Capítulo 18

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Eduard estava a centímetros de Angelinne, sua arqui-inimiga, com um lenço embebido de água e manchado de tinta preta passando delicadamente por todo o seu rosto. Ele próprio já estava com o rosto limpo. Pelos cabelos molhados presumiu que enfiara a cabeça em baixo de alguma torneira e se enxaguara ali mesmo. Estava também sem as luvas e o casaco, e perigosamente perto de Angelinne. Perto demais. Eles conversavam em sussurro, o que foi o primeiro sinal de que algo estava muito errado. Quando foi a última vez que os viu conversando civilizadamente? Nunca!

Eles também estavam próximos ao piano, que por sua vez estava próximo a janela que ela estava empoleirada precariamente em cima de um duque. Ótimo, sem nenhum problema até ai, podia ouvir tudo o que diziam:

-Acho que vocês mulheres são de uma coragem terrível- ouviu Eduard sussurrar para sua amiga, ela apenas arqueou suas sobrancelhas aguardando a explicação.- Claro que estou falando de um assunto generalizado do qual não sei absolutamente nada.

-Sempre achei que esses fossem os seus preferidos.

-E são mesmo – Ele disse sorrindo. -Ainda não acredito que ela jogou tinta em mim.

-Francamente, nem eu. – eles riam um para o outro nesse momento.

-Eu a colocaria na primeira carroça para bem longe... Se não a amasse mais que minha própria vida. - Falou Eduard e Lílian se sentiu uma tola por faze-lo passar por isso. Ele ainda passava o lenço metodicamente pelo rosto de Angelinne, mesmo que ela já estivesse limpa como uma taça de cristal lustrada, ainda assim Eduard não largava o lencinho.

-Você está falando muito sério- Angelinne argumentou olhando-o nos olhos e dando um pequeno sorriso.

-Bem, acho que estou perdendo o jeito.

-Acho que gosto de você sério. -Ele a encarou com a pior expressão de pesar falsa já vista pelo homem.

-A Senhorita me ofende. – Disse isso colocando uma das mãos sobre o peito como se tivesse levado uma punhalada.

-Mas é certo que toda essa seriedade não combina com você. – Ela sorriu mais abertamente agora, apenas uma sombra dos seus dentes brancos a mostra. Era uma provocação, porém se Lilian a conhecia bem, tinha adorado Eduard em toda sua forma de homem puritano.

-Imagino que queira me ensinar como se portar? - Eduard se aproximava dela até estar a centímetros de se seu rosto, estava desafiando-a a recuar.

Falharia miseravelmente.

-De certo que sim. Seja o mais trivial possível. Ainda não aprendi a lidar com você assim.

-Eu adoraria satisfazer suas vontades obscuras, milady. Mas sinto informar que não tive tempo de ensaiar hoje de manhã.

-É uma pena, milorde. – Eles se encararam por alguns segundos.

-Que tal outro dia? amanhã talvez? - esperança nadava nos olhos de Eduard. Ele aguardava a sentença ansioso.

-Aceito apenas se o senhor prometer não ser sério.

-Eu juro milady, serei o mais trivial possível e prometo nunca deixa-la entediada.

-Nesse caso eu adoraria.

-Nesse caso eu também. – O pano já estava esquecido em algum lugar do chão e as mãos de Eduard foram rapidamente preenchidas com as costas de Angelinne trazendo-a mais próxima dele.

Lilian poderia ter interrompido a conversa ali mesmo, caso Ducan não a sacudisse bruscamente de um lado para o outro em uma tentativa de chamar sua atenção.

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