Por Ducan.
O duque viu Lady Lowel se afastar às pressas com sua amiga em direção ao canto das damas e soltou uma maldição, agora seria três vezes pior tirá-la para dançar. As vezes, pensava ele pesaroso, as mulheres faziam coisas estranhas para protegerem uma a outra.
Ao seu lado, ouviu Eduard soltar uma pequena exclamação que tinha certeza ser uma risada, olhou-o interrogativo:
-Acontece-lhe algo?
-Não, nada que deva se preocupar. -Respondeu ele se recuperando- Veja, já vão começar a valsa. É uma ótima dança para que as pessoas os vejam.
-Para que as pessoas nos vejam.
-Sim, sim. Veja bem, é uma dança tranquila e podem tirar proveito disso, uma vez que estariam todos prestando atenção em vocês.
-Prestando atenção em nós.
-Mas é claro, você é alto como o diabo e todos querem saber quem será a azarada a dançar primeiro com o lobo selvagem.
Disse isso com uma piscadela e Ducan já começava a repetir a frase quando se deu conta de que parecia um papagaio que repetia tudo que os outros falassem, então se calou. O silêncio não durou muito, Windsor não era conhecido por manter a boca fechada por muito tempo.
-Sabe Rutland -começou ele- você e minha irmã deveriam me agradecer qualquer dia desses.
-E por que eu deveria lhe agradecer por algo?
-Estou operando um milagre! Sinto-me verdadeiramente emocionado - levou a mão ao canto do olho esquerdo e enxugou uma falsa lágrima.
-Não estou vendo milagre nenhum. Acreditaria mais se você fosse um enviado dos infernos.
-Como se atreve! -disse isso com tanto horror que se Rutland não o conhece a mais tempo, talvez se arrependeria das palavras, mas o homem a sua frente era um perfeito ator.
-Ouvi falar que estão contratando para a peça de Shakespeare no teatro, deveria se candidatar Windsor, faria uma ótima carreira.
-É verdade o que dizem, as pessoas perdem o respeito conforme os anos passam.
-Temo que seja verdade. No entanto, você deve estar empolgado, visto que temos a mesma idade.
-Oh sim, verdadeiramente empolgado. Não vejo a hora de comer salada com o garfo de peixe e todos colocarem a culpa em minha idade.
-Imagino que essa seja apenas a mais inocentes das ideias que tem em mente.
Eduard o olhou com um brilho nos olhos que diziam que ele não queria saber o que se passava na sua cabeça quando se travava de desobedecer os modos ingleses.
Nesse momento ouviram os músicos afinando e passando os instrumentos para a valsa. Observou de lado a lady Lowel que se esforçava para não participar da conversa animada entre sua amiga e uma senhora de idade.
-Vá convida-la para dançar. - Eduard dizia a seu lado.
-Irei. Me sinto na obrigação de agradece-lo por isso. -falou um pouco carrancudo, no entanto, viu que Eduard se enrubescia violentamente.
-Oh não gaste seu tempo me agradecendo. Lilian está muito empolgada!
Ducan pensou na outra noite e se perguntou porquê a dama estaria empolga com sua companhia se era claro que queria enche-lo de ponta pés na primeira oportunidade. Jogou a Eduard sua melhor cara de dúvida. Este é claro, não estava preocupado com seus sentimentos.
-Não se preocupe, falou muito bem de você.
-Ah sim?
-Mas é claro! Está muito empolgada com a ideia de juntarem forças a fim de arranjarem um par para a tão linda e animada vida de casados.
-É mesmo?
-Acredite, Lilian está encantada. É a mulher mais doce e delicada que encontrará em toda sua vida.
Começou a empurra-lo em direção a ela com um pouco de pressa.
-Agora vá, antes que ela pense que não está de acordo com a parceria.
Ducan começou a caminhar sem mesmo se dar conta disso, só tinha em mente dizer a dama que estava totalmente de acordo com tudo e no final a agradeceria e pediria desculpas pelo comportamento arrogante da outra noite.
Então ouviu algo atrás de si, uma frase quase inaudível de Eduard. Estava o alertando de alguma coisa relacionada a pés traiçoeiros que tendiam a ter vida própria. Não entendeu bem afim de virar o rosto para perguntar o que era. A cena era Eduard em toda a sua pompa e postura que um Conde poderia ter em vida e o rosto totalmente vermelho em um indício de risada e o olhar mais avarento que já viu. Decidiu que seu amigo não valia a pena no momento e continuou seu curso para a dama ainda pensando nos pés traiçoeiros que tendiam a ter vida própria.
Estava tao distraído divagando em seu pré julgamento da irmã de Eduard, pensando que era uma mulher de língua afiada e desagradável, quando a dama estava apenas preocupada com um possível casamento. Pelo que ouviu de Windsor era totalmente o contrário. Só percebeu que estava próximo ao seu destino quando a ouviu dizer em todo seu conhecimento das artes marciais:
-Ora, não confia que sou capaz de derruba-lo?
-Quem está pensando em derrubar?
Ela congelou. Poderia dizer que estava se referindo a ele quando disse que derrubaria o que quer que seja, se é claro, visse seu rosto, mas estava de costas. Ainda assim, não acreditaria que ela seria capaz de cogitar pensar em derruba-lo. Era grande como um touro e ela um pequeno e delicado coelhinho inocente.
Quando a dama finalmente se virou, estava totalmente recuperada. Recuperada o bastante para dizer:
-Vossa graça, quase me mata de susto.
Uma mulher mais educada estaria com com as mãos no coração e soltaria uma risadinha sem graça. Mas a que estava a sua frente estampava uma carranca e dizia por entre os dentes, de modo que ele pensou estar interrompendo um possível assassinato ao invés de uma pequena ameaça de jogar algo no chão. Apressou-se a desculpar pela falta de educação.
-Sinto muito, não quis assusta-lá. -Disse sem muita convicção, estava mais interessado em observar o pequeno vão que se formara em sua fronte quando estava com com raiva, era bonitinho, e um lado de sua boca se levantou inconscientemente.
-Não acho que sinta, milorde.
Vendo que ela o interpretou errado, tentou se recuperar.
-Temo que meus anos fora de Londres me deixou um pouco enferrujado então.- disse um pouco sem graça.
-Sim, é provável que esse seja o problema.
-No entanto, estou tentando compensar o tempo perdido.
-Ah sim?
Ela o olhou curiosa, era a deixa para chamá-la para dançar. É agora ou nunca, pensou esperançoso.
-Gostaria de se juntar a mim em uma valsa, milady?
A primeira coisa que percebeu foi sua cara de surpresa. A segunda era que não importa o quanto seu suposto amigo corresse, mataria-o! Maldito seja Eduard, o enganou.
Eita Eduard, seu salafraio lindo!
E aí amados e amadaas!!!
Comentem e votem aí o que vocês acharam dessa ideia doida do Eduard.
Beijinhos ^-^
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O Lobo Selvagem
RomanceSeria o amor capaz de curar as feridas da alma? Ducan MacRae, o duque de Rutland teve sua vida transformada após um terrível dia de caça. Seu rosto um dia foco de admiração, agora se tornara alvo de nojo e dó, as damas correm de sua presença. Até c...