Capítulo 17

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Juntos eles saíram em direção ao que ela acreditava ser o lugar onde Eduard estaria com Angelinne.

Ao virar a esquina da mansão o coração de Lilian pulou de alegria, lá estava ela, a janela com as cortinas vermelho vinho conforme ela havia previsto. Só faltava saber se seu irmão e a amiga estavam aí dentro.

Logo depois de resolver o problema da altura da janela. Por deus, quem colocava uma janela a mais de dois metros de altura do chão¿

-Consegue ver pela janela? - Lílian perguntou ao duque. Ela o viu erguer o pescoço, dar alguns passos para trás, ficar na ponta dos pés, erguer um pouco mais o pescoço e franzir o cenho em descontentamento.

-Não.

-Nada?
-Não. A cortina está obstruindo a visão.

-Então temos que tira-la do caminho. – disse Lílian ainda olhando para a janela.

-Ou podemos voltar para a mansão e intercepta-los por lá. – Ele respondeu também olhando para a janela e os braços cruzados no peito.

-Você acabou de dizer que está um verdadeiro terror lá dentro. – Ela jogava os braços pelo ares de maneira nada feminina - Além do mais, o que pensariam de nós caso nos vissem juntos indo a algum quarto sozinhos? Pior, e se vissem a pobre Angelinne saindo com Eduard sozinhos de um quarto? - Ducan a encarava com uma sobrancelha erguida esperando pacientemente seu discurso acabar - Não. Não deixarei que isso aconteça. Pare de me encarar e me ajude a subir na janela. Vamos!

-Você não vai subir em lugar algum. Se alguém precisa subir em janelas, que seja eu. – Ducan disse se aproximando a passadas largas da janela.

-Não me entenda mau, milorde. Mas como pretende subir neste peitoral sem algum suporte?
Ele parou sua caminhada e a encarou, então virou-se para a janela analisando a parede lisa, depois virou-se para ela novamente com o semblante fechado.

-Certamente há algo que eu possa subir por aqui. – Disse ele apontando para a imensidão do jardim.

-Não há nada que aguente seu peso. A não ser que queira subir em minhas costas?

Ele a olhou carrancudo e começou uma expedição na área ao redor a procura de algo para subir. Ela o viu sumir na curva da esquina que eles vieram só para instantes depois voltar com uma careta ainda pior do que a primeira. Lilian o observou com uma sobrancelha erguida como aprendera com o irmão e um sorriso zombeteiro de lado, Eduard ficaria orgulhoso.

-E então? Devo subir em suas costas ou vou me apoiar em suas mãos? - Ele a fuzilou com um olhar mortal que colocaria qualquer homem para correr.

Sorte sua que nascera na parte sensata da humanidade.

-Mãos. – Ele respondeu quase sussurrante.

Com um sorriso convencido Lilian aguardou Ducan pegar o seu lugar ao pé da janela e prostrar suas mãos para que ela pudesse subir.

-Não pense nem por um segundo que me venceu. – Escutou ele dizendo.

-Oh não, eu não cometeria esse erro. – falou isso com um sorriso tão aberto que qualquer comentário que o duque estivesse prestes a proferir, fora reduzido a cinzas. – E então?

-Você vai apenas afastar as cortinas ligeiramente para os lados. Nada de gracinhas.

-Sim senhor capitão. -Lílian ainda fez uma continência audaciosa para ele. O duque não achou engraçado.

-Vou colocar minhas mãos assim – ele jogou seus punhos a frente com as palmas viradas para cima – então você irá subir nelas e se apoiar nos meus ombros para se equilibrar, sim? - vendo que ela concordara com um manuseio de cabeça ele continuou- Depois que conseguir o equilíbrio, ira se apoiar apenas com os joelhos em meu peito e colocará as mãos na janela para não correr risco de uma queda. – Ela havia se perdido na explicação logo após a palavra mãos.

Enquanto ele falava, Lílian ficou hipnotizada com seus movimentos e os músculos ondulado por baixo de sua camisa. Ele era de uma força da natureza, poderia esmaga-la a qualquer momento. Uma imagem nada mortífera cruzou sua mente depravada, algo que já havia se acostumado depois que conheceu o duque, ele estava esmagando-a, não para castigá-la, mas roçando seu corpo no dela, esgueirando suas mãos em todos os lugares apalpando o que encontrasse pela frente. Tudo isso enquanto sua boca era esmagada e invadida pela dele em um beijo ardente e cheio e paixão...

-Entendido?- Ducan interrompeu seus pensamentos. Ela tinha que parar com essas imagens, e rápido.

-Sim. -Respondeu ela um pouco desequilibrada e não sabendo bulhufas do que ele acabara de dizer.

-Então vamos acabar logo com isso. – Ele estendeu suas palmas da mesma forma que fez nas instruções e ela tentou não encará-las, então se encaminhou para seu lugar para tentar subir.

Obvio que não estava preocupada com equilíbrio, escalara tantas vezes arvores, sebes e cercas, uma vez escalou ate o telhado da propriedade do pai. Aquilo seria moleza, como tirar doce de criança. Quando ela colocou seu pé direito nas mãos dele e as mãos em seus ombros, fez força para subir e em um impulso, com a ajuda do duque, ela já estava de pé acima dele e com apenas a parte acima do pescoço entre as cortinas. Era o bastante.

-Arraste as cortinas e desça. – ela ouviu o comando abaixo de si.

-É o que faria agora se o senhor não me interrompesse. – Ela ouviu um resmungo parecido com um urso, mas não deu atenção. Com os braços erguidos ela procurou pela abertura da cortina para tentar puxa-las de lado. Porém, enquanto examinava o pedaço de pano a sua frente, sentiu a palma de uma das mãos do duque escorregar de seus pés.

Era isso, eles cairiam como duas panquecas no chão.

Ela apenas começava a pender para o lado quando as mãos do duque voltaram com mais força do que nunca em sua panturrilha, agora ao invés de ter seus pés apoiados nas mãos dele. Ele a segurava pela canela.

-Você ia me deixar cair. - Ela sussurrou com o coração a mil.

-Jamais a deixaria cair, Lilian. – Ela sentiu mais do que ouviu nessa simples frase. O braço de Ducan percorria toda a sua perna de forma possessiva, desde o tornozelo ate um pouco acima dos joelhos.

Parece que não seria como tirar doce de criança, afinal.

-Depressa. – Ouviu-o resmungar, mas desta vez notou que sua voz estava uma oitava mais grave e o aperto em sua perna se intensificara.

Com uma força de vontade que ela nem sabia que tinha, voltou sua atenção a tarefa que precisava executar. Voltado a atenção para o trabalho, ela notara que o quarto estava ocupado, ouvia vozes lá dentro.

Oh, ela reconheceria essas vozes em qualquer lugar do mundo.

Agora só precisava convencer Eduard a sair pela janela e sua amiga estaria a salvo.

Com um golpe de sorte encontrou a abertura da cortina vermelha, então a puxou apenas o suficiente para ter uma brecha na janela. Lílian começava a abrir a boca para chamar seu irmão quando parou bruscamente com os olhos arregalados, sentiu todo o ar do pulmão escapar lentamente pelos lábios.

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