Capítulo 4

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Lady Lilian andava para fora do salão de festa como se fosse a ventania anunciado uma terrível tempestade. Tomada pela cólera e vergonha, estava completamente dividida entre desejar fervorosamente sumir da face da terra e pedir perdão a Deus por tais pensamentos. Se sentiu culpada ao pensar na pobre Sra.Davies. A esta altura já deveria estar em pânico, talvez imaginando que estaria perambulando pelo jardim com algum cavalheiro de reputação duvidosa, considerando sua má sorte, talvez já estaria comprometida. Riu sozinha ao perceber o quão longe isso estava da realidade. Sozinha, no frio e com fome! Tudo por causa dele. Aquele homem terrível. Fez uma careta ao pensar que o tinha achado interessante. A quem estava enganado? Achou-o muito atraente! Gemeu de desgosto e se recriminou:

_Tola!

_Sabe milady, nunca me ocorreu que as mulheres gostavam de praguejar por aí.

Lilian parou em choque. Estava imaginando coisas? Não podia ser possível. Mas era. As palavras sussurradas ao pé do ouvido lhe fez estremecer, não soube explicar se era medo ou prazer. Talvez os sentimentos pudessem se misturar. Sim, era isso. Não! Não sentiria prazer por esse crápula arrogante. Se virou para enfrentar seu adversário.

_Lorde Rutland. Segue-me?

Ducan olhou aquele anjo que se ergueu como um titã para respondê-lo, ou recrimina-lo. Ficou surpreso por tal ousadia. Acaso estava acusando-o de perseguidor? Pior! Será que ela tinha razão?

Quando a viu desertar do Baile de Máscaras não pensou em nada, apenas que a dama recatada a qual foi apresentado, era uma louca. Era a única resposta lógica, acaso não sabia que andar desacompanhada fora do salão era perigoso? Onde achava que estava indo? E agora, diante da linda criatura, acabara de lhe ocorrer que se enganou ao sair em seu amparo. Era ele o perigo do jardim.

_É perigoso andar desacompanhada pelos jardins, milady. Vim para salvar sua virtude. Deveria agradecer, não me acusar de perseguidor.

A olhou em claro desafio. Lilian o encarou em duvida, não achava que estava ali para salvá-la coisa nenhuma.

_Não estou no jardim, Vossa Alteza.

Ducan olhou em volta e se deu conta tarde demais que na verdade estavam no passeio de entrada da mansão.

_Há grama. - Se defendeu.

_Sim, há grama. - Disse Lilian confusa.

_Então é um jardim.

Falou como se isso fosse toda a explicação necessária para convencê-la. Lilian o olhou carrancuda e pareceu a Ducan que ela buscava força nas profundezas da alma, então olhou para ele e muito calmamente, calma até demais, como se explicasse a uma criança que não se como doces que caíram no chão, disse:

_Lorde Rutland, um jardim consiste em um terreno onde se produz e cultivam flores para o lazer ou estudo - Fez uma pausa para ver se ele a acompanhava. Satisfeita com a atenção continuou como se fosse a parte mais importante - E eu não vejo flores aqui, Milorde.

Ah Lady Lilian tem uma boca atrevida.

_Sua definição de jardim é antiquada, Milady. Se há grama, é por consequências um jardim.

Lilian o olhou com uma carranca que espantaria um homem mais educado, mas ele deixou esse lado para trás a muito tempo, não se importou nenhum pouco com ela, na verdade achou estranhamente fofo. Com um dar de ombros suspirou, como se conversasse com uma mente menos inteligente:

_ São os novos tempos...

É claro que se sentia um completo idiota, sabia que jardins tinham flores, mas não perderia para ela.

Lady Lowel o olhou em uma expressão de fúria contida, não achava que estava particularmente bela, imaginava que seu cabelo estava todo para o ar, com o rosto vermelho e uma cara de histeria. Acaso ele pensava que era desprovida de miolos? Inalou uma respiração, contou até três e se recompôs o melhor que pode:

_Afinal, o que faz me seguindo?

Ducan a observou com raiva. Estaria zombando dele?

_Não a sigo. Já disse, vim para salvar sua virtude.

_Minha virtude estaria mais a salvo se o Senhor tivesse permanecido no Salão de Baile.

Sua expressão transformou e a encarou com o olhar do mais puro fogo e um sorriso vitorioso. Então Lilian se deu conta do erro e seu rosto adotou uma matiz de vermelho vivo, começou a balbuciar:

_Não, não era isso... Sim, era, mas...

Se calou e mirou o chão. Quais as chances de Deus abrir um buraco bem ali para que ela pudesse se enfiar lá dentro? Escutou uma risada, mas não ousou levantar o olhar. O Duque estava rindo dela pela segunda vez na mesma noite!

_A Senhorita está em perigo sozinha, também corre perigo em minha companhia. Seria melhor se voltarmos ao Salão, não acha?

_Não será necessário. Estava indo embora quando o Senhor me interceptou.

Se permitiu encarar o Duque. Estava com os cabelos revoltos pelo vento, sua máscara ocupava boa parte do rosto tornando difícil ver a face esquerda, a boca estava franzida em uma linha fina e as sobrancelhas formavam uma careta, estaria com raiva? Observou o conjunto dos traços. Sim, estava com muita raiva.

E aí amados e amadas!!!
O que vocês acharam desse jardim do duque?
Votem e comentem aí.
Beijinhos ^-^

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