Madrugadas

Zoe e Naomi

Naomi trabalhava no mercado de ações como gerente financeira quando conheceu Zoe, uma artista que queria começar a investir seu dinheiro em ações. Ela estava acostumada com os mais variados tipos de clientes: viúvas bilionárias, jovens ricos que tinham recebido herança e até mesmo homens que tinham descoberto aquele universo meio que por acaso e tinham se tornado figurões cheios de dinheiro. Zoe não se encaixava em nenhum padrão que pudesse ser reconhecido no mercado e ainda sim, ficava intrigada toda vez que se comunicava com sua mais nova cliente. O que esperava era que a vida daquela mulher fosse tão bagunçada quanto o seu cabelo e roupas, contudo a ambição da jovem guardava um motivo estranho. As suas ações eram dos mais variados tipo e ainda sim precisavam sempre estar em reuniões para organizar tudo. Zoe sempre estava curiosa e perguntando coisas complexas, como se de fato não entendesse o que estava fazendo com o seu dinheiro. Mas no fundo, ela sabia.

Fazia dois anos que elas trabalhavam juntas para que a fortuna da loira ficasse o mais segura possível, mas algo não encaixava no estilo de vida dela. Uma artista renomada, mas não tão famosa, que possui uma galeria e trabalhava viajando, mas sempre voltada à cidade onde confiava seu dinheiro à Naomi. Vários colegas de trabalho se matavam para ficar no lugar dela e ter acesso às contas da artista, mas a cliente foi direta e quis desde o começo trabalhar com ela em específico, escolheu-a e não mudaria de ideia tão fácil. Ao ser perguntada sobre isto, sempre argumentava algo sobre feminismo e seus ideais de como o sistema deveria ser mais inclusivo. Os encontros delas se davam apenas no ambiente urbano e conturbado da caótica cidade que mesmo durante a noite, não dormia. Zoe passava 70% do seu tempo viajando enquanto a sua gerente se preocupava apenas com os números em seu computador e o tempo que tinha para si, com toda certeza não se dedicava a investigar mais sobre aquela mulher que já ocupava bastante de seu tempo no trabalho. Contudo, ao passar do tempo, Naomi foi redirecionada a ficar cuidando apenas do império daquela artista lucrativa. E com isso, tinha um monte de tempo mais livre para si também.

Um dia, Zoe acabou a convidando em sua casa e mesmo estranhando o convite ela foi. Ao chegar no local, viu a residência da mulher que claro, fazia jus a fortuna gerida por si mesma. A maior das surpresas foi ser recebida à porta com um ar completamente despreocupado de sua cliente e um sorriso no rosto, como se ambas fossem antigas amigas. O tom convidativo da artista a fez relaxar no mesmo instante que entrou pela porta, a dona da casa a recebera de braços abertos e quis rir da roupa social que sua convidada portava como uma armadura. Claramente esquecera de mencionar que aquilo não era um almoço de negócios, porém acreditou que suas próprias roupas já diriam aquilo já que não vira as horas se passarem dentro ateliê que ficava aos fundos do seu quintal. Estava quente demais e naquela manhã mesmo decidida a não trabalhar e só curtir o Sol em sua piscina, acabara tendo uma nova ideia para um trabalho. Mas ao ouvir a campainha tocar rapidamente fechou as portas do ateliê, seu lugar mais sagrado.

- Finalmente posso me sentar com você e conversar sobre assuntos que não envolvem meu dinheiro! - Disse ela bem feliz. - Olha, vou ser bem honesta, você parece ser bem chata quando se trata de trabalho. Agora parece até uma pessoa normal, sem ofensas... - E tenteou segurar um riso solto.

- Eu só fiquei surpresa com o seu convite. - Respondeu a gerente.

À medida que entrava na casa, Naomi se impressionou com o ambiente leve e ensolarado. Tudo ali parecia no lugar, não fosse a presença de Zoe que estava com o cabelo preso no coque emaranhado e sorriso fácil no rosto. Pela primeira vez percebeu as pernas bronzeadas da sua cliente e em como andava de jeito leve, talvez por que toda a preocupação de sua vida estivesse nas costas de outras pessoas da sua equipe.

- Você quer algo para beber? - Perguntou percebendo os olhares da morena que iam das coisas mais simples como o sofá de sua casa até as suas belas pernas.