dor enorme dentro de si. Seria egoísmo de sua parte sair de um casamento falido para viver um amor? Perdão, era tudo que ela podia pedir a Íris e com o tempo aprender a se perdoar pelos seus erros.

Após os acertos de contas do novo casal com seu passado, Agatha levou Marina para a Itália. Achou que elas precisavam de umas férias, Marina parecia uma criança descobrindo o mundo ao ver todas aquelas estátuas e prédios antigos. Já Agatha, tinha ido ao país algumas vezes antes com o ex-marido, mas o rostinho de Marina a deixava cada vez mais apaixonada. Na primeira manhã, Marina estava tão animada que acordou mais cedo que Agatha e foi até a varando do quarto para ver o Sol nascer. Ficou perguntando-se estava vivendo algo real mesmo ou sonhando alto demais, a relação com Agatha era de uma leveza enorme. Ela se sentia livre demais e feliz demais, e não se lembrava de sentir-se assim antes.

A culpa por estar com Agatha agora tinha ido embora e ela esperava que isso tivesse acontecido com as duas. Ao acordar, Agatha viu a silhueta de Marina pela cortina branca da varanda. Ela estava de pé tomando um café, e ficou ali a observando da cama... Também não acreditava naqueles dias felizes e apaixonantes.

- Bebê? – Agatha chamou por Marina, que se virou no mesmo momento.

Marina lhe respondeu com um sorriso meio tímido no rosto e satisfeito.

- Minha Senhora? – e demorou a fitar Agatha na cama completamente nua com aqueles olhos lhe desejando, mas antes ela iria terminar aquela xícara de café.

Parece clichê falar, mas as duas finalmente só descobriram a felicidade de viverem seu amor após tomarem coragem de largar relações passadas. E claro, assumir seus sentimentos mais profundos. O final feliz tinha acabado de começar e nenhuma das duas queria perder o que tinham escolhido viver.

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