— Me explique, (S/n)... — revirei os olhos. — Quando que começou a ficar tão lerda? — o deboche era evidente, tanto em sua expressão quanto em sua voz.
— Você tá gritando no meu ouvido a quinze minutos, pai... — retirei Maddie de cima de mim. — Como que alguém pode se concentrar desse jeito?
— Sabe que não precisa estar concentrada em minha voz. Concentre-se apenas no que está fazendo e me ignore — bufei e me levantei.
Maddie e eu estávamos no tatame. Por algum milagre, David queria me treinar e, pelo visto, acordou com uma enorme vontade de me fazer suar horrores. Me fez treinar minha mira por duas horas, tagarelando sem parar. Minha força, me fazendo espancar o saco de pancadas por sei lá eu quanto tempo, e, agora, minha agilidade e rapidez. Ele continuou tagarelando diversas coisas, enquanto eu tentava me concentrar em não cair ou ser atingida por Maddie. Como sempre, David convida todos da casa para assistir quando ele me treina. Desde que me lembro, David me treinava a vida inteira — pouco, mas boa parte da minha vida.
Com cinco anos, aprendi como usar um revólver 38. Com sete, já sabia diversos golpes de armas marciais. Me lembro de questionar por que eu, tal nova, precisar disso para minha vida.
— Para você não precisar depender de ninguém — ele respondeu. — Aprender a lutar é essencial. –– concluiu.
Confesso, me ensinar a lutar, atirar, não depender de ninguém e, melhor ainda, a não me apegar — mesmo eu não dando ouvidos a última coisa —, foi o melhor que ele já me fez. Num reflexo, seguro braço de Maddie, acabando por lhe dar uma rasteira e vê-la cair no chão. Ofegante, olho para David, que havia parado de tagarelar e possuía um sorriso... orgulhoso, no rosto.
— Acabamos?
— Falta eu! — Jack exclamou.
— dou um sorriso debochado. — Vai ser divertido.
[...]
Novamente, sem dormir. Eu me virava o tempo todo na cama, mas não adiantava, o sono não vinha. Acabo por me levantar, calçar meu tênis e sair do quarto, apenas por um moletom. Como o moletom era grande, não iria aparecer minha roupa íntima, então nem me dei ao trabalho de colocar outra roupa. Penso por um momento em ir para o quarto de Finn e chamá-lo, mas preferi não incomodar e ir até outra pessoa.
— Sabe que horas são? — perguntou, sarcástico.
— Tenho uma ideia — rio. — Quero conversar. — ele revirou os olhos.
Pegou um moletom e desceu as escadas comigo, saindo pela porta dos fundos e caminhando comigo até o lago.
— Sabe, maninha... — o olhei. — Você não me explicou aquilo que aconteceu aqui ontem. — ele riu.
— De novo esse assunto, Dylan? — encaro o mesmo.
— Quero os detalhes na minha mesa para ontem, Harbour — rimos.
Eu e ele decidimos sentar perto da árvore que tinha o balanço velho pendurado em um de seus galhos.
— Você gosta dele?
— respiro fundo. — Não do jeito que você pensa.
— Contou a ele? — franzi o cenho. — Sobre o Lucas? — assenti.
— Você sabia que ambos eram parentes?
— ele negou com a cabeça. — Para ser sincero, nunca desconfiei — deu de ombros.
— Esqueça esse assunto. — balanço a cabeça e suspiro. — Mas, me diga, como você e o Noah estão?
— Bem... tirando o fato que ele ficou me provocando durante o jantar inteiro — rimos. —, nós estamos bem.
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The Boy | Finn Wolfhard |
Romance[Concluída] (S/n) sabia dos riscos de participar de uma das máfias mais procuradas de toda a Califórnia. Risco de ser pega, risco de acabar se ferindo - tanto emocional como fisicamente -, risco de ser obrigada a escolher um lado. Finn Wolfhard tamb...