Eduard estava a centímetros de Angelinne, sua arqui-inimiga, com um lenço embebido de água e manchado de tinta preta passando delicadamente por todo o seu rosto. Ele próprio já estava com o rosto limpo. Pelos cabelos molhados presumiu que enfiara a cabeça em baixo de alguma torneira e se enxaguara ali mesmo. Estava também sem as luvas e o casaco, e perigosamente perto de Angelinne. Perto demais. Eles conversavam em sussurro, o que foi o primeiro sinal de que algo estava muito errado. Quando foi a última vez que os viu conversando civilizadamente? Nunca!
Eles também estavam próximos ao piano, que por sua vez estava próximo a janela que ela estava empoleirada precariamente em cima de um duque. Ótimo, sem nenhum problema até ai, podia ouvir tudo o que diziam:
-Acho que vocês mulheres são de uma coragem terrível- ouviu Eduard sussurrar para sua amiga, ela apenas arqueou suas sobrancelhas aguardando a explicação.- Claro que estou falando de um assunto generalizado do qual não sei absolutamente nada.
-Sempre achei que esses fossem os seus preferidos.
-E são mesmo – Ele disse sorrindo. -Ainda não acredito que ela jogou tinta em mim.
-Francamente, nem eu. – eles riam um para o outro nesse momento.
-Eu a colocaria na primeira carroça para bem longe... Se não a amasse mais que minha própria vida. - Falou Eduard e Lílian se sentiu uma tola por faze-lo passar por isso. Ele ainda passava o lenço metodicamente pelo rosto de Angelinne, mesmo que ela já estivesse limpa como uma taça de cristal lustrada, ainda assim Eduard não largava o lencinho.
-Você está falando muito sério- Angelinne argumentou olhando-o nos olhos e dando um pequeno sorriso.
-Bem, acho que estou perdendo o jeito.
-Acho que gosto de você sério. -Ele a encarou com a pior expressão de pesar falsa já vista pelo homem.
-A Senhorita me ofende. – Disse isso colocando uma das mãos sobre o peito como se tivesse levado uma punhalada.
-Mas é certo que toda essa seriedade não combina com você. – Ela sorriu mais abertamente agora, apenas uma sombra dos seus dentes brancos a mostra. Era uma provocação, porém se Lilian a conhecia bem, tinha adorado Eduard em toda sua forma de homem puritano.
-Imagino que queira me ensinar como se portar? - Eduard se aproximava dela até estar a centímetros de se seu rosto, estava desafiando-a a recuar.
Falharia miseravelmente.
-De certo que sim. Seja o mais trivial possível. Ainda não aprendi a lidar com você assim.
-Eu adoraria satisfazer suas vontades obscuras, milady. Mas sinto informar que não tive tempo de ensaiar hoje de manhã.
-É uma pena, milorde. – Eles se encararam por alguns segundos.
-Que tal outro dia? amanhã talvez? - esperança nadava nos olhos de Eduard. Ele aguardava a sentença ansioso.
-Aceito apenas se o senhor prometer não ser sério.
-Eu juro milady, serei o mais trivial possível e prometo nunca deixa-la entediada.
-Nesse caso eu adoraria.
-Nesse caso eu também. – O pano já estava esquecido em algum lugar do chão e as mãos de Eduard foram rapidamente preenchidas com as costas de Angelinne trazendo-a mais próxima dele.
Lilian poderia ter interrompido a conversa ali mesmo, caso Ducan não a sacudisse bruscamente de um lado para o outro em uma tentativa de chamar sua atenção.
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O Lobo Selvagem
RomanceSeria o amor capaz de curar as feridas da alma? Ducan MacRae, o duque de Rutland teve sua vida transformada após um terrível dia de caça. Seu rosto um dia foco de admiração, agora se tornara alvo de nojo e dó, as damas correm de sua presença. Até c...