Capítulo 19

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Ducan a soltou rapidamente e puxou seu rosto contra a lapela do paletó, mas nada poderia salva-los da cena que se formava e do futuro iminente. Seriam obrigados a se casar.

A sua frente se encontrava uma boa parte dos convidados do jantar, todos em estado de choque e horror estampados em suas faces. E essa ainda não era a pior parte. Do alto da janela, ela via um irmão furioso com nada menos que um olhar assassino no rosto.

-Espero que sua linha de sucessão não tenha você como último herdeiro, porque não importa o que eu tenha que fazer, vou mata-lo Ducan MacRae, Duque de Rutland. – Eduard estava possesso. Com um pulo ele saltou da janela em um movimento fluido e posou como um gato ao seu lado com os punhos cerrados e uma promessa de morte.

Ducan tirou Lilian de cima de si e levantou-se. Mau se equilibrou de pé e já se encontrava no chão outra vez. Seu irmão socou sua face com tanta força que o impacto de carne com carne poderia ter sido ouvido do outro lado da cidade.

-Eduard! Pare com isso! – Lilia gritava desesperada. Os convidados se amontoavam para ver o espetáculo, mas ninguém ajudava, porém os sussurros já se espalhava como fogo de palha. Amanhã Lílian seria uma sem vergonha depravada. Jamais encontraria um marido agora. Mas de uma coisa estava certa, não se casaria com o duque por obrigação.

Ducan levantou outra vez cambaleante, porém não fez menção de se defender. Ele queria isso, achava que merecia o castigo. Eduard estava irado e desferiu outro murro em seu rosto e em uma investida rápida segurou seu pescoço fazendo pressão para frente e socou o estômago com a outra mão.

-Vamos Rutland! Mostre de onde você veio! Eu não vou lutar com um covarde!

Com relutância Lílian viu Ducan erguer as mãos em combate e esperar pelo próximo ataque, que veio violento e com a força de cem cavalos. Pelo menos foi o que pareceu. Mas desta vez o duque estava preparado, ele se defendeu com a maestria de um lutador experiente e eles começaram uma briga que ela duvidou ter sido vista algum dia na passível Londres. Embora não tenha visto o duque tentar acertar seu irmão.

Ela não podia ficar ali nem mais um segundo. Já estava arruinada, nenhum milagre poderia tira-la da situação em que se colocou e olhando para homens a sua frente, apenas constatou triste que eles apenas pioravam a situação. Com lágrimas no rosto por uma vida que havia perdido em questão de minutos, decidiu sair dali o mais rápido possível.

[...]

A briga não durou muito tempo depois que Ducan viu Lilian sair em disparada pelo jardim. Os amigos de Windsor, o Marques de Rothesey, James Fisher e o Conde de Hamilton, Simon Whrit, chegaram e depois de um tempo aproveitando o espetáculo decidiram que já estava na hora de intervir. Não sem antes levarem alguns socos também.

-Vamos, circulando todo mundo! O show Acabou- Hamilton gritava a todos pulmões com os braços estendidos para uma plateia horrorizada. Pouco a pouco os convidados foram deixando o recinto e se encaminhando para suas carruagens sussurrando coisas que o próprio duque gostaria de jamais ter ouvido. Se a rã não houvesse arruinado o jantar, certamente essa briga tinha feito todo o trabalho sem margem para erros.

Ducan se encaminhou pelo jardim para lavar o rosto suado, estava de um lado da fonte e na outra parte logo à frente avistou Windsor com Hamilton e Rothesey como se fossem dois capangas prontos para a próxima missão. Suspeitava que seria seu assassinato.

Com passadas tranquilas Ducan viu o Conde de Badford se aproximar, ele não parecia feliz. Depois de toda a confusão em seu desastroso jantar não estava surpreso com a reação do homem. Ótimo, Ducan também não estava em seu melhor humor.

-Espero fortemente que o senhor se case com a moça. - disse o Conde com uma cara nada boa. Ele tinha baixa estatura, o cabelo pincelado em tons de prata e carvão faziam par bigode escuro que teimava em dar uma volta sinuosa no rosto combinando com uma barriga saliente se prostrando a frente.

-É claro que ele se casará com ela! – esbravejou Eduard do outro lado. – A não ser que prefira ser encontrado em uma viela pela manhã?

-Não precisam se preocupar, farei o que precisar ser feito. -disse Ducan querendo acabar com a situação rapidamente. Embora seu coração tenha errado uma batida ao ouvir que Eduard não se oporia ao casamento. Uma pequena e egoísta parte de si, uma bem no profundo da alma estava exultante com a possível núpcias com Lady Lílian.

-Já que está tão benevolente, irá amanhã mesmo arrumar uma licença especial.

-É o que pretendo. – ele não mentiu. - Agora cavalheiros, se me derem licença - Assim saiu dando as costas aos cavalheiros perplexos e raivosos no seu encalço. O mais dignamente que pôde, pegou sua bengala e a cartola que estavam espalhadas pelo jardim. Olhou para elas. Uma bengala e uma cartola completamente arruinadas. Então se encaminhou para fora da residência para sua busca por um padre que precisasse desesperadamente por uma doação, pois ele certamente estava desesperado para que a licença especial fosse feita o mais rápido possível.

A noite prometia ser longa.

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