Nina e Emily

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Na confraternização da empresa, David estava bastante apreensivo já que Emily estava bebendo acima do limite e não ligava mais para disfarçar os olhares trocados com Nina, a chefe deles. Soube então que algo estava acontecendo entre elas, já presenciara alguns flertes trocados no ambiente de trabalho. Viu a amiga se despedindo de alguns dos colegas, então foi até ela pedir para que se comportasse.

- Acho que você já bebeu demais. Tá bom de ir para casa, não é? - Ela riu enquanto olhava para Nina do outro lado do local.

- Calma. Eu já vou indo de qualquer jeito. - David ficou irritado, entendeu o que a amiga quis dizer.

- Não desse jeito! - Emily virou-se para ele tentando segurar a felicidade e excitação que tinha.

- Eu vou para casa, prometo. E sozinha.

Então ele desistiu. Sabia que quando ela colocava algo na sua cabeça não tirava nunca e percebeu que ela nem tentou esconder tão bem assim aquela mentira. Se a amiga queria mesmo se envolver com aquela mulher não tinha nada que ele pudesse mais falar para evitar, então resolveu começar a beber quando ela saiu da festa.

Emily terminou de se despedir de mais algumas pessoas e entrou no elevador. Ao chegar na frente do prédio entrou num carro e foi até a loja de bebidas comprar um vinho chileno. As instruções tinham sido claras e para sua sorte, não pagaria pelo valor alto daquela garrafa de bordô. Pessoalmente, ela gostava de bebidas mais suaves e vinhos apenas italianos. Mas queria agradar aquela mulher de várias formas. Nina tinha saído da festa algum tempo depois de Emily com alguma desculpa boba, não via a hora de ficar a sós com ela.

As duas se encontraram no quarto de hotel. Nina preferiu não beber anteriormente na festa da empresa para aproveitar melhor os gostos daquele quarto que tinha reservado há algumas semanas. Chegou primeiro e decidiu esperá-la apenas com uma camisa e nada mais. Quando Emily entrou no quarto, não pode acreditar na sua visão: aquela mulher de cabelos soltos, um sorriso frouxo e pelada por baixo da camisa que agora parecia mostrar os detalhes de seu corpo melhor na meia luz do quarto. Colocou a garrafa num balcão próximo à porta e a encarou, não conseguia tirar os olhos dela e abriu um sorriso.

- Aposto que vai gostar das escolhas que fiz para esta noite. - Disse a mulher, pegando a garrafa e indo servir as taças.

- Você tem certeza disso? - Emily perguntou antes dela começar a beber.

E a viu assentir por trás da taça de vinho. A mulher se serviu de mais uma taça e ao virar-se na direção de Emily, percebeu que ela já tinha tirado toda a roupa e estava apenas de lingerie na sua frente. Pensou que ela era a mulher mais linda que já tinha visto na vida e achou graça no pequeno sinal de timidez em seu rosto. Ajeitou uma mexa de seu cabelo sorrindo e beijou sua bochecha com carinho, largou a taça no balcão e começou a desabotoar a própria camisa devagar e sem tirar os olhos de Emily, que parecia hipnotizada pelo brilho daqueles olhos claros. Não conseguia notar bem o seu corpo mesmo tendo plena consciência de que ela era gostosa por completo e agora já estava nua ali na sua frente.

- Fecha os olhos. - Disse a mulher, e ela obedeceu. Sentiu ela beijar seu ombro enquanto tirava seu sutiã e se arrepiou um pouco, ao abrir os olhos a viu com o rosto próximo ao seu e sentiu-se apaixonada. Nina a beijou finalmente. – Minha. – Disse sabendo que ela estava totalmente entregue e sabendo que se divertiria a noite inteira.

Após a fusão das empresas, Nina tinha ganhado uma nova colaboradora em sua equipe. Emily ao contrário da maioria do colegas de trabalho achava a sua nova chefe intimidadora, não comprava aquela simpatia de escritório vendida. Algo naquela mulher parecia errado e com o passar dos dias percebeu que ela também não ia com a sua cara. Ao contrário de David que estava sempre centrado e dedicado, Emily parecia não se importar com a demanda do trabalho então a chefe decidiu começar a lhe testar um pouco, mas descobriu com o passar do tempo que tudo não passava de impressão. Ela era tão competente quanto o colega, ótimo. Ela não precisava gastar seu tempo no final das contas, mas algo nela ainda a incomodava não sabia bem o quê.

Ao passar dos meses seguintes, o clima entre ambas começou a parecer de competitividade principalmente aos olhos de David. Sempre que ele saia com Emily tinha que ouvir ela tocar no nome da chefe em algum momento da noite, já não aguentava mais; porém começou a desconficar de que algo a mais rolava entre as duas mulheres já que os olhares de uma não desgrudavam da outra em qualquer ambiente da empresa. A implicância, dera abertura à algum diálogo que começou a se desenvolver por desavenças, erros e em seguida acertos e coisas mais simples como material de escritório. Era como uma dança ou até mesmo uma caçada de gato e rato entre elas, muitas das vezes que ele questionava a amiga ela negava de pés juntos; o que só dava mais certeza às suspeitas dele.

Com o passar de alguns meses, Emily notou-se atraída pela chefe. E segundo o amigo, era algo recíproco mesmo que para todos ela fosse uma fortaleza impenetrável. David sabia que aquilo não daria certo para Ems de jeito algum, mas não adiantava alertá-la a amiga já estava enfeitiçada pelo charme sério de Nina. Na maioria das vezes, ficava constrangido ao vê-las flertando levemente no ambiente de trabalho e com o passar daquele ano as coisas pareciam estar caminhando para algo mais. Ele só não tinha certeza ainda se algo já tinha acontecido, pelo menos não até a noite da confraternização da empresa onde ambas não se importaram em esconder seus olhares famintos e sorrisinhos.

O que David não sabia era que as duas flertavam mais intensamente fora do horário de trabalho e mesmo que nada mais íntimo tivesse acontecido ainda, apesar de um mundo mega moderno e conectado, nenhuma delas pensava em parar com aquilo. Nina a chamou antes do dia da festa em sua sala com a desculpa de que precisava de um favor seu. Foi ao fechar da porta que Emily a viu entregar-lhe o cartão de crédito pessoal e ouviu as instruções da chefe para a noite da confraternização. E claro que para não levantar mais suspeitas além de David, elas sairiam da festa em horários diferentes. Nina pensou em tê-la ali naquele exato momento, mas gostava de apreciar seus gostos de maneira demorada e de forma mais confortável. Afinal de contas, já sabia que podia confiar nela e que seria algo delicioso.

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