Já em sua residência Ducan estava recostado na poltrona em frente a lareira apagada em sua biblioteca, junto a ele, um arsenal de três dos melhores whiskys da Escócia estavam aguardando sua vez no chão.
Por Deus, ele iria se casar.
Olhando para baixo notou que já havia acabado com mais da metade de uma das garrafas. Isso o fez se perguntar quantas horas haviam se passado desde que se instalara ali encarando o papel delicado da licença para o casamento. Foi necessário muito mais que algumas libras para obte-la. Parecia que os padres não estavam muito satisfeitos com a quantidade infinita de igrejas espalhas por Londres. Ele é claro teve que dar uma quantia significativa e a promessa de duas novas charretes para a igreja. Algumas delas estavam em más condições, garantira o colérico.
Não importava. Estava a um passo de tomar Lílian como esposa. Pelo menos estava certo disso, ele se casaria com ela, não importava as circunstancias que haviam sucedido isso.
Na verdade ele sabia que se casaria com ela muito antes dessa noite desastrosa, queria fazê-la sua desde o momento em que pusera seus olhos em cima de Lílian.
Achou que estivesse procurando uma mulher dócil que lhe garantiria a sucessão do ducado e alguém para trocar algumas palavras agradáveis, talvez até três vezes na semana se tivesse sorte. Nunca estivera tão enganado em toda sua vida. Estava procurando por ela, sempre foi ela.
Com a língua ferina, seu jeito livre, os olhos que ele poderia se afogar se não soubesse nadar, embora se fosse sincero, não queria realmente nadar, queria afundar na imensidão daquelas piscinas azuis e ficar ali para sempre. O sabor do seus lábios ainda estavam na boca dele e o aroma de hortelã e lavanda impregnados em sua roupa, ele estava cercado dela, preso e rendido por ela. Nunca esteve tão certo de algo, tão certo que ele sabia sem precisar pensar duas vezes que estava perdidamente apaixonado. Sim, apaixonado por ela.
Ter este sentimento não era algo que ele queria, ele nem tentou gostar dela. Para ser franco, teve todos os motivos para manter Lílian em sua última opção pra esposa. Mas é claro que ela não se contentaria com isso. Sua dama subiu, escalou e adentrou seu coração em ruínas, seu coração que ele havia jurado não abrir outra vez estava escancarado praticamente gritando e babando por ela. Sua Lílian.
Relembrando o ocorrido, duvidava que ela quereria saber dele outra vez. Amanhã convesaria eles conversariam e resolveriam isso.
Se ela quisesse vê-lo.
Já sentia o coração estremecer ao imaginar a possibilidade dela não querer nada com ele. Jamais a forçaria a algo que não quisesse. Teria que convencê-la.
Jones o mordomo bateu na porta e entrou na biblioteca a passos de tartaruga. Mesmo vendo a cara de poucos amigos do patrão não diminuiu o passo. Se diminuísse ele com certeza pararia.
-Não se preocupe, dessa vez não é culpa sua. – disse para o mordomo sinalizando a própria cara de amargura.
-Nunca é culpa minha, milorde.
-Sempre é culpa sua. -ele o olhou inocente, como se não soubesse de nada, a draca. – A bota arruinada por tê-la esquecido no sol?
-Milorde não é pobre, compre outra.
-Era a minha preferida! - olhou-o carrancudo. – e quanto a camisa que pegou fogo?
-A culpa foi sua que não a tirou de perto da lareira.
-Meu quarto pegou fogo!
-O senhor precisava de uma decoração nova, milorde.
-Sabe Jones, Eu jamais entenderei porque o mantenho comigo... -disse Ducan balançando a cabeça e encarando a lareira fria – Mas por incrível que pareça, você não tem culpa hoje.
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O Lobo Selvagem
RomanceSeria o amor capaz de curar as feridas da alma? Ducan MacRae, o duque de Rutland teve sua vida transformada após um terrível dia de caça. Seu rosto um dia foco de admiração, agora se tornara alvo de nojo e dó, as damas correm de sua presença. Até c...