Capítulo 13

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Eram quatro horas da tarde de sexta feira quando Lilian se lançou em direção a Eduard na saleta de chá onde ele estava comendo um minúsculo sanduíche, na verdade, vários deles. Tinha também em mãos uma xícara de algo que ela não gostaria de saber  do que se tratava.

-Eduard, imaginei que estaria aqui. - disse atravessando a porta e se aproximando a passadas largas dele.

-Os cavalos fugiram?

-Não - respondeu Lilian não entendendo.

-Meu escritório está pegando fogo?

-Não.

-O Sr. Davies vai se aposentar?

-Por Deus, não!

-Então porquê raios você está interrompendo essa hora sagrada?

-Não há nada de sagrado em - olhou o relógio do outro lado da sala em cima da lareira apagada - Quatro da tarde.

-E aos alimentos multiplicados? O vinho multiplicado? O pão multiplicado? A hora que Cristo morreu?

-Cristo não morreu as quatro da tarde.

-Você estava lá?

-Não, mas...

-E como pode ter tanta certeza?

-Está na Bíblia. -disse como se fosse óbvio.

-Tudo bem, e quanto aos alimentos?

-Eduard, por favor, você só pensa em comida? - Quando ele não respondeu, Lilian pensou sabiamente que iria    ignora-lo -Tenho algo muito sério a dizer.

-É uma pena porque decidi que durante a temporada só conversarei seriamente as segundas-feiras do meio-dia às tres da tarde.

-Então finja que hoje é segunda.

-Eu não posso, são ordens médicas de altíssimo valor. Paguei caro por elas.

-Você já é um homem adulto, não deveria cair nesse tipo de golpe.

-Eu não caio. Eu mesmo o forjei- disse isso com um sorriso convencido nos lábios. Francamente, os homens são criaturas irracionais.

-Não sei porque estou surpresa.

Em sua defesa, Eduard deu de ombros como se fosse coisa mais natural do mundo, como se exigir um tratamento médico que te obrigasse a falar sério uma vez por semana fosse perfeitamente normal. Como ela se meteu nessa família?

-Muito bem, preciso que empreste sua caneta.

-Para que?

-Para tomar sopa. Para que servem as canetas?

-Eu não duvido das coisas que que você é capaz de fazer com uma caneta. Deus, as possibilidades são infinitas.

Lílian estendeu a mão aguardando.
-E então? - Windsor a olhou desconfiado.

-Onde está a sua caneta, querida irmã?

-Eu não sei, se soubesse não pediria a sua. -Ele apenas a encarou.

-Por favor, eu não sei o que mais farei, Olívia está esperando minha resposta, não posso demorar mais. - Ele a encarou, medindo sua veracidade. O fato era que Olívia estava esperando por uma resposta, só não era urgente. E ela não mentiu sobre a caneta, realmente não sabia onde a sua se encontrava, mas tinha uma forte convicção que estaria em sua escrivaninha. Com um suspiro forçado ele enfiou a mão no bolso do paletó, tirou a magnífica caneta preta de lá e a entregou.

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