Capítulo 1- O baile de máscaras

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Londres, 1877.

Para Ducan MacRae, duque de Ruthland voltar à Londres foi necessário uma briga de taberna, uma garrafa de whisky e muita chantagem de um mordomo irado demais, para se convencer dessa loucura. Já estava passando da hora de arrumar uma esposa, e oito longos anos fora dos salões de baile não colaboraram nenhum pouco para que arranjasse um casamento. Não que ele tivesse tentado, mas precisava de um consolo.

Há oito anos também foi quando tudo mudou, as festa, bailes, noitadas, tudo isso por causa daquele maldito dia quando metade do rosto foi praticamente dilacerado e para piorar, ainda perdeu seu companheiro. Porem, a história que se espalhou foi outra, diziam que ele arranjara um lobo filhote e cuidou dele até à idade adulta. Mas em um dia de caça o bicho pulou no duque e desfigurou seu rosto. De tão irado, Ducan matou o animal com as próprias mãos. A história era digna de um livro. Quem dera fosse capaz de matar um lobo sem pelo menos meia dúzia de facas, um revólver e quem sabe alguns três cachorros mais, talvez assim ainda tivesse Fenris e metade do rosto intacto, mas não  desmentiria o boato, não devia explicações a ninguém e parte dele gostava do novo apelido de Lobo Selvagem. Dessa forma ninguém o chamaria para se socializar com os outros, tinham medo demais dele para isso.

Ainda assim, estava ali sendo o centro das atenções no baile da Marquesa de Munihan. Escolhera ele para sua volta a sociedade justamente por ser um baile de máscaras, talvez dessa forma as pessoas não reparassem tanto na sua, que ocupava apenas um lado do rosto. Mas como nada na vida de Ducan dava certo, as pessoas não paravam de fofocar a seu respeito. A única pessoa que o duque sentira vontade de rever era seu amigo de escola, o conde de Windsor, ou Eduard Lowel. Eles passaram a adolescência bebendo, com mulheres e jogando juntos. Em seu estado atual, parece que tudo isso aconteceu em outra vida, ele havia mudado, mas pelo que ouvira, seu amigo continuava o mesmo, pior um pouco, aquele canalha. Windsor ainda não havia chegado, mas não demoraria, pelas cartas que trocaram, ele compareceria para ajudar sua irmã a arrumar um marido, segundo ele, talvez com uma máscara algum maluco não se importaria se levá-la para o altar. Ducan sabia que era brincadeira, não era segredo para ninguém que seu amigo já havia jogado a toalha pela irmã, e a protegia como se fosse a pedra mais preciosa. Eduard poderia ser o maior canalha de Londres, mas amava sua família, mesmo que essa família fosse apenas sua irmã, Lilian Lowell.

[...]

Passavam das dez horas da noite quando Lilian conseguiu arrastar seu irmão  pelo paletó e chegar no baile de máscaras da marquesa de Munihan. Era a festa mais aguardada da temporada, as pessoas ficavam menos contidas que o normal e mais ousadas, o efeito mascarado era instigante demais para que não o aproveitasse. Eduard com certeza não era o acompanhante mais agradável, o homem tinha a língua solta demais para que qualquer ser humano normal aguentasse sua companhia por mais que dez minutos, porem era o único que ela tinha, além da dama de companhia Senhora Davies que ia tropeçando logo atrás para acompanhar os passos de Lilian.

_ Lilian! Damas não correm! Ralhou ela, já sabendo que ninguém ouviria.

_Senhora Davies, já estamos atrasados. E Eduard que está correndo!

Seu irmão a olhou com aquela sobrancelha arqueada como quem não vai discutir porque todos ali sabem exatamente quem estava correndo. Mas era Eduard, e ele jamais perderia uma oportunidade.

_Diga o que quiser, eu não estou desesperado por um casamento, irmãzinha.

Com aquela típica cara arrogante, ele olhou para frente e diminuiu o passo, Lilian sabia que era para irrita-la, mas estava feliz demais, e se sentia linda. Ela estava com o vestido mais belo que já tinha posto os olhos, era todo azul royal com os ombros largos e babados que mais se pareciam nuvens no seu colo, o corpete era em forma de V, assim deixava sua cintura com a impressão de ser mais fina, mas o que mais lhe encantou foi a saia, era preenchida com as anáguas e quando chegava a parte sobreposta, foram colocados vários tecidos transparentes em cima do outro, mesclando entre as cores branco, lilás e azul royal, o efeito era de tirar o fôlego. Com essa aparecia sim arrumaria um marido! Seu irmão já estava com mais de trinta anos e encontraria uma esposa logo, ainda mais quando as damas o comparavam aos próprios deuses gregos, até ela admitia que Eduard era bonito. Com um suspiro contido e de braços dados com irmão, Lilian entrou no salão e não poderia se sentir mais eufórica! O desejo estava no ar, as damas sorriam, os cavalheiros flertavam e Lilian já estava com os dedos coçando de excitação. Quando de repente um calafrio percorreu sua espinha. Ela se concentrou naquela sensação, era como se estivesse sendo observada.

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Beijinhos ^-^

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